07/05 -
Cláudio Guerra , aparentemente,
abençoando seus financiadores
Obs do site www.averdadesufocada.com
As coisas estão realmente indo de vento em popa para nosso governo e sua famigerada Comissão da Verdade. Além de se utilizar de malabaristas jurídicos que sequer viveram o período do Regime Militar (muito menos buscaram estudar de maneira séria e pormenorizada o período em questão), agora a turma revanchista está comemorando o lançamento do livro “Memórias de uma Guerra Suja”, do ex-delegado Cláudio Antonio Guerra.
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Hoje pastor evangélico, o ex-delegado Guerra gosta de se apresentar como ex-maçom e uma pessoa que “teve uma experiência com o Senhor Jesus (Conversão), sendo batizado em 7 de Agosto de 2007 no presídio em Viana, a partir daí passou a trabalhar para o Senhor Jesus, o Senhor dos Senhores” (sic).
A ficha do Sr. Guerra não é das mais limpas: pesam contra ele acusações formação de quadrilha, roubo de armas, tráfico de drogas, tortura, homicídios (incluindo o de sua própria mulher), além de chefiar a seção capixaba da Scuderie Detetive Le Cocq, organização que funcionava como esquadrão de morte. Mesmo após a sua conversão, o Sr. Guerra não deixou se afastou de problemas com o judiciário: desde fevereiro deste ano, foi envolvido em um processo que investiga o desvio de dízimos da igreja Assembleia de Deus Serra-Sede.
Convenientemente, o livro é lançado no exato momento em que as discussões acerca da Comissão da Verdade e dos supostos crimes cometidos por agentes de Estado durante o Regime Militar estão num nível bastante alto. A ministra Maria do Rosário disse em entrevista recente que os relatos do livro “são graves e trazem a público métodos comparáveis ao nazismo”. Ainda que a própria ministra tenha admitido não ter lido uma única linha dos relatos em questão, o livro pode ser usado como base de diligências e investigações não apenas da Comissão da Verdade, mas também do Grupo de Trabalho Justiça de Transição do Ministério Público Federal (GTJT/MPF), responsável pela recente denúncia contra o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra – caso que analisamos recentemente. Quem garante isso é uma pessoa tão ilibada quanto o Sr. Guerra: José Dirceu, o ex-ministro da Casa Civil a quem a Procuradoria-Geral da República chama de “chefe de quadrilha” no caso do mensalão e que, durante o Regime Militar, recebeu treinamento militar em Cuba e atuou na guerrilha comunista brasileira. Paulo Vanucchi, outro militante comunista que atuou em grupos armados e que, durante o governo Lula, era um dos amigos das FARC no Brasil (além do já citado José Dirceu), também defendeu que os relatos pautem investigações da Comissão da Verdade.
No entanto, cabe a pergunta: em que medida o relato de alguém como o Sr. Guerra pode ser tido como verdadeiro? Trata-se de alguém com uma ficha criminal extensa, a quem recaem suspeitas de diversos crimes. O livro em questão contradiz informações prestadas pelo próprio Sr. Guerra em uma biografia autorizada a seu respeito. Além disso, a alegação de que atuou como agente de Estado durante o Regime Militar é, no mínimo, suspeita: nem militares que atuaram na época, nem grupos de esquerda (como o Tortura Nunca Mais, que conta com financiamento internacional), possuem informações sobre as atividades do Sr. Guerra.
Estamos diante de um desconhecido personagem controverso, surgido das sombras no exato momento em que a Comissão da Verdade necessita de cada vez mais embasamentos para que a acusação de ilegitimidade seja mantida o mais longe possível, e que traz em suas costas uma série de acusações que nem de longe se referem ao período do Regime Militar. Tudo isso forma um quadro muito estranho, cheio de lacunas e incógnitas, e que suscita muitas dúvidas. A maior delas é esta: a quem interessa as revelações incongruentes dessa figura de credibilidade duvidosa? A resposta encontra-se em uma declaração do próprio Sr. Guerra: “Encaro como positiva e acertada a decisão da presidente Dilma Rousseff de criar a Comissão da Verdade, e estou à disposição das autoridades para ajudar.”
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