blog do coronel
Os protestos de rua foram uma reação do meio urbano aos péssimos
serviços públicos oferecidos na cidade. Não havia um só cartaz de rua
apoiando o MST, o CIMI ou o Greenpeace. O Campo, que padece de males
piores, ainda está em silêncio. No entanto, se continuar a ser esbulhado
no seu bem maior, a terra, irá para as ruas para exigir segurança
jurídica. É bom que Dilma Rousseff e seu governo não mexam com quem
trabalha, ao contrário dos ditos movimentos sociais que buscam, apenas,
benesses para os seus líderes. É bom não abrir guerra com o único setor
que está sustentando um país em crise: a agropecuária brasileira. A
matéria abaixo é da Folha de São Paulo.
Os protestos pelo país não provocaram impacto só na popularidade da presidente Dilma Rousseff. Sua agenda também sofreu uma guinada. Nos últimos dias, ela passou a receber representantes de movimentos sociais que esperavam por uma audiência desde sua posse, em janeiro 2011.Na lista dos que foram ou serão recebidos estão organizações recentes, como o MPL (Movimento Passe Livre), mas principalmente militantes com relações antigas e desgastadas com o PT, como gays, indígenas, camponeses, feministas e ativistas digitais.
A nova postura já rendeu as primeiras fotos para Dilma e gerou algum
noticiário positivo. O histórico de desgastes com vários desses
movimentos, porém, sugere que a reaproximação não deverá ser fácil. A
lista de embates, reclamações e divergências em políticas públicas é
extensa.Um exemplo é o que ocorre com militantes da luta antimanicomial, setor
historicamente ligado ao PT, e ativistas que pedem revisão da política
de combate às drogas.
O alvo do segmento é a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil), a quem
atribuem a responsabilidade pela adoção de uma política muito
conservadora, em diversos aspectos contrária ao que era defendido por
petistas no passado.Esses grupos discordam de dois dos pilares do plano do governo de
combate ao crack: as internações compulsórias de dependentes e os
repasses de recursos para comunidades terapêuticas religiosas.
Dois eventos são citados como marcos do distanciamento. O primeiro foi o
convite que Gleisi fez à psicóloga evangélica Marisa Lobo para o
lançamento do programa. Tida como inimiga dos ativistas, Lobo é a
formuladora do projeto que permitia a oferta de tratamento para
homossexuais, ideia apelidada de "cura gay" derrubada na Câmara.
O segundo foi um e-mail repassado por Gleisi para o ministro Alexandre
Padilha (Saúde) pedindo a "flexibilização" na contratação das entidades
religiosas, segmento para o qual o governo reservou R$ 100 milhões. A
troca de mensagens, que começa com uma cobrança do líder de uma dessas
comunidades, foi revelada pelo o jornal "Correio Braziliense" em 2012.
DECEPÇÃO
Entre os gays, os eventos que causaram maior aborrecimento foram os
recolhimentos de materiais de orientação após pressão de evangélicos.O
caso mais conhecido foi o do kit de combate à homofobia vetado no
Ministério da Educação quando a pasta era dirigida por Fernando Haddad,
hoje prefeito de São Paulo. O mais recente foi o do cartaz "Eu sou feliz
sendo prostituta", vetado por Padilha.Ativistas reclamam por mais
empenho do governo na aprovação do PL 122, o
projeto de lei que criminaliza a homofobia e sofre forte oposição de
líderes evangélicos.Recém-recebido por Dilma, o ativista Toni Reis diz
que a presidente se
comprometeu "explicitamente" com o combate a todo tipo de discriminação:
"Até então, as relações com ela estavam bem nebulosas, para dizer o
mínimo".
Um dos setores com relações mais desgastadas com o governo e o PT é o
que reúne indígenas e ambientalistas.Além de apontarem queda no ritmo de
demarcações e congelamento na
criação de parques, acusam o governo de falta de diálogo no processo de
instalação de hidrelétricas na Amazônia, reclamam da proximidade com
ruralistas e fazem críticas à atuação fracassada do governo no combate
ao projeto do novo Código Florestal. A iniciativa recente de reformular
os procedimentos para demarcação de
terras indígenas é o capítulo mais recente das contrariedades.
O azedume foi sintetizado pelo filósofo Egydio Schwade, do Amazonas,
teólogo com décadas de história na sigla: "O PT no poder parece que
esqueceu toda a trajetória, as pessoas e a causa que o construíram",
escreveu num artigo replicado entre ambientalistas na internet. "É
humilhante ver uma ministra do nosso governo [Gleisi] propor a revisão
de terras indígenas".O governo quer mudar o processo de demarcação de áreas indígenas para
incluir órgãos como o Ministério da Agricultura nas decisões, hoje
concentradas na Funai. Os indigenistas temem que isso dê mais força ao
agronegócio, que vê nas terras indígenas uma ameaça à sua expansão.
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