quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Mulher acolhe casal de rua em casa e cria campanha de ajuda no Facebook


Desempregados, Diego e Kaline viveram 3 meses pelas ruas de Ribeirão.
Gravidez da jovem sensibilizou advogada, que decidiu abrigar a família.

Do G1 Ribeirão e Franca
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Diego e Kaline juntos com a pequena Yasmim (Foto: Márcio Meirelles/EPTV)Diego e Kaline juntos com a pequena Yasmim (Foto: Márcio Meirelles/EPTV)
Diego Oliveira, de 21 anos, e Kaline Galdino, de 20 anos, hoje têm onde morar, se alimentam todos os dias e conseguem cuidar de sua única filha, Yasmim, nascida há um mês. Quem os vê atualmente, não imagina que o casal já viveu nas ruas de Ribeirão Preto (SP), onde chegou sem emprego e sem documentos. A história dos dois mudou quando cruzou o caminho deles a advogada Roberta Galvão, que os acolheu em sua própria casa e criou uma campanha no Facebook para ajudá-los.
Natural de Minas Gerais, Oliveira foi para São Paulo em busca de trabalho e conheceu a esposa, nascida na Paraíba. Sem oportunidades, o casal não tinha onde morar e viveu sem-teto na capital paulista por aproximadamente oito meses. “Nesse tempo de muita dificuldade, que passamos frio, chegamos a passar fome, nós geramos a Yasmim. Então nós resolvemos voltar para Minas, para ter nossa família lá”, conta o jovem.
No entanto, eles decidiram se mudar novamente e tentar a sorte em Ribeirão Preto, e acabaram nas ruas mais uma vez. Durante três meses, o casal costumava ir a uma lanchonete na Avenida Nove de Julho e pedir pelo alimento que sobrasse. Foi em uma dessas ocasiões que a sorte deles mudou. “Eu fui pedir um lanche para minha esposa comer, ela estava grávida de oito meses e com fome, e disseram que não tinha sobrado nada. Aí conhecemos a Roberta”, diz Oliveira.
Roberta então ofereceu um lanche para os dois e, preocupada com a gravidez de Kaline, decidiu sentar-se com eles e perguntar sobre sua história. “Eles disseram que não tinham documentação e eu fui me envolvendo. Aí chamei um amigo e falei ‘vamos arrumar a documentação para eles’. A preocupação dela [Kaline] era de ter a neném na rua, porque se ela tivesse no hospital, ela não sairia com a filha pela falta de documentos. Isso me assustou demais”, explica a advogada.
Roberta gerencia o grupo no Facebook com os padrinhos e madrinhas do casal (Foto: Márcio Meirelles/EPTV)Roberta gerencia o grupo no Facebook com os
padrinhos e madrinhas do casal
(Foto: Márcio Meirelles/EPTV)
Enquanto levantava os dados para providenciar os documentos, Roberta descobriu que Oliveira nasceu no mesmo dia que sua mãe e Kaline na mesma data que seu avô. A advogada acredita que a coincidência foi um sinal de que ela deveria ajudá-los e os acolheu em sua casa. “Eu acredito e ela [Roberta] também que foi um sinal de Deus, de que a gente precisava de ajuda. Ela apareceu na hora certa, porque uma semana depois minha filha nasceu”, afirma Oliveira.
Levar o casal para viver em sua casa fez com que Roberta fosse questionada por muitos de seus conhecidos, que consideravam a atitude perigosa. “Várias pessoas me disseram: ‘e se eles te matarem?’. Morri então, se é assim que tem que ser. Eu só achei que não tinha como deixá-los na rua. Dizem que eu sou boazinha. Eu não sou boazinha não, acho que isso é obrigação da gente, não quero jogar a minha obrigação para ninguém”, explica.
Ajuda
Com o nascimento de Yasmim, Roberta decidiu criar uma página no Facebook em busca de mais “madrinhas” e “padrinhos” para conseguir berço e roupas para o bebê. “Como eu não conseguiria sozinha, pedi ajuda pelo Facebook. Hoje somos 260 padrinhos e madrinhas atuantes. Agora, a Yasmim tem uma vida digna, não porque está morando na minha casa, mas porque a mãe e o pai dela estão recomeçando.”
Recomeçar é exatamente o plano de Oliveira. “Quero arrumar um emprego, conseguir uma casa para eu morar, ter minha família e construir minha vida aqui em Ribeirão”, diz.
A advogada Roberta Galvão segura nos braços a menina Yasmim (Foto: Márcio Meirelles/EPTV)A advogada Roberta Galvão segura nos braços a menina Yasmim (Foto: Márcio Meirelles/EPTV)
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