Sem conserto – Quem redigiu o discurso de final de ano da presidente Dilma Rousseff é no mínimo roteirista de novela. Fora isso, conseguiu que Dilma, em seu pronunciamento, apresentasse aos brasileiros o Brasil como sendo o país de Alice, aquele das maravilhas.
O palavrório presidencial não poderia fugir do que muitos brasileiros viram e ouviram, pois mesmo não sendo petista de origem, Dilma foi contaminada pela soberba dos companheiros de legenda, que como semideuses jamais erram.
Comecemos pela economia. Dilma afirmou que o ano de 2013 será ainda melhor. Ou a presidente estava de brincadeira ou deverá ganhar uma camisa de força de presente de Natal. Quem disse a ela que este ano foi bom? Com o crescimento econômico em 1%, a inflação oficial, que ela disse ter controlado, em 5,64%, a inadimplência em alta e a indústria brasileira sofrendo como nunca, isso é devaneio. Dilma deveria analisar melhor e com antecedência os textos que lhe dão para ler para não cair na vala do ridículo, pois pela do descrédito ela já passou faz tempo.
Sem qualquer rubor facial, Dilma tocou o discurso adiante e afirmou: “Ao olhar 2012 em retrospectiva, vemos que continuamos crescendo e aprofundamos nossas grandes conquistas. Os resultados deste ano falam por si”. Há dias, Lula disse que não será derrotado por qualquer “vagabundo”, o que é óbvio, pois lobo não engole lobo porque engasga com o pelo. Mas neste domingo, Dilma resolveu chamar todos os brasileiros de palhaços.
Não contente, Dilma reforçou a voz e disparou: “Quando conversei com vocês na celebração do 7 de Setembro, disse que nosso modelo de desenvolvimento precisava ser reforçado em um de seus eixos: a competitividade de nossa economia”. Desde 2005, o ucho.info alerta o governo para o perigoso processo de desindustrialização que vem devastando o setor fabril, mas ninguém deu importância ao fato. Sendo assim, falar em competitividade é no mínimo sandice.
Dilma Rousseff, que deixou o discurso para este domingo (23) sabendo que parte da população estaria emocionalmente fragilizada em função do Natal, disse que o governo está modernizando os aeroportos. Pois bem, quando o secretário-geral da FIFA, Jérôme Valcke, externou sua preocupação com a situação caótica dos aeroportos brasileiros, Lula chamou-o de idiota. Em seguida, o messiânico Lula prometeu investimentos de R$ 5 bilhões de para ampliar e modernizar os aeroportos brasileiros.
Como nada do que foi prometido passou à seara da realidade, há meses o Palácio do Planalto decidiu entregar três aeroportos para a iniciativa privada, cujas melhorias só ficarão prontas depois da Copa de 2014. Dias atrás, anunciou a privatização de outros dois.
Declarou a presidente que o Brasil construirá 800 aeroportos regionais, assunto que já tratamos, como se o Palácio do Planalto fosse uma usina de varinhas de condão. Oito centenas de aeroportos regionais não se constroem da noite para o dia, a não ser que sejam de brinquedo (do tipo Lego) ou Dilma pretende ficar no poder mais cinco décadas no poder, no melhor estilo companheiro Fidel.
Construir aeroportos exige infraestrutura, algo de que o Brasil padece de maneira vergonhosa. Dilma também garantiu que o País construirá dez mil quilômetros de ferrovias, como se isso fosse um daqueles saudosos trenzinhos elétricos que no passado Papai Noel deixava debaixo da árvore de Natal. Dez mil quilômetros, para que o leitor tenha ideia, é pouco mais do que a distância entre São Paulo e Paris. Deixando de lado as águas do Oceano Atlântico, é muito chão. Fora isso, Dilma disse que duplicará 7,5 mil quilômetros de estradas. Para mensurar o absurdo, 7,5 mil quilômetros é a distância entre as capitais paulista e mexicana.
Quando foi apresentada ao eleitorado brasileiro, Lula disse que sua candidata era a garantia de continuidade. E Lula, messiânico como sempre, tinha razão, pois o ufanismo palaciano continua o mesmo de antes. Sendo assim, passemos às outras inverdades.
Dilma afirmou que o salário do trabalhador ganhou poder de compra, quando na verdade o consumismo se deu na esteira do crédito irresponsável. Até porque, dois terços dos cidadãos brasileiros recebem mensalmente menos do que dois salários mínimos. Essa fórmula mágica cantada por Dilma pode ser conferida no aumento real do salário mínimo para 2013, que será de R$ 1,15. A presidente disse também que está ampliando o crédito ao consumidor e reduzindo sobremaneira as taxas de juro. Sim, é verdade, os bancos reduziram os ganhos, empurrando para baixo o crescimento do PIB. O que mostra que tem fio trocado na economia verde-loura.
Dilma Rousseff, sempre ela, disse que a tarifa de energia elétrica será reduzida para que as indústrias nacionais possam produzir e a economia cresça, pois afinal a nossa “guia” já avisou que em 2013 quer um “pibão bem grandão”. Essa conversa fiada sobre a redução da tarifa de energia só convence quem não raciocina. Há dias, o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema desmentiu a presidente e disse, de forma absolutamente clara, que para o Brasil escapar dos apagões, que têm o corrido com impressionante frequência, será preciso investir muito dinheiro no setor. Algo que o governo não faz para que a tarifa de energia não alcance o céu. Com a energia mais barata, o consumo de energia será maior em um país que corre diuturnamente riscos de apagões por falta de investimentos do governo. Sendo assim, para quem não comprou o presente de Natal do amigo secreto, aqui deixamos duas dicas: alguns pacotes de vela ou um lampião.
A presidente afirmou com todas as letras que o governo brasileiro não descumpre contrato. O que é uma inverdade. As negociações com algumas geradoras de energia fracassaram apenas porque o Palácio do Planalto insistiu na quebra de contrato. E esse tipo de comportamento tem assustado os investidores internacionais, que preferem dar outro rumo aos seus tostões. Fosse pouco, quem ousa investir no Brasil tem de desembarcar por aqui já sabendo que o governo é que decidirá qual será a taxa de retorno do dinheiro alheio. Ou seja, o governo é um bando de incompetentes que desconhece o mais raso significado da palavra “planejamento”, arruma quem queira investir no Brasil e ainda quer determinar quanto o dono do dinheiro deve ganhar.
A chefe do Executivo federal encheu os pulmões de ar para anunciar que 1 milhão de famílias foram beneficiadas com o programa “Minha Casa, Minha Vida”. Em 2009, quando o programa foi lançado com a conhecida pirotecnia palaciana, pois era preciso turbinar a candidata Dilma, o eufórico e mitômano Lula disse que em dois anos entregaria 2 milhões de casas. Mais de três anos depois, apenas metade da promessa foi cumprida. Dilma, a magnânima, esqueceu, porém, de dizer que prometeu construir 6 mil creches em quatro anos, mas até agora entregou apenas sete.
Como se fosse prima-irmã de Aladim, o gênio da lâmpada, Dilma disse que o Brasil fará a melhor Copa do Mundo de todos os tempos, dentro e fora do gramado. Inaugurada recentemente, a nova Arena do Grêmio, em Porto Alegre, que não receberá jogos da Copa, é a prova maior que o fiasco será grande. O novo está do tricolor gaúcho está fincado em área de Porto Alegre sem infraestrutura. A praça esportiva tem capacidade para 60 mil pessoas, mas a da estação do metrô mais próxima, cuja saída foi construída do lado errado, tem plataforma com capacidade para apenas 200 passageiros.
Dilma também abordou os investimentos no PAC, pois, segundo Lula, o programa é filho dela. Disse a presidente que até setembro passado foram investidos R$ 386 bilhões no Programa de Aceleração do Crescimento, do R$ 1 trilhão que será investido até 2014. Essa eficiência descomunal do PAC é voz corrente entre os brasileiros do Nordeste. Os que não falam sobre o assunto é porque morreram de sede, uma vez que as obras de transposição das águas do Rio São Francisco estão abandonadas, depois de fortunas investidas com alarde oficial. Hoje, muitas partes dos canais são ocupadas por cabras que pastam no mato que brota entre o concreto. O que faria a felicidade do genial e saudoso Zé Rodrix, que em dado trecho de “Casa no Campo” cantou “Eu quero carneiros e cabras pastando solenes no meu jardim”…
Lula, quando deixou o Palácio do Planalto, surrupiou alguns itens pertencentes ao patrimônio da União, como um crucifixo que estava no gabinete presidencial desde a era Itamar Franco, que até agora ninguém sabe do paradeiro. Contudo, Lula deixou na escrivaninha oficial inúmeros comprimidos de mitomania, versão extra-forte, pois o que Dilma Rousseff mentiu na noite deste domingo (23), antevéspera de Natal, foi uma colossal afronta aos brasileiros que têm a massa cinzenta em perfeito funcionamento.
Estivesse vivo, o espetacular Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta, cobraria de Dilma direitos autorais por uso indevido de uma invenção sua, o “Febeapá”, Festival de Besteiras que Assola o País. Ou seja, Dilma, além de presidente da República, nas horas vagas se dedica ao stand up, transmitido em rede nacional com o nosso dinheiro.
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