De acordo com a ministra italiana Emma Bonino, as medidas contra “os que têm as mãos sujas de sangue” incluirão proibição de ingresso nos países da UE e bloqueio de contas bancárias. Também ficará interditado o fornecimento de equipamentos armamentistas que possam ser utilizados “na repressão interna”.
Bonino acrescentou que as medidas de coibição serão aplicadas “já nas próximas horas”. Uma lista com os nomes dos afetados pelas sanções não foi divulgada. A escala da aplicação das punições dependerá dos desdobramentos dos acontecimentos, explicou o chefe da diplomacia sueca, Carl Bildt, numa mensagem no Twitter.
Os governos europeus concordaram também quanto ao fornecimento de assistência médica e vistos aos feridos e dissidentes. Discutiu-se, ainda, a imposição de um embargo armamentista contra o governo ucraniano, porém sem resultados conclusivos.
Enquanto seus colegas de pasta deliberavam em Bruxelas, os ministros do Exterior de Alemanha, Frank-Walter Steinmeier; França, Laurent Fabius; e Polônia, Radoslav Sikorski, procuravam mediar o conflito diretamente em Kiev.
Segundo Emma Bonino, as decisões sobre as sanções foram tomadas em estreito acordo com os três políticos. Na reunião presidida pela alta representante da União Europeia para política externa, Catherine Ashton, em Bruxelas, a Alemanha foi representada por seu embaixador junto à UE, Peter Tempel.
Antes mesmo de as sanções serem definidas em caráter vinculativo, seus efeitos sobre a Ucrânia já se fazem sentir. As exportações nacionais estão praticamente paralisadas: nenhum novo negócio é fechado, os preços dos cereais sobem. Do ponto de vista dos comerciantes, a ameaça de sanções da UE representa um risco grande.
Intervenção europeia
Durante a manhã, Steinmeier, Fabius e Sikorski se encontraram com líderes da oposição ucraniana; em seguida, com o presidente Viktor Yanukovytch, durante várias horas; voltando a se reunir à tarde com os oposicionistas. Os três chefes de diplomacia permaneceram em Kiev para prosseguir as negociações na sexta-feira.
Segundo fontes da delegação alemã, durante a conversa com Yanukovytch ventilaram-se “propostas para um roteiro”, como possível contribuição para uma solução pacífica da crise. O cronograma, contudo, dependeria da aprovação do chefe de Estado e da oposição.
Segundo membros da delegação francesa, os três ministros viajaram para a capital da Ucrânia com “ideias próprias” sobre como dar fim à violência. Elas incluiriam o início de negociações genuínas, emendas da Constituição em prol de mais democracia, e a organização de eleições antecipadas. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, declarou que pretende enviar um mediador a Kiev.
Disparos mortais em Kiev
Em Kiev, segue crescendo o número de vítimas dos choques entre forças do governo e oposicionistas. Os dados a respeito ainda são incertos: o chefe dos serviços médicos da oposição declarou à agência de notícias AFP que mais de 60 manifestantes foram mortos, “todos a tiros” – um balanço que não pôde ser confirmado por nenhuma fonte independente.
Repórteres internacionais contaram pelo menos 25 cadáveres na Praça da Independência, dos quais, vários com ferimentos a bala. O Ministério do Interior informou sobre a morte de três policiais. Segundo autoridades da capital, desde a terça-feira os corpos de 67 manifestantes teriam sido levados para o Instituto Médico Legal.
Médicos ligados à oposição também mencionaram atiradores colocados nas casas dos arredores do epicentro dos combates, que miram os participantes dos protestos. Um dos profissionais ressaltou que grande parte das vítimas recebeu apenas um único disparo. Pelo chão da praça veem-se várias manchas de sangue, e as enfermarias improvisadas estão superlotadas.
Ao mesmo tempo em que instou os moradores da capital a permanecerem em casa, o Ministério do Interior ucraniano defendeu o emprego de violência armada por parte dos agentes de segurança. O argumento é de que eles teriam recorrido à munição viva em “legítima defesa”.
Ainda segundo o ministério, 67 policiais foram capturados por manifestantes. Para sua libertação, “todos os meios legais” são válidos, também a violência armada, declarou o órgão de segurança interna.
Calcula-se que a contagem de mortos desde o início da semana já ultrapasse cem. Em protesto contra o que chamou de “banho de sangue e fratricídio” em Kiev, o prefeito da capital, Volodimir Makeyenko, anunciou sua saída do partido do presidente Yanukovytch.
Um cessar-fogo decretado na noite da quarta-feira só durou até a madrugada, quando centenas de manifestantes mascarados investiram contra as barricadas policiais, atirando coquetéis molotov e levando à mobilização de tropas especiais de choque. (Com agências internacionais)
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