Já abordei o tema várias vezes em artigos e palestras. Abaixo, um resumo do drama da indústria de transformação brasileira, outrora o setor de ponta de nossa economia. Sem o dinamismo no médio e longo prazos desse setor não voltaremos à trilha do desenvolvimento sustentado, com bons empregos. É delirante a ideia de que podemos tornar o Brasil um país desenvolvido com base em exportação de commodities e desindustrialização, voltando à época pré-1930, da economia primário-exportadora.
Vejam só o quadro adverso:
- Apesar de gerar apenas 14,6% do PIB (2010), a indústria de transformação é responsável por 33,9% da carga tributária brasileira;
- Apesar de gerar apenas 14,6% do PIB (2010), a indústria de transformação é responsável por 33,9% da carga tributária brasileira;
- 40,3% do preço de um produto industrial são constituídos de tributos;
- A indústria de transformação tem um “custo de legalidade” que consome 2,6% do seu faturamento (custo administrativo para se manter em dia com o fisco);
- Os encargos sobre a folha de pagamentos de uma indústria brasileira são 11 pontos percentuais maiores do que a média dos países avaliados (EUA, México, Argentina, Alemanha, França, Coréia do Sul, entre outros);
- O preço da energia no Brasil é o segundo maior do mundo, com diferença de 108,2% (descontados os tributos) para o do Canadá (que tem matriz energética semelhante à do Brasil);
- A indústria brasileira tem um custo financeiro 11,5 vezes mais elevado do que uma indústria de países com cálculo de juros semelhante ao do Brasil (Chile, Itália, Japão e Malásia);
- O Real valorizou-se 49,9% ante o Dólar norte americano no período entre 2006 e 2011, sendo hoje umas das moedas mais apreciadas do mundo. Isso é sinônimo de doença e não de saúde econômica.
Os números foram extraídos de estudos da Federação das Indústrias de São Paulo e outras fontes. São estimativas razoáveis. E o autor, José Ricardo Roriz Coelho, diretor do Departamento de Competitividade e Tecnologia da FIESP, reconhece que “esses são apenas alguns dos fatores que estão retirando a competitividade interna e externa da indústria brasileira”. Não incluem, por exemplo, os custos do sistema brasileiros de transportes, um dos mais caros do mundo.
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