terça-feira, 20 de março de 2012

Romário e a Copa: guia prático para um craque do discurso



O deputado acerta em cheio ao alertar contra a roubalheira em 2014. Mas falta usar o mandato que ganhou do eleitor para impedir - na prática - que ela ocorra

Romário durante conferência, em Brasília
Romário em seu gabinete, em Brasília: alerta contra os desvios na Copa do Mundo (Ueslei Marcelino/Reuters)
Romário já marcou vários golaços na tribuna e nos microfones. Para levantar a taça, porém, falta conseguir passar do discurso à ação - ainda que, conforme o próprio Romário já reclamou abertamente, a falta de ajuda dos colegas seja um obstáculo desanimador
Uma das frases mais famosas disparadas pela língua afiadíssima de Romário diz que "Pelé, calado, é um poeta". Com pouco mais de um ano de mandato como deputado, Romário já pode ser qualificado no cargo com uma adaptação dessa mesma frase - afinal, o político Romário, falando, é um Pelé. Figura raríssima no Congresso Nacional, o ex-craque vem cumprindo à risca a descrição de seu cargo. Se o parlamentar é o representante da população no Legislativo, Romário vem fazendo seu papel ao manifestar, sem deixar margem para dúvidas, que o brasileiro teme uma roubalheira nos preparativos para a Copa do Mundo de 2014. Em entrevista publicada em VEJA desta semana, ele promete "acompanhar o processo de perto e escancarar a bandalha". No domingo, um texto publicado no perfil de Romário no Facebook virou hit e ganhou enorme repercussão. Nele, o ex-artilheiro dispara que o Mundial pode se transformar no "maior roubo da história do Brasil". Com argumentação correta e raciocínio preciso, Romário prevê que a ocorrência de desvios pode se intensificar na reta final da contagem regressiva para a Copa - na correria para acabar as últimas obras, o governo pode dispensar as licitações e dar margem a um festival de desperdício de dinheiro público. A diferença entre Romário e seus eleitores, porém, é clara: o ex-craque tem um mandato. Em sua cadeira de deputado, está munido dos instrumentos necessários para tentar prevenir a corrupção na Copa - ou, ao menos, para denunciar quem está tentando cometer esses desvios. Romário já marcou vários golaços na tribuna e nos microfones. Para levantar a taça, porém, falta conseguir passar do discurso à ação - ainda que, conforme o próprio Romário já reclamou abertamente, a falta de ajuda dos colegas seja um obstáculo desanimador. A seguir, algumas das providências que estão ao alcance do ex-craque para tentar lançar luzes sobre os trambiques do Mundial de 2014:
 
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Abrir o baú da Copa

Romário pode usar seu acesso privilegiado às informações da gestão pública para obter dados referentes aos gastos do Mundial. Em meados do ano passado, ele já pediu ao Ministério do Esporte as cópias dos documentos referentes às obras para 2014. A tentativa de divulgação de dados, no entanto, não avançou. Obter números e prazos dos contratos públicos e revelar publicamente as distorções dessas despesas seria uma contribuição preciosa de Romário ao seu eleitorado.

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