quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Os mísseis Sam7 das FARC: primeiro fruto das conversações "de paz"?



SAM-7É a primeira vez que se comprova que as FARC conseguiram se apoderar desse tipo de míssil de origem soviético-russo. Se as FARC conseguem se dotar dessa arma, como parece que fizeram, tanto a aviação comercial quanto a aviação militar da Colômbia estão em perigo.
 A presença dos Sam7 na Colômbia é sinal de que ainda não vimos o pior que as FARC podem oferecer ao país.

Há mais de duas semanas, o Exército colombiano apreendeu em Morales (Cauca) dois mísseis terra-ar Sam7 que estavam em poder das FARC. Mediante um lacônico artigo de apenas seis linhas, e só até o passado 30 de novembro, El Tiempo mencionou esse fato.
A notícia não deu maiores detalhes da coisa. Não disse em que circunstâncias foi feito esse confisco. Não disse se houve combate, nem se houve capturas, nem se o Exército encontrou outros mísseis idênticos em outros lugares. Não disse como esse sofisticado material de guerra pôde entrar na Colômbia, nem quem o transportou, nem se esses mísseis transitaram pelo Equador.
Semelhante achado foi apresentado como se se tratasse de um confisco rotineiro de armas, como se o Exército tivesse apreendido seis fuzis, ou meia dezena de tacos de dinamite em uma tenda terrorista perdida em uma selva distante.
No tom mais impessoal do mundo, a nota de El Tiempo diz que os Sam7 “podem derrubar uma aeronave que voe a 6,5 km. de altura”, e que as FARC querem ter esse tipo de armamento para “equilibrar o conflito que a Força Pública tem ganhado desde o ar”.
Como o principal diário da Colômbia parece não dizer tudo o que sabe sobre isso, e não fez um só comentário editorial sobre o alcance militar desse descobrimento, sobretudo em matéria de segurança nacional, teremos que ser nós, os modestos observadores civis, os que insistamos em que se diga toda a verdade a respeito. Pois o assunto é gravíssimo!
É a primeira vez que se comprova que as FARC conseguiram se apoderar desse tipo de míssil de origem soviético-russo. Se as FARC conseguem se dotar dessa arma, como parece que fizeram, tanto a aviação comercial quanto a aviação militar da Colômbia estão em perigo. Os aviões, aviões de pequeno porte e helicópteros civis, sobretudo em suas fases de decolagem e aterrissagem, podem ser alvo fácil deste tipo de míssil. Uma catástrofe poderia estar sendo preparada nestes momentos por terroristas em qualquer lugar do país, para “melhorar”, como eles dizem, suas posições no “diálogo de paz” em Havana. Por outro lado, a Força Aérea, seus aviões e helicópteros para transporte de tropas e observação, seus caça-bombardeiros, seus helicópteros artilhados, etc., estão sob uma espada de Damocles.
A nota do matutino bogotano disse que o Exército colombiano, com ajuda de “agências de segurança norte-americanas”, investiga “se as FARC fizeram uma compra à rede terrorista Al-Qaeda”. Não é preciso ir tão longe para procurar o fio da meada. Haveria que pensar sobretudo em alguns vizinhos da Colômbia, como Equador, Venezuela, Nicarágua e Cuba, que tantas vezes foram pescados com a mão na massa em matéria de ações hostis contra a Colômbia. Raúl Reyes preparava seus ataques desde seu quartel-general no Equador. Os outros chefes das FARC têm seus escritórios e esconderijos na Venezuela. A Nicarágua trata de tirar da Colômbia sua soberania e suas águas no Mar do Caribe, e Cuba patrocinou tudo o que foi dito acima, além de instigar, treinar e dirigir, durante décadas, o terrorismo marxista na Colômbia.
Se as FARC conseguiram introduzir esses perigosos mísseis no país, deve-se olhar, em primeiro lugar, para seus mais diretos e permanentes cúmplices.
O que a Colômbia espera agora, se as FARC conseguem que alguém lhes venda esses mísseis? Ninguém sabe. Em todo caso, sabemos algo: que esse dramático descobrimento foi feito nesses dias, precisamente em meio aos chamados “diálogos” de paz em Havana. E que neste período o braço internacional das FARC está colhendo êxitos. A conclusão é óbvia: esse diálogo não é mais que uma farsa miserável, uma peça de distração da opinião pública, um meio sibilino para conseguir a impunidade total para os chefes das FARC. Enquanto que a direção do movimento narcoterrorista envia à capital cubana seus segundos mandantes para que façam a pantomima do “diálogo”, os chefes mais fanáticos continuam na Venezuela dirigindo a guerra para meter a Colômbia em uma grande tenaz.
Embora o governo Santos assegure ao país que os diálogos vão por um “bom caminho”, a política real das FARC é a de aproveitar esse período para introduzir no país armas que poderiam mudar a relação de forças com elas.
Isso é o que, sem dúvida, estava por trás do pedido das FARC de um cessar fogo “bilateral” e de sua posterior promessa, violada, de um cessar fogo “unilateral”. Cessar fogo para que as forças da ordem não pudessem detectar a entrada dos Sam7. Por sorte, os mísseis foram achados. Porém, onde estão os outros?
Este episódio dos Sam7 pode ser a ponta do iceberg. Como em outras ocasiões, as FARC poderiam estar organizando atrocidades de massa contra os colombianos, enquanto seus artistas em Havana dormem com suas contorções e discursos aos meios de comunicação e às pessoas mais crédulas.
A proliferação do Sam7 no mundo é muito preocupante e não só a Al-Qaeda pode passá-lo a outros: grupos irregulares na Chechênia, Iraque, Líbia, Egito e no sul das Filipinas têm esse tipo de míssil. Até o IRA irlandês, que enviou três de seus agentes ao Caguán durante as conversações das FARC com o governo de Pastrana, tiveram em suas mãos os mísseis Sam7 de primeira geração. Sabe-se que a Coréia do Norte e o exército chinês estão equipados com a versão russa do Sam7 e Sam16 de terceira geração. O exército venezuelano, grande comprador de armas russas, tem esse tipo de mísseis, ou o Igla, seu equivalente, também russo.
A aviação civil é a que mais está em perigo. O míssil Sam7 pesa só 15 quilos e tem um detetor infra-vermelho que lhe permite procurar e se precipitar sobre uma fonte de calor, como a turbina de um avião. O míssil, em sua versão melhorada, sai a uma velocidade de dois mil quilômetros por hora em direção ao seu alvo. Seu alcance pode ser de 4 mil metros.
Em novembro de 2002, um Boeing 757 civil israelita esteve a ponto de ser derrubado por dois desses mísseis, no Kênia. O piloto conseguiu ver os dois rastros de fumaça. O avião salvou-se por milagre. “O maior defeito do Sam7 russo”, explicou depois um militar à imprensa francesa, “é que, à diferença do Stinger norte-americano, suas baterias às vezes são defeituosas e fazem com que o míssil passe ao lado do alvo”. Os militares do Kênia encontraram os dois lançadores do Sam7.
A presença dos Sam7 na Colômbia é sinal de que ainda não vimos o pior que as FARC podem oferecer ao país. Aprendamos o que ocorreu em outras latitudes. Em 6 de abril de 1994, o presidente Habyarimana, de Ruanda, o presidente Cyprien Ntaryamira, de Burundi, e altos dirigentes desses países, que acabavam de assinar os acordos de paz de Arusha, pereceram quando o avião em que viajavam foi abatido a 1.500 metros de altura por um míssil Sam7. Horas depois, extremistas hutus começaram a assassinar a população tutsi e os hutus moderados. Durante três meses mataram mais de 800 mil pessoas. Esse foi o último genocídio do século XX. Algo similar nos reservam as FARC à Colômbia? 


Nenhum comentário:

Postar um comentário