terça-feira, 10 de julho de 2012

Qual será o futuro da Itália?


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Itália atravessa um momento de transformação sob o comando de Mario Monti (Reprodução/Internet)
LIVROS


'Good Italy, Bad Italy', de Bill Emmott analisa - de maneira bastante otimista - a Itália da era pós-Berlusconi

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Mesmo após o resgate mais recente do euro, em Bruxelas, a Itália continua a ser uma bomba-relógio. A dívida pública de cerca de € 2 trilhões é a terceira maior do mundo, tornando-se grande demais para ser resgatada. Ela perdeu competitividade, e sua economia está estagnada: entre 2001 e 2012 o PIB diminuiu, num desempenho pior do que o de qualquer outro país rico. Felizmente, como Bill Emmott observa seu livro Good Italy, Bad Italy: Why Italy Must Conquer Its Demons to Face the Future (“Boa Itália, Má Itália: Porque a Itália Precisa Derrotar Seus Demônios Para Encarar o Futuro”), a Itália tem, desde novembro do ano passado, um gabinete liderado pelo tecnocrata Mario Monti, que é o primeiro governo de reforma do país em anos.
Emmott se tornou um especialista na Itália durante suas batalhas contra o antecessor de Mario Monti, Silvio Berlusconi. Seu excelente livro é uma versão atualizada em inglês de uma obra publicada em italiano, em 2010, sob o título Forza, Italia (um trocadilho com o partido de Berlusconi e um slogan de futebol). Sua tese é melhor descrita pelo novo título: existem na realidade duas Itálias.
Isso é muitas vezes dito em referência ao norte e ao sul. No ano passado, o 150º aniversário da unificação italiana deu margem a observações ácidas sobre uma divisão africana, e não sobre a unificação da Itália. Mas a divisão de Emmott não é essa. Ao invés disso, ele acha bem e mal em todo o país. No lado bom, ele cita casos como o de Mario Monti, jovens empresários, setor manufatureiro forte (Na Europa, a Itália está atrás apenas da Alemanha), uma Fiat revitalizada e Turim. No ruim, ele oferece Berlusconi, o crime organizado e a corrupção, o setor público, a burocracia e Nápoles.
Sua narrativa é apoiada por histórias animadas de pessoas e empresas que ele conhece em suas viagens, muitas delas, durante a produção de um documentário. É revigorante ler tanta coisa positiva sobre a Itália no meio da tristeza generalizada: a luta contra o crime organizado no sul, o poder de exportação das empresas familiares no norte do país, o impacto das reformas de Monti. Emmott encontra motivos de sobra para ter esperança.
No entanto, em geral seu livro parece demasiadamente otimista. Monti é tão corajoso quanto pode ser, mas perdeu popularidade, algumas de suas reformas foram diluídas e sua capacidade de fazer coisas está diminuindo com a aproximação das eleições na primavera. O movimento antimáfia na Sicília é animador, mas o crime organizado se espalhou para o norte também. Muitos jovens italianos são talentosos e trabalhadores, mas muitos deles usam seus talentos no exterior e não na Itália.
Acima de tudo, as profundas falhas estruturais da Itália – um setor público ineficaz, um cenário demográfico lastimável, universidades ruins, um sistema judicial absurdamente lento – levarão anos para serem corrigidas. A crise do euro tem mostrado a necessidade urgente de reformas, mas ao retardar o crescimento também as torna mais difíceis. E a Itália tem poucos liberais que acreditam genuinamente em reforma.
Logo no início, Emmott observa os paralelos assustadores entre o momento atual e o início dos anos 1990, quando os problemas econômicos da Itália se tornaram aparentes. Um começo promissor, em seguida, se transformou em 20 anos perdidos, em grande parte por causa da entrada de Berlusconi no cenário político. A era do magnata da mídia pode ter acabado (e este fim ainda não é uma certeza). Mas novos populistas estão subindo, e a próxima eleição pode ser confusa. A Itália ainda não encontrou seu próximo salvador.
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