terça-feira, 29 de maio de 2012
Lula pressiona ministro do STF para adiar julgamento do mensalão
27 de maio de 2012 às 11:10
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Reportagem da VEJA é nitroglicerina pura
É nitroglicerina pura a reportagem de Rodrigo Rangel e Otávio Cabral publicada na VEJA que começou a circular. Ela conta a história de um encontro entre Lula e Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), no escritório de advocacia do ex-ministro Nelson Jobim.
Foi em Brasília no dia 26 de abril último.
– É inconveniente julgar esse processo agora – disse Lula a Gilmar a propósito do processo do mensalão. São 36 réus – entre eles o ex-ministro José Dirceu, que segundo Lula contou a Gilmar, 'está desesperado'.
Em seguida, Lula comentou que tinha o controle político da CPI do Cachoeira. E ofereceu proteção a Gilmar. Garantiu que ele não teria motivo para preocupação.
– Fiquei perplexo com o comportamento e as insinuações despropositadas do presidente Lula – comentou Gilmar com a VEJA.
Lula foi adiante em sua conversa com Gilmar:
– E a viagem a Berlim?
Nos bastidores da CPI corre a história de que Gilmar e o senador Demóstenes Torres teriam viajado juntos a Berlim com despesas pagas por Cachoeira.
Gilmar confirmou o encontro com Demóstenes em Berlim. Mas respondeu que tinha como provar que pagou as próprias despesas,
– Vou a Berlim como você vai a São Bernardo do Campo – afirmou Gilmar se dirigindo a Lula. Uma filha de Gilmar mora em Berlim.
Constrangido, Gilmar aconselhou Lula:
– Vá fundo na CPI.
Na cozinha do escritório, onde Lula comeu frutas, Gilmar ainda ouviu ele dizer outras coisas. Por exemplo: que encarregaria Sepúlveda Pertence, ex-ministro do STF, de convencer a ministra Carmem Lúcia a deixar o julgamento do mensalão para 2013.
Pertence foi o principal padrinho da indicação de Carmem Lúcia para o STF.
– Vou falar com Pertence para cuidar dela – antecipou Lula.
Estava aflito com a situação de Ricardo Lewandowski, lembrado por dona Marisa para a vaga que hoje ocupa no STF. Amigo da família da ex-primeira-dama, Lewandowski é o ministro encarregado de revisar o processo do mensalão relatado por seu colega Joaquim Barbosa.
– Ele (Lewandowski) só iria apresentar o relatório no semestre que vem, mas está sofrendo muita pressão [para antecipar] – revelou Lula.
Joaquim Barbosa foi chamado por Lula de 'complexado'. Lula ainda se referiu a outro ministro – José Dias Tóffoli, ex-Advogado Geral da União durante parte do seu governo e ex-assessor de José Dirceu na Casa Civil.
– Eu disse a Tóffoli que ele tem de participar do julgamento – disse Lula.
Tóffoli ainda hesita.
Se o julgamento do mensalão ficasse para 2013, seu resultado não seria contaminado 'por disputas políticas', imagina Lula. O que ele não disse: nesse caso, os ministros Ayres Britto e Cezar Peluso já estariam aposentados. Os dois parecem ser favoráveis à condenação de alguns dos réus. Caberia a Dilma nomear seus substitutos.
Gilmar Mendes contou seu encontro com Lula a dois senadores, ao Procurador Geral da República, Roberto Gurgel, ao Advogado Geral da União e ao presidente do STF, Ayres Britto. Que disse à VEJA:
– Recebi o relato com surpresa.
Jobim, confirmou o encontro em seu escritório, mas se negou a dizer o que por lá foi discutido.
A VEJA tentou ouvir Lula antes de publicar a reportagem. Sua assessoria informou que ele não falaria.
Recentemente, Lula mandou avisar a Ayres Britto que precisa se reunir com ele.
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