AE - Agência Estado
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, assinou nesta sexta-feira uma lei que proíbe norte-americanos de adotar crianças russas, aprovando a legislação menos de 24 horas depois de o projeto ter sido recebido pelo Parlamento.
A lei, que entra em vigor em 1º de janeiro, irritou norte-americanos e russos, que argumentam que a medida prejudica as crianças em retaliação a uma questão política, interrompendo um caminho que costuma impedir que milhares de crianças permaneçam em orfanatos. A hashtag "PutinEatsKids" estava entre as mais replicadas no Twitter minutos após Putin ter assinado a lei.
Putin também disse que a proibição pode ser estendida a outros países, afirmando que a Rússia precisa proteger seus "recursos" populacionais.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) estima que há cerca de 740 mil crianças órfãs na Rússia e apenas cerca de 18 mil russos na lista de espera para adoção.
A lei também impede que dezenas de crianças russas, atualmente em processo de adoção por famílias norte-americanas, deixem o território russo. Os Estados Unidos são o maior destino das crianças russas adotadas. Nas últimas duas décadas, mais de 60 mil delas passaram a fazer parte de famílias por norte-americanos.
A medida tomada por Putin é uma retaliação contra a chamada lei Magnitsky, em homenagem a Sergei Magnitsky, ativista contra a corrupção que morreu em 2009 quando estava numa cadeia russa. A lei norte-americana impõe a proibição de emissão de vistos e sanções financeiras contra autoridades russas e seus familiares supostamente envolvidos em violações aos direitos humanos.
Os Departamento de Estado norte-americanos declarou que lamenta a decisão do Parlamento russo de aprovar a lei, lembrando que isso impede que muitas crianças cresçam com uma família.
O político e defensor dos direitos das crianças Pavel Astakhov disse que 46 meninos e meninas que estão no processo para serem adotados nos Estados Unidos permanecerão da Rússia se a lei entrar em vigor.
Putin acusou as autoridades norte-americanas, afirmando que elas geralmente permitem que seus cidadãos suspeitos de violência contra crianças russas adotadas fiquem impunes.
A aprovação da lei ocorreu após semanas de uma forte campanha nos meios de comunicação e nos canais de televisão controlados pelo Kremlin, criticando os pais adotivos norte-americanos e as agências de adoção que, supostamente, conseguem a liberação das crianças russas por meio de subornos.
Alguns parlamentares afirmaram que algumas das crianças russas foram adotadas por norte-americanos apenas para servirem como doadores de órgãos e brinquedos sexuais, ou ainda bucha de canhão no Exército dos Estados Unidos.
Um porta-voz da igreja ortodoxa russa disse que as crianças adotadas por estrangeiros e criadas fora da igreja não entrarão "no reino de Deus". As informações são da Associated Press e da Dow Jones.
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