Desde o ano do mensalão, quando obteve sua pior nota (3,3), país subiu só um ponto na avaliação e nunca passou do 69º lugar, onde aparece em 2012
Vassouras na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, simbolizam grito contra a corrupção (Antônio Cruz / Agência Brasil)
A ONG Transparência Internacional (TI) divulgou nesta quarta-feira a edição 2012 do seu ranking anual de corrupção e, a princípio, as notícias podem parecer boas para o Brasil. O país recebeu nota 4,3, sua melhor avaliação em uma escala de 0 a 10 desde que o levantamento é feito. Com isso, subiu quatro posições e passou do 73º para o 69º lugar na comparação com o ano passado, quando obteve nota 3,8.
Mas uma análise mais ampla do desempenho do país na história da relatório mostra que houve um avanço muito pequeno nos últimos anos. Desde 2006, quando recebeu sua pior nota (3,3) – não por acaso no ano em que eclodiu o escândalo do mensalão –, o país conseguiu aumentar em apenas um ponto o seu índice. Muito pouco para deixar a "zona vermelha" do ranking, que sinaliza os países com maior percepção de corrupção.
Assim, o país ainda permanece longe de nações onde há mais transparência e mecanismos de combate aos desvios de dinheiro público, como Dinamarca, Finlândia e Nova Zelândia, que lideram o ranking deste ano com nota 9 cada um. Mesmo após ter vivido o maior escândalo de corrupção da sua história, o Brasil jamais conseguiu ir além do 69º lugar, posição que ocupou em 2010 e na qual aparece de novo em 2012.
Brasil no ranking da corrupção
Fonte: Transparência Internacional
Pesquisa – O ranking Transparência Internacional é fundamentado em pesquisas realizadas por instituições renomadas, com base na opinião de especialistas e empresários, que falam sobre suas percepções sobre a corrupção. Este ano, 176 países integram o relatório. Destes, dois terços tiveram nota abaixo de 5 e, como o Brasil, "precisam que as instituições públicas sejam mais transparentes e os governantes mais responsabilizados", indica a organização.
Apesar de estar entre as maiores economias do mundo, o Brasil tem uma situação muito similar àquela dos demais países da América Latina. Ou seja, ainda deixa escoar muito dinheiro pelos buracos da corrupção nos governos. Na região, Venezuela e Paraguai seguem como os mais corruptos, com notas 1,9 e 2,5, o que os coloca no 165º e 150º lugares, respectivamente. Chile e Uruguai, ambos com 7,2, são os mais transparentes e ocupam o 20º lugar segundo o levantamento, logo atrás dos Estados Unidos, 19º colocado com nota 7,3.
A edição de 2012 do já Índice de Percepção da Corrupção da Transparência Internacional faz uma advertência para a América Latina: "A região saiu bem da crise mundial. Seu modelo econômico dá bons resultados macroeconômicos, mas não se traduz em uma melhora da qualidade de vida dos cidadãos. A América Latina é a região mais violenta, onde a desigualdade é maior", assegurou diretor da TI para as Américas, Alejandro Salas.
Na escala global, os países mais corruptos são Somália (nota 0,8), Coreia do Norte (0,8), Afeganistão (0,8), Sudão (1,3) e Mianmar (1,5). Dinamarca (9), Finlândia (9), Nova Zelândia (9), Suécia (8,8) e Cingapura (8,7) os menos castigados pela prática.
O mapa da corrupção da Transparência Internacional: quanto mais vermelho, pior
Brasil melhorou desempenho em relação ao ano passado, mas segue na 'zona vermelha', na 69ª posição
(Com agência EFE)
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