quarta-feira, 23 de maio de 2012
Código Florestal: a caneta verde-amarela.
CoronelLeaks
Como senadora da República e representante de uma entidade que congrega milhões de pequenos, médios e grandes produtores rurais, busco sempre na ciência e na academia, com humildade, os conhecimentos que não possuo. Sou, antes de tudo, uma dedicada aluna, pautando minha atuação pelo respeito aos técnicos e aos pesquisadores em geral e, de forma muito especial, aos parceiros da Embrapa, da Agência Nacional das Águas (ANA), do Ministério da Agricultura e Abastecimento (Mapa) e das universidades do agronegócio.
Com a Embrapa, estamos desenvolvendo o Projeto Biomas, buscando o melhor da ciência para desenvolver modelos de recuperação ambiental para o cerrado, o pampa, a caatinga, a Mata Atlântica, a Amazônia e o Pantanal. Com a empresa e a ANA, vamos lançar a APP Mundial na Rio+20, um programa para levar ao mundo o apelo e a luta do Brasil para que todos os países adotem os mesmos princípios de preservação das matas ciliares e nascentes vigentes no país.
Com o Mapa, construímos e lançamos a maior Plataforma de Gestão Agropecuária (PGA) do mundo, que centraliza em um banco de dados único toda a informação setorial, podendo, no futuro, hospedar até mesmo o Cadastro Ambiental Rural previsto no novo Código Florestal.
Esse posicionamento de andar pari e passu com o conhecimento e a pesquisa permitiu que a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) levasse à opinião pública um conjunto de dados desconhecidos sobre a biodiversidade do Brasil e sobre a importância social e econômica da nossa agropecuária.
O debate do setor agropecuário com a sociedade e com o Congresso, durante as discussões democráticas para a construção do novo Código Florestal, foi pautado por dados oficiais e não por projeções absurdas como as do aquecimento global, recentemente desmentidas pelo próprio criador. Aos defensores do ambientalismo utópico, sempre faço a mesma pergunta: é racional abrir mão de 33 milhões de hectares da área de produção de alimentos, que representam quase 14% da área plantada, para aumentar em somente 3,8 pontos percentuais a área de vegetação nativa do país? Nesta hora, os “ambientalistas” bondosos que atacam os “ruralistas” malvados desaparecem, sem resposta.
Da mesma forma, respeitando a velha lei da oferta e da procura, venho alertando para o alto risco de aumento no preço dos alimentos sem um ganho equivalente na preservação ambiental, pois reduzir 33 milhões de hectares nas áreas de produção agropecuária significa anular, todos os anos, cerca de R$ 130 bilhões do PIB.
A verdade é que não há argumento científico, justificativa econômica ou imperativo social que sustentem esse golpe contra uma agropecuária que, até abril, exportou US$ 26 bilhões, gerando superavit de US$ 20,8 bilhões. Que alcançou esses resultados espetaculares usando tão somente 27,7% do território, preservando 61% da nossa vegetação nativa.
Escamoteando da opinião pública os resultados sociais, econômicos e ambientais, pois nenhum país produz e preserva de forma tão bem-sucedida, os arautos da catástrofe ambiental movem uma virulenta campanha contra a democracia brasileira, contra as instituições, contra o estado de direito. A pressão de organizações não governamentais chegou a tal ponto que usam de todos os momentos, meios e representantes para constranger a presidente da República.
A criação alucinada de factoides para atacar uma lei democraticamente construída obedece a uma bem elaborada estratégia de marketing, comandada lá de fora. Até mesmo um abaixo-assinado contra o Código Florestal está sendo construído no exterior, atendendo a interesses não explícitos, mas óbvios: o Brasil é concorrente imbatível, temível, que, na visão do agronegócio internacional, deve ser impedido de continuar produzindo o melhor, mais barato e mais competitivo alimento do mundo. E eles já deixaram claro que querem florestas aqui para poder ter fazendas lá, nos países deles.
Repito o que venho afirmando desde o início dos debates do Código Florestal: não é justo condenar milhões à miséria hoje em troca de supostos benefícios para o futuro. Aliás, essa lógica do sacrifício no presente em troca de um paraíso no futuro nos faz lembrar tristemente das utopias totalitárias que pregavam a mesma coisa e acabaram devastando o século 20. A nossa presidente, imune a pressões, deve decidir o que é melhor para sermos um país rico, um país sem miséria, que é a grande meta da gestão dela. Queiram ou não os radicais, a tinta da caneta presidencial é verde-amarela.
Artigo publicado hoje no Correio Braziliense pela senadora Kátia Abreu (PSD-TO), presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil.
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