Sra. Denise,
Bom dia.
Sou assinante do Correio Brasiliense – CB, militar da reserva, e insistente perseguidor de análises isentas de fatos relevantes do nosso cotidiano social e político. De antemão me posto como um cidadão político, mas apartidário, que procura fugir da dialética pobre e simplista das posições "direita" e "esquerda" ou qualquer coisa que se assemelhe a isso.
Leio com atenção os artigos e colunas do primeiro caderno do CB e tenho acompanhado a série de reportagens, principalmente a partir de domingo passado, com referências à Contra-revolução de 1964 e foco em "perseguição a professores e reitores da UnB por agentes da repressão" durante o período militar. Essas reportagens, das quais a senhora é co-autora, culminam na sua coluna de hoje (10/04) onde a mensagem central é a morosidade do Governo na efetiva instalação da Comissão da Verdade, que segundo a sua análise deve ser agilizada para tomar o depoimento de militares que participaram à época e que ainda se encontram vivos.
Lançamento da Comissão da Verdade.
Analisando de forma conjunta essas reportagens e colunas pude perceber um viés de militância política que não condiz com a boa prática jornalística de bem informar e sempre apresentar todos os ângulos possíveis de uma questão, deixando no conjunto dos dados qualificados a última análise sempre ao leitor. Vocês tentam induzir o raciocínio para um lado, desde as chamadas de reportagem até o texto final.
Não se pode analisar um fato importante da vida nacional, como a Contra-revolução de 1964, apenas com noticias tendenciosas e distorcidas que tem o objetivo de fazer acreditar ao povo, que não vivenciou aquele período histórico, que tudo se resumiu em tortura e perseguição a pessoas inocentes. E não foi. Pode ter havido erros, desvios e até alguns absurdos por parte de agentes governamentais que não entenderam sua real missão, mas essa não foi a tônica e nem era política de governo.
A senhora se esquece de citar, ou se omite de forma proposital, que a guerrilha daquela época, impetrada por grupos assassinos como ALN, Var-Palmares, MR-8 e outros tinha como objetivo implantar no Brasil uma ditadura comunista aos moldes de Cuba, Albânia e União Soviética (vide artigos do jornalista carioca Daniel Aarão Reis, que militou na ALN na década de 1970). Aquela turba de delinquentes e assassinos de pessoas inocentes nunca lutou por democracia e sim pela chamada ditadura do proletariado. Seus métodos eram sanguinários e covardes. Sequestravam inocentes, assaltavam bancos e matavam os clientes da hora, explodiam repartições públicas matando pessoas a esmo. Mataram adidos militares, incendiaram residências de pessoas que supostamente pensavam como os "capitalistas yankees", sequestraram o embaixador dos EUA para trocá-lo por presos delinquentes, que se autodenominavam "presos políticos", mataram de todas as formas e por vários métodos bárbaros agentes de estado encarregados de combatê-los, como fez Lamarca no Vale da Ribeira com um tenente da PM paulista e Franklin Martins ao arquitetar o atentado que culminou na morte do soldado Kozel em São Paulo, uma simples sentinela de um quartel do Exército, cumprindo o seu serviço militar obrigatório.
Já que a senhora está escrevendo sobre aquele período, gostaria de saber se tem o conhecimento de que muitos dos "desaparecidos" foram justiçados pela própria guerrilha? E o porquê? Apenas porque desejaram se desligar da guerrilha e seguir outros caminhos. O lema era: entrou não sai. A guerrilha do Araguaia também foi exemplo de desaparecimento endógeno. Lá os guerrilheiros não usavam seus nomes de batismo e sim codinomes. A maioria com documentos de identidade falsos. Essas pessoas não existiam oficialmente e quando morriam, no combate da selva ou fora de lá não podiam ser identificados. Nada disso a senhora levou em consideração ao falar em comissão da verdade. É por essas omissões que os militares a chamam de comissão da mentira. Ninguém nas Forças Armadas tem medo da verdade, desde que os eventos sejam apurados em todos os seus aspectos.
Senhora Denise, ninguém na guerrilha era santo ou puro de propósito. Eram foras da lei. A maioria era de vertente ditatorial comunista. Os que não eram assim eram aproveitadores.
Quer alguns exemplos? Todos daquela turma de guerrilheiros que ainda estão vivos idolatram o regime de Cuba. Visitam aquele país e usufruem das benesses oferecidas em Varadero pelo ditador sanguinário Fidel Castro. José Dirceu, Genoíno, Chico Buarque, Gil e outros menos conhecidos dessa claque fazem viagens constantes para um beija-mão ao ditador. Ou seria Fidel um democrata? Para mim não é. E além de ditador é um assassino em massa que já extirpou a vida de mais de 170.000 cubanos que discordaram do seu regime, nos famosos paredões. Deveria ser levado em vida ao Tribunal Internacional de Haia. Barbariza muito mais do que fez Milosevic na Sérvia. Onde estão as eleições, os direitos humanos, as liberdades individuais, o livre arbítrio e a liberdade de ir e vir em Cuba? E tudo isso há mais de 60 anos da revolução deles, ocorrida em 1959. Será que ainda não deu tempo para uma transição pacífica do regime para uma democracia? E sobre essa trupe de delinquentes mundiais a senhora não fala nada? Quer outro exemplo? Pois vamos lá: Ziraldo é um jornalista e cartunista que se deliciou nos anos da ditadura militar. Ficou rico na época e se divertiu muito com as edições e charges do jornal Pasquim. Juntamente com Henfil, Millôr, Jaguar e outros, criticaram e zombaram do regime do jeito que quiseram. Algumas vezes foram chamados a prestar esclarecimentos, mas nunca ficaram presos por muito tempo. E a cada episódio desses o jornal aumentava a tiragem. Ficaram ricos. As pautas eram feitas num boteco do Leblon, inspirados pela brisa do mar e alimentados por chopinhos gelados. Recentemente Ziraldo foi indenizado com vultosa quantia em dinheiro por perseguição política e ganhou uma aposentadoria vitalícia. Sempre que convidado a falar sobre o assunto se esquiva de prestar qualquer informação e às vezes se irrita com algum jornalista menos "pautado" pela canalha do poder. Com o término do regime militar o jornal Pasquim faliu.
Poderia redigir varias páginas citando exemplos de absurdos e distorções que a pretensa Comissão da (in)Verdade quer omitir ou fingir que não existiram, mas vou ficar por aqui. Gostaria apenas de lembrar que nenhum general presidente da república enriqueceu ou se locupletou do poder, como estamos cansados de ver nos tempos pós-regime. E a evolução em todos os sentidos a que foi elevado o País nos anos de regime militar? Não vou perder tempo em repetir o que acho que a senhora sabe ou deveria saber.
Essa serie de reportagens desse tablóide sensacionalista é um lixo, digna da imprensa marrom que a senhora tão bem representa. Aquela imprensa que não informa, não instrui e na maioria das vezes distorce os fatos. Posso entender que isso seja feito por desinformação, ignorância, maldade, incompetência ou medo de não alinhar com a tendência geral dessa imprensa dita "de esquerda". Falta de coragem moral de escrever a verdade e de apresentar o fato por todos os ângulos e visões possíveis.
Mas quero aqui me desculpar com a senhora.
Talvez esteja a esperar posturas de isenção, imparcialidade e correção que a senhora não tem a mínima condição de apresentar.
Seus outros artigos publicados alternadamente na coluna do 1º caderno há muito não estava lendo. Estavam se tornando cada vez mais desinteressantes pela sua confusão de raciocínio e falta de clareza do seu texto. Sem falar na falta de prioridade de alguns temas. Suas previsões e apostas sempre a contrariavam.
A senhora é uma jornalista fraca, de texto confuso e sem marca pessoal que a identifique, a não ser o limbo e a pasmaceira dos medíocres.
Isso tudo se tornou pior quando se arvora a escrever sobre o que não conhece e com deficiência cognitiva sobre a realidade dos fatos.
Por isso as minhas desculpas.
Não podia lhe exigir nada mais do que toda essa mediocridade que a senhora nos oferecer.
Saudações,
Eduardo Vieira
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