23 de novembro de 2012, em Cultura, Curiosidade, História, Segunda Guerra Mundial, por Nicholle Murmel
Na última segunda-feira (19), dia do 70º aniversário do início da contraofensiva soviética na Batalha de Stalingrado, em Volgogrado (antigamente Stalingrado), teve início uma ação sob o lema “Devolva ao soldado seu nome”, na Necrópole Memorial no Mamayev Kurgan (o Monte Mamyaev).
A intenção é instalar 1.500 placas comemorativas com os nomes de 17 mil soldados tombados na Batalha de Stalingrado e considerados anteriormente como desconhecidos. Seus nomes foram identificados nos últimos três anos, resultado de um enorme trabalho de investigação realizado pelo departamento de pesquisa do Museu da Batalha de Stalingrado local. As placas comemorativas serão colocadas nas muralhas erguidas no local das valas comuns Maior e Menor.
A vala Menor fica na encosta sul do monte. Construída nos anos de 1948 e 1949, a vala Menor abriga os restos mortais dos soldados mortos nos combates no Mamayev Kurgan. Foram 1.500 homens, soldados da 284ª Divisão em sua maioria, cuja missão era segurar o monte e não se deixar empurrar para o Volga. Na vala Maior, ao pé da estátua ” Pátria-Mãe Chamando”, jazem os restos mortais de 34,5 mil defensores de Stalingrado encontrados na cidade durante as obras de reconstrução no pós-guerra.
Muitas pessoas não sabiam até hoje onde os familiares mortos na cidade estavam enterrados.
“Nossa família buscou por 67 anos a sepultura do irmão mais velho de meu pai, Aleksandr Tsirulnikov “, diz Aleksêi Tsirulnikov, que mora na vila de Kumiljenskai, na região de Volgogrado.
“Ele foi comandante de um pelotão de tanques e morreu ao destruir cinco casamatas e mais de 300 soldados nazistas. Foi condecorado postumamente com a Ordem da Estrela Vermelha. Minha avó recebeu uma carta dizendo que seu filho foi morto em um combate e enterrado no bairro de Voroshilovski, de Volgogrado. Mas a rua indicada na carta não existe mais. O pessoal do museu apurou que seus restos mortais haviam sido trasladados para o Mamayev Kurgan.”
O nome de Aleksandr Tsirulnikov está gravado na muralha da Necrópole Memorial do Mamayev Kurgan. Já o nome de Nikifor Fedorovitch Izrastsov está entre os 17 mil a serem gravados na muralha em breve.
“A colocação das placas é um momento de muita emoção”, diz Aleksandr Izrastsov, sobrinho-neto de Nikifor Izrastsov. “Nossa família já perdeu a esperança de encontrar sua sepultura. Ele lutou na 49ª Divisão de Infantaria e foi morto em Stalingrado em 1942. Não sabíamos onde seu túmulo ficava. Estamos muito agradecidos ao pessoal do museu por seu papel na busca.”
“Fiquei chocado ao saber que o cemitério alemão na aldeia de Rossochki, da Região de Volgogrado, tem identificados 117 mil nomes dos soldados da Wehrmacht mortos na Batalha de Stalingrado, enquanto o número dos nomes dos soldados soviéticos no Mamyev Kurgan mal chegava a 15 mil”, diz o diretor do Museu da Batalha de Stalingrado, Aleksêi Vasin. “Acredito que essa situação é ofensiva para os soldados soviéticos mortos, e para nós, seus descendentes. É algo, portanto, que deve ser corrigido”, salienta Vasin.
Para realizar os trabalhos de pesquisa e busca, a diretoria do Memorial Mamayev Kurgan conta com a ajuda funcionários e voluntários, entre os quais Gorgoni Podiakov, natural da Região de Vologda e veterano da Batalha de Stalingrado. Podiakov participou da busca e identificação de mais de 3.000 restos mortais de seus conterrâneos mortos em Stalingrado.
Departamento
Para impulsionar e melhor organizar os trabalhos, o Museu da Batalha de Stalingrado criou, em 2009, um departamento especial. Outro projeto que ajudou muito nos estudos foi a digitalização dos arquivos do Ministério da Defesa.
Mas uma coisa é estabelecer a identidade dos soldados tombados, outra coisa é imortalizar seus nomes. A Necrópole Memorial no Mamayev Kurgan foi criada em 1995 e abriga os restos mortais dos soldados encontrados na Região de Volgogrado. Possui uma muralha de 100 metros de comprimento com as placas comemorativos exibindo os nomes dos soldados enterrados no Mamayev Kurgan.
Em 1995, a muralha ostentava apenas 6,5 mil nomes. Depois, o trabalho de pesquisa e identificação foi suspenso por muitos anos para ser retomado em 2011, quando outros 430 nomes foram adicionados . Em agosto de 2012, foram gravados outros 216. A presente ação vai imortalizar mais 17 mil.
O projeto é financiado pelo ministério da Cultura. “Nossos argumentos foram ouvidos e o processo deu a largada”, completa Vásin.
O projeto de instalação das placas comemorativas está orçado em 10 milhões de rublos (cerca de US$ 3 milhões). Todos os trabalhos devem estar concluídos até 2 de fevereiro, dia do 70º aniversário da Vitória na Batalha de Stalingrado.
FONTE: Gazeta Russa
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