sexta-feira, 29 de junho de 2012

Brasil o futuro celeiro do mundo. Será?




Brasil o futuro celeiro do mundo. Será?
Glauber Silveira
Em qualquer fórum de discussão que trate de segurança alimentar, a referência futura é o Brasil
Somos apontados como o principal fornecedor da crescente demanda mundial que, diga-se de passagem, é muito grande se considerarmos o atual crescimento da população e da renda, isso tudo impulsionado principalmente pela China, afinal os chineses deixaram de lado a dieta de cereais para seguir um padrão ocidental de consumo. Isto fez com que o país mais populoso do mundo aumentasse em 330% sua importação de alimentos nos últimos 10 anos, por isso, principalmente, eles estão de olho no Brasil.
O Brasil há 30 anos era importador de alimentos, passando a exportador mundial, sendo que ficamos atrás apenas dos EUA e União Europeia. Para se ter uma ideia, produzimos 8% do milho mundial, 7,5% do algodão, 30% da soja, 16% da carne bovina e 16% da carne de frango. Em produtos como arroz somos responsáveis por 2,5% do total mundial produzido. Do leite 5,8% e da carne suína 3,2%.
Alguns números podem parecer pequenos, mas sem dúvida o mais importante é o potencial brasileiro que hoje está em primeiro lugar em relação a nossos competidores, já que EUA e União Europeia não têm como aumentar sua área agrícola, ao contrário da brasileira que pode dobrar facilmente. O nosso potencial de área e água é muito grande, e considerando apenas a área já aberta, se a utilizarmos bem, podemos dobrar a participação brasileira no mercado mundial.
Apesar do nosso potencial, o Brasil terá que fazer muito esforço para vir a ser realmente o grande celeiro do mundo, pois apesar de sermos o terceiro maior exportador mundial de alimentos, o país tem crescido muito aquém do esperado e outros países têm aumentado sua participação, como é o caso da Argentina, Rússia e Ucrânia. Sem falar que os olhos do mundo que passa fome, e eles passam muita, têm se voltado também para a África.
O Brasil tem seus méritos, afinal, saiu de importador e passou a ser exportador, mas daí a ser o celeiro do mundo ainda está longe disso, afinal na safra 11/12 os EUA produzem entre grãos e oleaginosas 510 milhões de toneladas, a China 495 milhões de toneladas, a EU-27 294 milhões de toneladas, a Índia 257 milhões de toneladas, e em quinto lugar o Brasil com 146 milhões de toneladas. Os EUA produzem 300% mais alimentos que nós.
A grande pergunta é se o Brasil teria potencial de crescer sua produção em 300%. Claro que sim. E, considerando apenas o que já temos aberto, com aumento de eficiência, produtividade, investimentos, pesquisa, biotecnologia e comprometimento da sociedade, poderíamos crescer e muito na produção, trazendo benefícios a toda sociedade brasileira.
O Brasil pode e o mundo que precisa de alimentos espera que ele se torne o grande celeiro mundial, afinal o Brasil já é hoje o país agrícola mais sustentável do mundo. Poderá ser o maior produtor sustentável mundial de alimentos, mas precisará responder algumas questões: a sociedade brasileira quer isto? O governo irá priorizar isto? Serão feitos investimentos para isto? Teremos segurança jurídica? Afinal, pelo rumo que as coisas estão tomando, talvez em breve voltemos a ser importadores de alimentos e não mais exportadores.
GLAUBER SILVEIRA é produtor rural, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosja Brasil) E-mail: glauber@aprosoja.com.br Twitter: @GlauberAprosoja - Fonte original: Assessoria de Comunicação Aprosoja Brasil

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