segunda-feira, 23 de abril de 2012

“O chefe”, de Ivo Patarra



OchefeA cada página de O chefe, de forma crescente, tudo ao redor de Lula se conspurca. Não sobra um fio de honestidade, um gesto de ética. 


Uma das mais famosas árias para baixo é “Madamina, il catalogo è questo”, da ópera Don Giovanni, de Wolfgang Amadeus Mozart, com libreto do veneziano Lorenzo da Ponte. Nela, o servo de Don Giovanni, Leporello, conforta Dona Elvira, abandonada por seu patrão, de maneira irônica: “Console-se! / Você não é / nem será / a primeira / nem a última. / Veja: / este pequeno livro / está totalmente cheio / com os nomes de suas amantes”. O lacaio, então, apresenta imensa lista, na maioria das encenações estende-a pelo palco, e, diante da pobre mulher, canta: “Cada vila, cada aldeia, cada país / é testemunha de sua andanças donjuanescas. / Minha Senhora, este é o catálogo / das belas que meu senhor amou; / é um catálogo feito por mim. / Observe, leia comigo”. E Leporello passa a enumerar as incríveis, sobre-humanas conquistas de Don Giovanni: “Na Itália, seiscentas e quarenta, / na Alemanha, duzentas e trinta e uma, / cem na França, / na Turquia noventa e uma. / Mas na Espanha já vão mil e três!”. E assim prossegue o fiel Leporello, fornecendo não só números, mas detalhes das preferências sexuais de seu patrão (1).

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