quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Parlamento ucraniano pede que ex-presidente seja julgado pelo Tribunal Penal de Haia



Yanukovich, ex-ministro e ex-procurador são acusados de comandar massacre de civis. Todos são considerados foragidos

O presidente destituído Viktor Yanukovich pode ser alvo do TPI
O presidente destituído Viktor Yanukovich pode ser alvo do TPI (Sergei Supinsky/AFP)
O Parlamento da Ucrânia pediu nesta terça-feira para que o Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado em Haia, na Holanda, julgue o presidente deposto Viktor Yanukovich e outros membros do antigo governo por crimes contra a humanidade. Eles são acusados de comandar a repressão brutal aos protestos que estouraram no país no ano passado e que deixaram mais de cem mortos
Votaram a favor da resolução contra Yanukovich - cujo paradeiro é, atualmente, desconhecido - 324 deputados da Rada Suprema (Parlamento). Apesar de o país não ter oficialmente ratificado o estatuto que deu origem ao TPI, os congressistas também decidiram no mesmo voto que vão reconhecer a autoridade do tribunal na Ucrânia.
Segundo a rede BBC, apesar da decisão do Parlamento, isso não significa que o TPI vai aceitar automaticamente o caso, já que o tribunal só costuma ser acionado quando um país não tem condições ou não está disposto a cuidar ele mesmo do caso. Ainda segundo a BBC, um porta-voz do TPI avisou que a decisão final de aceitar o caso caberá ao procurador da Corte, e que os casos aceitos pelo tribunal consistem em investigar uma série de eventos para determinar responsabilidades, e não a partir da conduta de um individuo especifico. 
Entre os membros do antigo governo Yanukovich que constam no pedido do Parlamento estão o antigo ministro do Interior, Vitaly Zakharchenko, e o ex-procurador-geral Viktor Pshonka. Os dois também são considerados fugitivos pelo novo governo provisório da Ucrânia. 
Candidatura – Também nesta terça-feira, o dirigente opositor e ex-boxeador ucraniano Vitali Klitschko anunciou sua candidatura às eleições presidenciais convocadas para 25 de maio. “Apresentarei-me ao cargo de presidente da Ucrânia, já que estou firmemente convencido de que é preciso mudar as regras de jogo. Deve haver justiça. Tenho certeza de que isto é possível”, disse Klitschko,  líder do partido Udar (soco, em tradução livre).
A campanha para as eleições começou nesta terça. Ainda é incerto se a ex-primeira-ministra, Yulia Tymoshenko, libertada da prisão no sábado passado, vai concorrer.
Já o líder do principal partido do país, Batkivschina (Pátria), Arseni Yatseniuk, desponta como o grande favorito a assumir o cargo de primeiro-ministro no governo de união nacional. 
Foto 1 / 100
AMPLIAR FOTOS
Ajoelhados, policiais da tropa de choque se desculpam por terem atuado na repressão aos protestos na Ucrânia
Ajoelhados, policiais da tropa de choque se desculpam por terem atuado na repressão aos protestos na Ucrânia - Roman Baluk / Reuters

(Com agência EFE)

Cronologia dos protestos na Ucrânia

1 de 25

A recusa ucraniana - 29 de novembro

O presidente ucraniano, Viktor Yanukovich (esq), ao lado do presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz
A União Europeia (UE) não conseguiu convencer a Ucrânia a assinar um acordo selando sua aproximação com o Ocidente, em função da pressão de Moscou, o que constitui uma derrota para os europeus. No final da terceira cúpula da Parceria Oriental entre a UE e seis ex-repúblicas soviéticas - Ucrânia, Geórgia, Moldávia, Bielo-Rússia, Armênia e Azerbaijão - os resultados foram aquém do esperado. Somente Moldávia e Geórgia assinaram o acordo. O presidente ucraniano Viktor Yanukovich explicou que, antes de firmar um acordo, Kiev necessita "de um programa de ajuda financeira e econômica" da UE. "Não se pode, tal e como quer o presidente ucraniano, pedir que paguemos para que a Ucrânia entre nesta associação", retrucou François Hollande, presidente da França. Saiba mais sobre por que UE e Rússia querem tanto a Ucrânia.

História: Ucrânia, um país com um histórico de tragédias