sexta-feira, 29 de junho de 2012

Tríplice Aliança dá golpe no democrático Paraguai, suspende país do Mercosul e prepara o ingresso no Mercosul da ditadura venezuelana



Assim como os generais ditadores da América do Sul se uniam antes para a mútua colaboração — e uma das vítimas era a democracia —, a atual safra de governantes de esquerda do subcontinente também atua em conluio. E a democracia continua a ser a principal vítima. Nesta quinta, os chanceleres do Brasil, Argentina e Uruguai se reuniram e decidiram suspender o Paraguai do Mercosul. A punição vale até a posse de um novo governo, depois das eleições de abril. Agora o escracho: o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, que ainda não pertence ao bloco, participou do encontro.
O evento é cheio de simbolismos. Cento e quarenta e dois anos depois da Guerra do Paraguai, que arrasou o país e responde, sim, em parte ao menos, pelos desastres que se sucederam no país, a mesma Tríplice Aliança se forma para punir o país — sem que, atenção, haja qualquer motivo justificável, nem mesmo verossímil, para isso. Trata-se unicamente de uma questão ideológica. “Esta é uma forma de combater os ‘neogolpes’ que os setores conservadores querem aplicar nos governos da região”, afirmou ao Estadão um diplomata da Argentina, do governo de Cristina Kirchner, que está tentando esfacelar a democracia em seu país. Ou por outra: a questão é ideológica.
A presença da Venezuela no encontro é um escândalo moral e diplomático que faz sentido. O país é candidato a ingressar no Mercosul. Segundo as regras do bloco, a entrada de um novo membro tem de ser aprovada pelo Parlamento dos respectivos países. O Senado paraguaio, até agora, recusa o pleito venezuelano. A Tríplice Aliança quer aproveitar a suspensão do Paraguai para consumar a integração da ditadura chavista.
Parece piada, mas é assim mesmo: Brasil, Argentina e Uruguai suspendem o Paraguai, onde estão em vigência todas as liberdades democráticas, para tentar abrigar a chavismo, que censura a imprensa, espanca, prende e exila opositores e aterroriza o país com uma milícia armada
Acho que vocês se lembram — escrevi isso desde o primeiro dia: a safra de esquerdistas da América do Sul, ora mais populistas, ora menos, não está nem aí para o povo paraguaio. Tenta é tornar irrelevantes os mecanismos de vigilância e controle de que dispõem as democracias para conter os celerados.
Por Reinaldo Azevedo

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