Este é um caso que emociona, porque é o relato de um acontecimento real.
Todas as tardes, já idoso e doente, com dificuldade para andar, apoiado em sua bengala, lá ia meu saudoso tio Carlos para o quintal, regar seu pé de acerola.
Ia também ao encontro de seu mais novo e seleto amigo. Um beija-flor que com ele compartilhava as mesmas sombras e o néctar daquela mesma planta.
Todas as vezes que pressionava os dedos no bico da mangueira, tio Carlos percebeu que o pequeno pássaro graciosamente paralisava seu vôo no ar, deixando-se banhar na suavidade da água refrescante, verdadeiro refrigério para aquelas ensolaradas tardes rio-pretenses.
O tempo passou e a insólita amizade prosseguiu.
Tio Carlos, no entanto, alquebrado pelo peso da doença, já quase não tinha mobilidade nem forças para sua tarefa. Mas quando, da varanda do quintal, via o beija-flor... Pronto! Levantava-se a custo, desenrolava a mangueira e, regando o pé de acerola, esguichava também sua chuvinha cintilante sobre o seu amiguinho colibri.
Assim foi. Até que o momento do testemunho chegou, como chega para todos nós. E chegou como doença grave e incurável, em grau já adiantado, acompanhada de todas aquelas incertezas e angústias que experimenta quem repentinamente se vê arrebatado do lar e confinado entre tubos e aparelhos de um quarto de hospital.
Como que adivinhando, o beija-flor não mais visitou o pé de acerola. E o cenário do quintal perdeu seus dois bucólicos protagonistas.
Poucos dias antes da doença alcançar o seu ápice, entubado, respirando com dificuldade sob a máscara de oxigênio, tio Carlos recebe uma visita inesperada.
Numa interminável tarde triste de hospital, tendo a atenção despertada por um delicado ruído na janela do quarto, sua filha Verinha, emocionada, exclama:
— Papai !!! Veja na janela quem veio te visitar !!! Veja !!!
Com dificuldade, tio Carlos mal consegue erguer seu olhar em direção à janela. E se ilumina de reconfortante emoção, ao perceber quem tão repentinamente aparece!
Ali está seu pequenino amigo beija-flor que, num vôo vertical, rente ao vidro da janela, insistindo em querer entrar, sobe e desce três vezes.
Como despedida vem devolver —a seu modo— o refrigério recebido, que suavizou seu frágil corpinho nas tardes calorentas de outrora. Sim. Vem agora aliviar a alma solitária e entristecida de seu antigo benfeitor. Mas também encorajá-lo para alçar seu vôo para o infinito.
Em seguida, numa retirada decidida e norteadora sumiu pelo céu do entardecer, para nunca mais voltar. E também para nunca mais ser visto junto ao pé de acerola, aliás, bem distante daquela janela de hospital...
Os mais céticos interpretam este relato verídico como mera ocorrência do acaso, destituída de qualquer sentido e valor. É preferível desprezar o significativo fato de ser aquela a janela exata, entre inúmeras tantas, dos vários andares do hospital em questão.
De minha parte, guardo a convicção serena do testemunho eloqüente de mais um desfecho desse delicado e incompreensível mecanismo das Leis Soberanas, que desafia nosso orgulho intelectualóide, mas que se expressa pedagogicamente através da Natureza, devolvendo sempre ao homem, na mesma e exata proporção, segundo o que dele tenha recebido.
Em memória do meu tio Carlos Gerosa, que serenamente regressou à pátria espiritual
Clique aqui para ler mais: http://www.forumespirita.net/fe/meditacao-diaria/o-beija-flor-na-janela-do-hospital/#ixzz1sUI3JFlw
Todas as tardes, já idoso e doente, com dificuldade para andar, apoiado em sua bengala, lá ia meu saudoso tio Carlos para o quintal, regar seu pé de acerola.
Ia também ao encontro de seu mais novo e seleto amigo. Um beija-flor que com ele compartilhava as mesmas sombras e o néctar daquela mesma planta.
Todas as vezes que pressionava os dedos no bico da mangueira, tio Carlos percebeu que o pequeno pássaro graciosamente paralisava seu vôo no ar, deixando-se banhar na suavidade da água refrescante, verdadeiro refrigério para aquelas ensolaradas tardes rio-pretenses.
O tempo passou e a insólita amizade prosseguiu.
Tio Carlos, no entanto, alquebrado pelo peso da doença, já quase não tinha mobilidade nem forças para sua tarefa. Mas quando, da varanda do quintal, via o beija-flor... Pronto! Levantava-se a custo, desenrolava a mangueira e, regando o pé de acerola, esguichava também sua chuvinha cintilante sobre o seu amiguinho colibri.
Assim foi. Até que o momento do testemunho chegou, como chega para todos nós. E chegou como doença grave e incurável, em grau já adiantado, acompanhada de todas aquelas incertezas e angústias que experimenta quem repentinamente se vê arrebatado do lar e confinado entre tubos e aparelhos de um quarto de hospital.
Como que adivinhando, o beija-flor não mais visitou o pé de acerola. E o cenário do quintal perdeu seus dois bucólicos protagonistas.
Poucos dias antes da doença alcançar o seu ápice, entubado, respirando com dificuldade sob a máscara de oxigênio, tio Carlos recebe uma visita inesperada.
Numa interminável tarde triste de hospital, tendo a atenção despertada por um delicado ruído na janela do quarto, sua filha Verinha, emocionada, exclama:
— Papai !!! Veja na janela quem veio te visitar !!! Veja !!!
Com dificuldade, tio Carlos mal consegue erguer seu olhar em direção à janela. E se ilumina de reconfortante emoção, ao perceber quem tão repentinamente aparece!
Ali está seu pequenino amigo beija-flor que, num vôo vertical, rente ao vidro da janela, insistindo em querer entrar, sobe e desce três vezes.
Como despedida vem devolver —a seu modo— o refrigério recebido, que suavizou seu frágil corpinho nas tardes calorentas de outrora. Sim. Vem agora aliviar a alma solitária e entristecida de seu antigo benfeitor. Mas também encorajá-lo para alçar seu vôo para o infinito.
Em seguida, numa retirada decidida e norteadora sumiu pelo céu do entardecer, para nunca mais voltar. E também para nunca mais ser visto junto ao pé de acerola, aliás, bem distante daquela janela de hospital...
Os mais céticos interpretam este relato verídico como mera ocorrência do acaso, destituída de qualquer sentido e valor. É preferível desprezar o significativo fato de ser aquela a janela exata, entre inúmeras tantas, dos vários andares do hospital em questão.
De minha parte, guardo a convicção serena do testemunho eloqüente de mais um desfecho desse delicado e incompreensível mecanismo das Leis Soberanas, que desafia nosso orgulho intelectualóide, mas que se expressa pedagogicamente através da Natureza, devolvendo sempre ao homem, na mesma e exata proporção, segundo o que dele tenha recebido.
Em memória do meu tio Carlos Gerosa, que serenamente regressou à pátria espiritual
Clique aqui para ler mais: http://www.forumespirita.net/fe/meditacao-diaria/o-beija-flor-na-janela-do-hospital/#ixzz1sUI3JFlw
Nenhum comentário:
Postar um comentário