quarta-feira, 23 de maio de 2012
Saudades dos cigarros que nunca fumarei
ESCRITO POR GUSTAVO NOGY | 22 MAIO 2012
ARTIGOS - CULTURA
HOUVE UM TEMPO, há não muito tempo, em que um garotinho negro marotamente fumando (comendo) um cigarro (confeito) de chocolate ao leite não passava mesmo disso: um garotinho negro marotamente fumando um cigarro de chocolate ao leite. Acreditem: eu mesmo fumei o chocolate. Hoje, não mais. Hoje, o garotinho negro marotamente fumando um cigarro de chocolate ao leite significa: a sórdida propaganda capitalista de um menino afrodescendente em situação de risco a imitar, inocentemente, o não menos sórdido hábito capitalista de inalar duas mil substâncias tóxicas que o vão, curto prazo, levar inevitavelmente à impotência, ao câncer e à morte. Pior: a um quadro televisivo com a gárgula vestida de branco que atende pelo nome de Drauzio Varella.
Estatísticas provam. Estatísticos – dedo em riste! – asseveram: todos os fumantes morrerão. Incrível, nunca havia pensado nisso. Mas nunca havia pensado também noutra coisa.
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