Edital eleva em 26% gastos para construção de edifício do campus de Guarulhos que deveria ter sido entregue em 2010
Local onde ficará o prédio principal do campus de Guarulhos da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Obra que deveria ter sido entregue em 2010 está prevista apenas para 2015. - Lecticia Maggi
Após três tentativas frustradas de construir o edifício central do campus de Guarulhos da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que deveria ter sido entregue em 2010, o reitor da instituição, Walter Albertoni, pretende assinar no apagar das luzes de seu mandato o contrato para a construção do prédio. O novo edital teve aumento de 26%, elevando o custo da construção para 58 milhões de reais. A contratação neste momento atrapalha, segundo professores, o debate sobre a possível mudança do local do campus.
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Três empresas entregaram na segunda-feira o documento para habilitação, o primeiro passo para a construção do prédio. Caso a documentação atenda às especificações que a universidade exige, os envelopes com os valores serão abertos. Em agosto, um edital de 46 milhões de reais fracassou porque nenhuma empresa apresentou interesse oficialmente. Depois do esvaziamento, a reitoria as convidou para debater alterações - o que já havia ocorrido na primeira vez em que o edital para a obra não foi para frente.
Segundo o reitor, conduzir o processo para a construção do edifício é prioridade de seu mandato, que vai até fevereiro. "Caso o processo de licitação ocorra sem intercorrências, a contratação será realizada ainda nesta gestão", afirmou, em nota. Em audiência pública, neste mês, ele declarou que a Unifesp continua em Guarulhos, a despeito do debate entre os professores.
O campus de Guarulhos, que abriga a Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (EFLCH), foi inaugurado em 2007. Desde então, alunos, professores e funcionários aguardam infraestrutura adequada. Neste ano, alunos fizeram greve de cinco meses para exigir melhorias. A obra – planejada com 20.000 metros quadrados, 44 salas de aula, 22 gabinetes de pesquisa, refeitório e biblioteca – deveria ter sido entregue no segundo semestre de 2010. Dessa forma, acabaria com os problemas de infraestrutura do campus.
Atualmente, 2.800 estudantes de graduação, 200 de pós-graduação e 200 professores contam com apenas 24 salas de aula. O número é insuficiente. Por isso, a universidade ocupa 14 salas de um CEU, unidade destinada à educação infantil, cedidas pela Prefeitura de Guarulhos.
A unidade fica no Bairro dos Pimentas, periferia de Guarulhos. Em agosto, um grupo de professores encaminhou à reitoria um dossiê exigindo a saída da escola do local. O documento diz que a unidade é isolada geográfica e culturalmente. Além de dificultar o acesso, colaborando para os altos índices de abandono dos cursos, a localização prejudicaria as pretensões de excelência que constam no projeto pedagógico da escola.
Após o dossiê, a congregação da escola aprovou a criação de uma comissão para debater a permanência. Foi aprovada uma consulta a alunos, professores e funcionários. O início da construção do prédio, porém, pode tornar o debate inócuo, pois consolidaria de vez a escola nos Pimentas.
Para o professor Glaydson José da Silva, diretor da EFLCH e presidente da Comissão que discute a Unifesp nos Pimentas, a assinatura do contrato atrapalha. "O reitor nunca acolheu a discussão sobre a permanência, por isso deu continuidade ao trâmites", diz ele. Alguns professores defendem uma saída parcial dos Pimentas. "É determinante que se esclareça: o que está em questão é a permanência da EFLCH e não da Unifesp em Guarulhos." O professor de Filosofia Juvenal Savian ressalta que cabe à unidade definir sobre seu futuro. "A atitude (de assinatura do contrato) não reconhece o fato ético-político legitimamente criado pela Congregação da EFLCH."
(Com Estadão Conteúdo)
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