Ministro diz que estatal não está pedindo aumento do preço da gasolina. No mesmo dia, Graça Foster diz o contrário
Marcela Mattos, de Brasília
A presidente da Petrobras, Graça Foster: aumento virá, mas ainda não tem prazo
(Ueslei Marcelino/Reuters)
Só que na mesma tarde, a presidente da estatal, Graça Foster, deu declarações sobre o tema depois de receber a Medalha do Mérito Legislativo da Câmara dos Deputados, em Brasília. “Evidentemente se espera um aumento. A depender do comportamento do brent (petróleo cru) e do câmbio, a necessidade se tornará mais permanente”, afirmou a executiva, sem especificar o prazo nem o valor do aumento. O reajuste depende, segundo ela, do comportamento do câmbio e do petróleo no mercado externo. Mas o temor do governo é de que esse aumento pressione a inflação no Brasil.
É ponto pacífico entre analistas do setor de óleo e gás que a Petrobras vem batalhando junto ao governo um aumento no preço do combustível - algo que não ocorre desde 2006. Nos últimos meses, a pressão da empresa tem aumentado, sobretudo após a divulgação de seus resultados do segundo trimestre, que mostraram o primeiro prejuízo em 13 anos e colocaram em xeque o caixa da empresa. Assim, a negativa de Mantega evidencia não só o intervencionismo sobre a empresa, mas também a falta de diálogo. Graça vem afirmando, desde o início do segundo semestre, que o reajuste será inevitável.
A presidente da estatal não quis dar mais detalhes sobre o aumento da gasolina. Preferiu evidenciar os resultados de sua gestão no comando da empresa. Segundo ela, a Petrobras se encontra com “uma caixa muito saudável” e a situação “está absolutamente sob controle”.
Choque de gestão - As mudanças feitas pela executiva na gestão da Petrobras foram tema de extensa reportagem da revista britânica 'The Economist' desta semana. A estatal, de acordo com a matéria, agora entende que precisa concentrar seus esforços na extração de petróleo e não servir como veículo desenvolvimentista do governo. A 'Economist' cita frases da executiva que nada lembram a postura populista de seu antecessor, José Sérgio Gabrielli. "A Petrobras não acredita que o desenvolvimento do país seja o seu foco de atuação. Nem todo projeto que é bom para o país será executado, pois nem todos são economicamente viáveis", afirmou.
As mudanças, nas palavras da presidente, estão sendo feitas em quatro partes e já são conhecidas pelo mercado: venda de ativos no exterior; metas individuais de desempenho para cada plataforma e gestor; melhoria nos controles de custo; e manutenção aprimorada. A executiva contou que, até o final de 2012, cada funcionário receberá uma carta assinada por ela mostrando as metas de cortes de custo.
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