sábado, 21 de abril de 2012

Recado de ex-procurador geral aos quadrilheiros e seu chefe: “Que olhem os documentos, está tudo lá”



Por Mirella D’Elia, na VEJA Online:
festa em homenagem ao novo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Carlos Ayres Britto, e ao novo vice-presidente, Joaquim Barbosa, na noite desta quinta-feira, em Brasília, o ex-procurador-geral da República Antonio Fernando de Souza fez questão de passar quase despercebido. Esse é o estilo de Souza. Quando comandou a Procuradoria-Geral da República (PGT), ele se notabilizou por atuar de maneira discreta, mas firme. Foi assim quando apresentou a denúncia do mensalão - o maior escândalo do governo Lula. A acusação foi aceita em 2007 pelo Supremo, que abriu a ação penal 470.
Agora, fala-se que o julgamento mais importante da história do Supremo vai finalmente acontecer. “Vamos ver se agora julgam”, disse Antonio Fernando ao site de VEJA. O ex-procurador advoga em Brasília desde que saiu do posto. Foi dele a expressão “chefe da quadrilha”, que consta na denúncia, para dimensionar o papel que, segundo a PGR, o ex-ministro e ex-homem-todo-poderoso da era Lula José Dirceu teve na distribuição de propina a integrantes da base aliada, em troca de votações favoráveis ao governo no Congresso.
Com a proximidade da discussão sobre o destino dos réus, cresce a ofensiva de parte do PT para dizer que o mensalão não existiu. Em Brasília, sabe-se que parte do empenho dos aliados do governo para que a CPI do Cachoeira saísse do papel deve-se ao empenho para tirar o mensalão do foco. Antonio Fernando prefere não rebater as críticas de inépcia da denúncia. Indagado se fica irritado ao ouvir que o mensalão não existiu, respondeu: “Irritado não, eu fico chateado quando dizem que o mensalão não existiu. Que olhem os documentos, está tudo lá”. Discreto, ele deu seu recado, despediu-se e voltou a ficar quase invisível em meio aos convidados, bem ao seu estilo.
Por Reinaldo Azevedo

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