sexta-feira, 30 de março de 2012

É PRECISO SERIEDADE - Prof. Marcos Coimbra



Membro do Conselho Diretor do CEBRES, Titular da Academia Brasileira de Defesa e da Academia Nacional de Economia e Autor do livro Brasil Soberano.
 
Constatamos a progressiva deterioração sofrida pelas principais Instituições Nacionais, bem como pelos entes federativos e seus órgãos operacionais, configurando um grave quadro de caos geral.
 
De início, a comparação óbvia entre a realidade vivenciada em outros países e a encontrada no Brasil. Mesmo em países menos desenvolvidos do que o nosso, sentimos a sensação de segurança individual e coletiva, ao contrário da realidade de Pindorama. Anda-se a pé, de noite, livremente, sem experimentar a sensação de insegurança existente aqui. Transportes coletivos funcionando bem. Metrô atendendo às necessidades da população, com várias linhas permitindo ao usuário o deslocamento em minutos para diferentes distritos das cidades, com conforto.
 
Enquanto isto o desgovernador do Rio tenta impor um absurdo prolongamento da única linha existente para a Barra, apesar dos protestos da população e de especialistas de reconhecida competência. Deveria ter aprendido alguma coisa de proveitoso em suas andanças por Paris, Nova Iorque e outras cidades.
 
Ruas bem asfaltadas, sem buracos e sem lixo. Estudantes públicos visitando museus gratuitamente, orientados por professores satisfeitos. O Poder Judiciário funcionando com independência, com suas decisões tomadas em função dos ditames da Lei e não por razões políticas. Poderes legislativos autônomos, alguns até com maioria oposicionista, forçando o acordo, em bases nobres, com os respectivos Poderes Executivos, considerando os superiores interesses nacionais e não por motivos clientelistas. Sistemas de defesa civil operando com eficácia e enfrentando, com êxito, desastres naturais de porte, como terremotos, vulcões em erupção e outras hecatombes.
 
Quedamo-nos perplexos com a conjuntura nacional. O povo brasileiro não merece os sofrimentos impostos a ele por uma classe política sem a mínima condição de cumprir com seus deveres institucionais. Com as exceções de praxe, a maioria apenas possui como objetivo o usufruto das benesses do exercício do poder, encarando-o como um fim em si mesmo e não como um instrumento para melhorar as condições de vida dos cidadãos. Nada funciona como deveria, a não ser a corrupção, praticada por verdadeiras quadrilhas organizadas, disputando ferozmente o produto do saque. A diferença entre “governo” e “oposição” é mínima.
 
No âmbito nacional, presenciamos uma sucessão de desvarios praticados por onze cidadãos, colocados na mais alta corte de Justiça do país, em virtude de indicações políticas e não pelo mérito. O maior deles, sem dúvida alguma, a demarcação em terra contínua da região denominada de Raposa/Serra do Sul que está ocasionando o caos em Roraima e abriu o perigoso precedente de perda da integridade do patrimônio nacional. Felizmente parece que a Câmara dos Deputados acordou, pois foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça emenda constitucional que tira do Executivo a prerrogativa de demarcar terras indígenas. Pena que aparentemente a decisão tenha sido tomada como uma espécie de retaliação à administração da presidente Dilma e não por razões patrióticas. É evidente que é o correto. Vamos aguardar para verificar se é para valer ou, como sempre, vão ceder às pressões petistas, interessadas em manter a esdrúxula situação atual.
 
A seguir, interpretaram ao arrepio da Constituição temas como a união entre homossexuais, provocando a insegurança jurídica, consubstanciada pelas decisões diametralmente opostas proferidas por magistrados de diferentes regiões. Afinal, em que país estamos? A família é formada pela união entre um homem e uma mulher com o principal objetivo de perpetuação da espécie. A permissão de realização de marchas em favor da maconha é outra concessão perigosa. Abre o precedente de amanhã ocorrerem outras marchas em favor da cocaína e assemelhados. E a decisão sobre a não extradição do terrorista italiano trará ainda consequências bastante desagradáveis para o nosso país.
 
No plano municipal, prossegue a desastrosa “administração” do jovem alcaide. Sua tresloucada fixação em demolir a Perimetral foi objeto de um excelente e esclarecedor artigo do engenheiro Emilio Ibrahim, ex-secretário de Obras dos Estados da Guanabara e do Rio de Janeiro que afirmou, dentre outros argumentos: “O prolongamento do elevado da Perimetral dará ensejo a que se descortinem as fachadas leste e oeste do imponente Mosteiro de São Bento com o seu famoso botaréu (depoimento do arquiteto Lúcio Costa nos idos de 1970)”. E ainda: “É importante salientar que o repúdio a este projeto da prefeitura não se restringe à manifestação da população da cidade, tendo também o respaldo de técnicos e estudiosos dos problemas urbanísticos do Rio. Impende ressaltar-se que o elevado da Perimetral é, até hoje, na área, a solução adequada para o desafogo urbano de nossa cidade, com ligação aos importantes eixos viários: Ponte Rio-Niterói e Avenida Brasil”. Conclui ressaltando que “nada obsta a que se estude a possibilidade de construção de um túnel com o propósito específico de ligação direta da Praça Quinze à Praça Mauá, conservando-se a via expressa da Perimetral”.
 
Outro exemplo de incompetência foi demonstrado pelo episódio corrido na Avenida Visconde de Albuquerque e na Barra, quando houve a quebra do que já estava pronto na obra da denominada “Operação Asfalto Liso”. O trabalho foi parcialmente destruído a golpes de britadeira, quando prestes a terminar, para propiciar o escoamento da água para os bueiros. O engenheiro Luiz Carneiro, diretor do Clube de Engenharia, afirmou que “o mais correto tecnicamente é, primeiro, preparar as sarjetas (as faixas de concreto junto ao meio-fio) e, depois, assentar o asfalto, o que dispensaria o quebra-quebra numa obra recente”.
 
A pergunta que fica é como ele pretende reeleger-se deste modo, apesar do maciço apoio dos grandes financiadores de campanha e da mídia amestrada? Para respondê-la registramos a presença, no dia 21 do corrente, da presidente Dilma na inauguração da Clínica de Família Joãozinho Trinta, em Parada de Lucas, transformada em palanque eleitoral para o alcaide com a presença do desgovernador, onde entoaram o velho discurso da necessidade de parceria entre os “governos” federal, estadual e municipal, para o desenvolvimento da cidade. Então, caso seja eleito um candidato de oposição, ele será massacrado pelas outras administrações, em prejuízo da cidade? E a Justiça Eleitoral o que faz? E a oposição? Definitivamente, falta seriedade na nossa Republica.
 
Correio eletrônico: mcoimbra@antares.com.br
 
Página: www.brasilsoberano.com.br ( Artigo de 28.03.12- MM).

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