Grupo de terroristas islâmicos havia invadido campo de exploração de gás no país e feito dezenas de reféns. Ainda não há informações confirmadas sobre mortos
Instalações da British Petroleum, Statoil e Sonatrach na região argelina de In Aménas (AFP)
O Exército argelino lançou uma operação militar para retomar o controle do campo de exploração de gás de In Aménas, oeste da Argélia, onde um grupo de terroristas islâmicos mantinha dezenas de reféns estrangeiros, informou nesta quinta-feira o Ministério de Relações Exteriores da Grã-Bretanha, segundo a rede BBC. Em uma ação promovida com helicópteros do Exército, pelo menos cinco reféns foram libertados, segundo a agência estatal APS, citada pela BBC e a CNN. Ainda não há confirmação das autoridades sobre eventuais mortos na operação.
Os reféns libertados são, segundo a CNN, dois britânicos, um francês, um queniano e um irlandês. O Departamento de Relações Exteriores da Irlanda confirmou a libertação de Stephen McFaul, cidadão de Belfast de 36 anos, que já fez contato com a família, de acordo com a agência Associated Press.
Depois de boatos sobre o fim da intervenção, o ministro das Comunicações da Argélia, Mohamed Said Belaid, informou que a operação militar para libertação dos reféns ainda está em andamento. “Infelizmente, nós lamentamos algumas mortes e alguns feridos. Ainda não temos os números”, disse, segundo o jornal inglês The Guardian.
Segundo Belaid, a operação teve início depois que militares deram “tiros de alerta” para terroristas que tentavam fugir com reféns, e eles não pararam. O ministro acrescentou que o sequestro foi realizado por terroristas internacionais e que o governo não negociará com eles.
Mais cedo, a imprensa árabe havia divulgado que ao menos 15 reféns estrangeiros e 20 argelinos conseguiram escapar da instalação de gás. O número desses reféns variava entre 15 e 20 estrangeiros e de 20 a 30 trabalhadores argelinos, mas essa informação também não foi confirmada, e não se sabe como eles teriam conseguido escapar dos sequestradores. Os terroristas ligados à Al Qaeda invadiram o local de extração de gás e a moradia dos trabalhadores antes do amanhecer da quarta-feira como vingança à intervenção francesa no Mali.
Um grupo autodenominado "Batalhão de Sangue" disse ter sequestrado 41 estrangeiros, incluindo europeus, americanos e japoneses, em Tigantourine, no Saara. Até então, um britânico e um argelino tinham sido mortos. Na sequência, o governo argelino enviou tropas ao local, que foi cercado, e os soldados aguardavam uma possível ordem para invadir o complexo. Os sequestradores pediam a retirada do Exército argelino antes de iniciarem uma eventual negociação.
Reações - O presidente francês, François Hollande, disse que a situação na Argélia justifica ainda mais a decisão de seu governo de intervir militarmente no Mali. Hollande acrescentou que não tem “elementos suficientes para avaliar” o que ocorre no campo de gás, mesmo recebendo regularmente informações a respeito. Segundo o presidente, a situação “parece estar se desenvolvendo em condições dramáticas”.
A Casa Branca condenou fortemente nesta quinta-feira o que classificou de “ataque terrorista” na Argélia. O presidente Barack Obama tem sido regularmente informado sobre a situação dos reféns, informou o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, em uma entrevista coletiva. Segundo ele, as informações sobre vidas perdidas no campo de exploração de gás estão sendo verificadas com o governo argelino.
Depois do início da operação de resgate realizada pelo Exército argelino, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, afirmou estar “extremamente preocupado” com a “situação muito grave e perigosa”, informou a rede BBC. Um porta-voz do premiê britânico afirmou que Cameron gostaria de ter sido informado sobre a operação antes de ela ter sido realizada. A resposta do governo da Argélia foi que foi preciso agir “imediatamente” para intervir na crise.
Cameron cancelou uma viagem que faria à Holanda nesta sexta, onde faria um aguardado discurso sobre o futuro papel da Grã-Bretanha na União Europeia, para acompanhar a situação na Argélia. “Esta é uma situação mutável e muito incerta. Devemos estar preparados para más notícias. Esta é uma situação extremamente difícil”, disse o primeiro-ministro.
O governo do Japão também criticou a intervenção e pediu ao governo argelino que a interrompesse para não colocar em risco a vida dos reféns.
Nenhum comentário:
Postar um comentário