sábado, 30 de junho de 2012

O futuro da capital do mundo


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Mudanças nas políticas pode colocar futuro da capital britânica em risco (Reprodução/Internet)
LONDRES


Cidade mais internacional do planeta, e sede das próximas Olimpíadas, Londres vive um momento de transformação com as novas políticas do governo britânico

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Este é o ano de Londres. Em junho a cidade foi palco das impecavelmente organizadas celebrações do Jubileu de Diamante da Rainha Elizabeth II. Em julho, a capital britânica será palco das Olimpíadas. Se tudo correr sem ataques terroristas ou desastres no transporte (o que é um risco já que os organizadores dependem imensamente do transporte público), os Jogos Olímpicos devem reforçar a ideia de que a cidade está no topo do mundo.
No entanto, a posição de Londres é mais precária do que parece. O sucesso da cidade durante o último quarto de século tem sido a consequência de um acidente histórico e de boas políticas. Agora a história está ficando para trás, e os responsáveis pelas políticas estão se atrapalhando. Eles poderiam levar a cidade a um declínio sem perceber, já que o ecossistema de uma grande cidade é algo complexo e frágil.
Londres resistiu ao relativo declínio do Reino Unido. Enquanto o país caiu para o sétimo lugar entre os maiores PIBs mundiais, sua capital é a primeira, ou fica atrás apenas de Nova York, na maioria dos rankings das grandes cidades. Se não fosse por Londres, o Reino Unido estaria fora do mapa para empresários e turistas.
Não foi sempre assim. Depois de um boom na época vitoriana, a cidade entrou em declínio após o início da Segunda Guerra Mundial. Os bombardeios, o declínio da produção, o fechamento das docas e as políticas governamentais destinadas a reduzir a importância da cidade foram os responsáveis. No final dos anos 1980 a população havia diminuído em 25%.
Então as coisas mudaram novamente. Isso aconteceu, em parte, pela atração gravitacional de uma grande cidade se reafirmando, mas também pela substituição de políticas ruins. Na década de 1970 o governo parou de tentar estimular o crescimento em outros lugares; na década de 1980, o Big Bang liberalizou o setor de serviços financeiros e atraiu trabalhadores e dinheiro de todo o mundo. Um fuso horário conveniente e uma linguagem que o imperialismo espalhara ao redor do mundo facilitaram as operações dos estrangeiros na cidade. Um sistema confiável legal e uma política limpa fizeram de Londres um bom lugar para fazer negócios. Excelentes universidades e escolas particulares atraíram jovens e pais.
Assim, a globalização transformou Londres na cidade mais internacional do mundo. Nova York tem tantos estrangeiros quanto Londres – um pouco mais de um terço da população – mas seus negócios estão voltados para os Estados Unidos, enquanto Londres olha para o mundo todo. E, enquanto os imigrantes de Nova York são principalmente massas amontoadas, Londres atrai os profissionais inteligentes e os também os muito ricos. Sua elite está cada vez mais composta de estrangeiros, ou filhos de estrangeiros.
Para os londrinos, há uma desvantagem. Por metro quadrado, a propriedade em Londres é mais cara do que em qualquer lugar, exceto Mônaco. Enquanto os preços dos imóveis em outras capitais, e no resto do país, caíram durante a crise econômica, a demanda dos mercados emergentes por propriedades no centro de Londres, aumentou ainda mais os preços na cidade.
Há um lado positivo maior. Em parte porque os estrangeiros são mais qualificados, mais jovens e – de acordo com pesquisas com empregadores – mais-trabalhadores que os habitantes locais, e por causa do fluxo de dinheiro estrangeiro para a cidade, a economia de Londres teve desempenhos muito melhores que os do Reino Unido nos últimos anos. Londres subsidia o resto do país, no montante de £ 15 bilhões anuais.
Mas há um obstáculo. Embora o Reino Unido viva de Londres, e Londres viva de seus estrangeiros, este é um país que não gosta muito de estrangeiros. Numa recente pesquisa, os britânicos foram eleitos os mais hostis à imigração. E isso não é porque eles têm tantos imigrantes. Londres é muito mais receptiva em relação a eles do que o resto do país, onde apenas 8%, os veem com bons olhos. Mesmo londrinos brancos são mais amigáveis aos estrangeiros do que outros britânicos.
Londres também não pode determinar seu próprio futuro. Seu prefeito tem poucos poderes. A cidade é governada pelo resto do país, e por um primeiro-ministro conservador criado em Berkshire uma zona rural livre de estrangeiros. A pressão da direita sobre David Cameron, e o crescimento da imigração na lista de preocupações dos eleitores, levou-o a prometer cortar a imigração para “dezenas de milhares” por ano, uma tarefa difícil, quando os últimos números de imigração mostram que 252 mil pessoas se mudaram para o Reino Unido no ano passado. O direito dos alunos ao trabalhar está sendo restrito, o estudo no país se tornou menos acessível; a aquisição de vistos de negócios está se tornando mais complicada, e trazer os membros da família ao país é cada vez mais difícil. A atitude do Partido Trabalhista é a mesma: na semana passada, seu líder, Ed Miliband, disse que seu partido tinha ” errado” ao permitir tamanha imigração.
Permaneça aberta para permanecer grande
Este é um grande momento para Londres, mas ele, inevitavelmente, passará. A acumulação de capital do império e da revolução industrial fez a cidade prosperar, e agora, com a ascensão dos mercados emergentes, o capital está se acumulando em outros lugares. Os traumas da Europa, como quer que sejam resolvidos, irão moldar o seu futuro, seja por estarem ligados com mais força ao continente, ou, mais provavelmente, porque flutuam para longe dele.
No entanto, embora o governo não possa evitar o declínio relativo da cidade, pode afetar sua velocidade. O custo da habitação não é apenas um problema para os londrinos, mas também um imposto sobre negócios. Impostos mais altos sobre a propriedade, que são desejáveis pelas mais amplas razões econômicas, reduziriam a demanda por imóveis como investimento ou um segundo lar. Permitir mais desenvolvimento, tanto em terrenos industriais abandonados na cidade e no Cinturão Verde que a cerca, aumentaria a oferta, embora – amado por ambientalistas e conservadores arquitetônicos, o Cinturão Verde estimule um maior crescimento no Sudeste, prejudicando assim uma área maior do campo. O transporte precisa ser melhorado através de investimentos nas ferrovias, diminuindo os congestionamentos e expandindo a capacidade do aeroporto.
Acima de tudo, o Reino Unido precisa parar de desestimular os estrangeiros que querem imigrar. A prosperidade de Londres está construída sobre sua capacidade de atrair os ricos, os inteligentes e os trabalhadores de todo o mundo. Qualquer coisa que ponha em risco o internacionalismo da cidade, põe em perigo o seu futuro, e qualquer coisa que ponha em risco Londres, põe em perigo o país.
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