sexta-feira, 25 de maio de 2012

O CAPITÃO DE APUCARANA – LUIZ FERNANDO WALTER DE ALMEIDA



Publicado em Maio 24, 2012


ISTO PUBLIQUEI EM MEU FOTOLOG.TERRA (http://fotolog.terra.com.br/navprog) EM 2008, JÁ COMO RELEMBRANDO O FATO OCORRIDO EM  1987.

LEU BEM? 1987 – governo SARNEY

Postado por Licio Maciel em 12/11/2008 16:40

Coronel LUIZ FERNANDO WALTHER DE ALMEIDA

Fernando Klein

Data: 22 de outubro de 1987. Horário: 10 horas. Cerca de 50 militares do 30o Batalhão de Infantaria

Motorizado (BIMtz) desembarcam em quatro viaturas em frente à Prefeitura de Apucarana, a 60

quilômetros de Maringá cercam o prédio e impedem a entrada e saída de pessoas. Na frente dos homens

armados com fuzis e pistolas esta o capitão Luiz Fernando Walther de Almeida, de 34 anos.

Acompanhado por um grupo de soldados, ele invade o gabinete e entrega ao assessor do prefeito carta de

protesto contra os baixos salários e a deficiência do atendimento de saúde aos militares. A atitude abala o

Brasil, fazendo renascer o ‘fantasma’ da ditadura, ainda vivo na memória da população. Imprensa e

lideranças políticas da época repudiam a atitude, mas tudo indica que o protesto surte efeito. Na mesma

noite, o então presidente Jose Sarney anuncia, em rede nacional, reajuste de 25% para todos os militares

do Exercito, Marinha e Aeronáutica. O comando do Exercito, porem, diz que o aumento já estava

programado.

Aos 50 anos de idade, Walther, tenente-coronel da reserva, atua como chefe de segurança do principal

shopping do Rio de Janeiro, onde vive com a esposa e três filhos. Do escritório do shopping, fala por

telefone sobre o episodio e, pela primeira vez, da a sua versão sobre a história. Lembrando de todos os

detalhes daquela manha do dia 22 de outubro de 87, ele garante: estava certo. ‘Me ensinaram nas escolas

militares que o militar zela pelas condições de vida digna dos seus comandados, tanto quanto pela

manutenção da disciplina e dos deveres castrenses. Eu levei isso ao Maximo, talvez alem. Eu cometi o

crime para chamar a atenção de uma situação injusta e hoje, sem medo de errar, negligente da época’,

afirma.

Ele nega que queria reviver a ditadura e diz acreditar que, mesmo sem ‘nunca ter sido sindicalista’ e

apesar de o Exercito negar, tenha conseguido um reajuste que nenhuma entidade sindical conseguiu ate

hoje no Brasil. Depois de sair de Apucarana, Walther passou por Curitiba, Salvador, Brasília e Rio de

Janeiro, onde se aposentou no ano passado. Leia abaixo, na integra, a entrevista concedida pelo militar da

reserva.

Como surgiu a ideia de cercar a prefeitura e protestar contra os baixos salários da tropa?

Eu sai de uma reunião (no 30o BIMtz) em que foram lidos alguns documentos, um dos quais dizia que o

hospital não atenderia mais os conveniados do Fusex (Fundo de Saúde do Exercito) a partir do dia 31 de

outubro, porque a contribuição estava muito defasada. Outro documento informava que nos teríamos que

pagar a mudança dos uniformes, obrigatória naquele ano. Para ter uma ideia, uma jaqueta verde-oliva

custava um terço do que ganhava liquido um terceiro-sargento. Foi lido nesse dia ainda sobre a situação

da família de um subtenente de Cascavel que havia falecido e deixado a viúva com quatro ou cinco filhos,

e a família estava em petição de miséria. E certo que o clima já era de insatisfação. Havia alguns

antecedentes, por exemplo, a mulher de um capitão que morava embaixo do meu apartamento teve uma

fratura no braço ou na perna, e esse capitão não tinha dinheiro para bancar o atendimento. Os tenentes

meus tinham bicicleta e não automóvel. Naquela manha, quando sai do auditório e me dirigi a minha

subunidade (1a Companhia de Fuzileiros), me reuni com os quatro tenentes da companhia e comecei a

falar com eles [sobre a situação]. Entrei num estado de desabafo, e eles ficaram quietos. Quando saíram

da sala, disse ao ultimo deles: toque a campainha de alarme. Ai ele tocou o alarme e eu mandei entrar em

forma só com o equipamento leve [munição 762]. Ato continuo, puxei uma folha de rascunho e escrevi o

protesto de próprio punho em 20 segundos. Então, comecei a pensar o que faria. Três coisas me

passaram pela cabeça: bloquear a rodovia em frente ao batalhão, fazer a operação em um meio de

comunicação ou cercar a prefeitura. Nesse tempo que a tropa estava se preparando, eu tirei varias copias

do rascunho – já tinha

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