O terceiro acusado de ter participado da chacina que vitimou uma família no bairro Enxovia do Meio, dia 24 de novembro, teria ido ao velório de pai, mãe e filha.
É o que consta em termo de declaração assinado por Márcio Magno da Silva, 37, quatro dias depois do crime. O suspeito havia sido ouvido antes de ter a prisão decretada pela Justiça. Segundo a Polícia Civil, ele está foragido.
Em depoimento, Souza contou que não era amigo de Mauro de Camargo, 55, da esposa dele, Cleusa Mariano de Oliveira, 49, e da filha do casal, Camila de Oliveira Camargo, 19, mortos com “requintes de crueldade” em uma “chacina violenta”. Os três foram velados no velório municipal no domingo, 25, e enterrados no cemitério Cristo Rei, no mesmo dia.
O suspeito também disse que esteve no local do crime – o sítio da família – “para ver com os próprios olhos o estrago”.
Mauro, Cleusa e Camila teriam sido assassinados, conforme apuraram os delegados José Alexandre Garcia Andreucci (titular do município) e Emanuel dos Santos Françani (assistente).
Segundo a PC, laudos da perícia técnica do IML (Instituto Médico Legal) apontam que Mauro teria sido esfaqueado até a morte. A mulher e a filha dele teriam sido violentadas, espancadas (provavelmente, a pauladas) e estranguladas.
Os crimes teriam sido cometidos por Antônio Carlos Silva Souza, 37, e pelo irmão dele, Marcelo Silva Souza, 25, apontados como principais suspeitos. Eles teriam recebido ajuda de Márcio e de um quarto acusado, revelado nesta semana.
A motivação do triplo latrocínio seria um veículo Gol, branco. As investigações apontaram que o automóvel foi negociado por Mauro. A vítima havia vendido o veículo para Antônio. “O problema é que o Mauro havia falado que a documentação estava em ordem, mas não estava”, disse Andreucci.
De acordo com o delegado, o acusado queria devolver o veículo e reaver o dinheiro. O problema era que Mauro não estaria disposto a desfazer o negócio.
O desentendimento entre comprador e vendedor teria se acirrado na semana anterior à chacina, quando Antônio teria saído do distrito de Maristela, na cidade de Laranjal Paulista, para cobrar a devolução do dinheiro.
A Polícia Civil acredita que a negociação entre eles foi intermediada por Márcio. Por esse motivo, os investigadores do GTO (Grupo Tático Operacional) o procuraram para que pudesse dar informações que ajudassem no esclarecimento do caso. Até então, a polícia tratava o incêndio como causa da morte de pai, mãe e filha e verificava se ele era ou não acidental.
A casa em que eles estavam havia sido destruída por chamas. O fogo foi controlado pelo Corpo de Bombeiros, acionados por vizinhos. As chamas atingiram todos os cômodos do imóvel e um dos veículos.
Mauro conversou com policiais civis na oficina onde trabalhava, no bairro Valinho. Num primeiro momento, teria mentido para os investigadores. Conforme a polícia, o suspeito varria o estabelecimento no momento em que foi abordado.
Para não ser questionado, teria tentado passar-se por outra pessoa e dito que Márcio (ele mesmo) não estaria na oficina mecânica. Também conforme depoimento, o suspeito só teria admitido que era a pessoa procurada depois de os investigadores terem dito que iriam chamar o proprietário.
Na ocasião, os investigadores apresentaram fotografia de Mauro e da família dele. “Depois de muito pensar, ele afirmou que conhecia a vítima, mas negou que conhecesse a mulher e a filha dele”, informou o delegado titular.
O suspeito teria dito, ainda, que havia ido ao local do crime depois de tomar conhecimento do incêndio. Também comentou que havia ido ao velório das vítimas, mesmo não sendo amigo delas. Conforme ele, Mauro o conhecia por conta de “rolos” com carros. Os dois não tinham tido desentendimentos.
Márcio havia afirmado que não conhecia Antônio (detido junto com o irmão mais novo, dia 30 de novembro) e não sabia de nenhuma negociação entre a vítima e o acusado.
Disse, também, que tinha certeza de que a vítima havia pegado o veículo Gol de volta no dia 22, dois dias antes da chacina, e que o automóvel teria permanecido no sítio dela, tendo o visto queimado.
A Polícia Civil, no entanto, acredita que Márcio teria tido participação no triplo latrocínio. O suspeito teve a prisão decretada pela Justiça no dia 29 de novembro, mas não pôde ser detido, no dia 30.
Andreucci informou que investigadores chegaram a cercar o quarteirão do local onde ele trabalhava, mas que ele não teria voltado de uma viagem feita a trabalho. “Ele deve ter sido avisado por algum familiar ou amigo e conseguiu escapar”, argumentou.
Para ele, ao fugir, Márcio estaria assumindo tacitamente a culpa. “Entendo dessa forma porque ele não quis nem se defender”, comentou o delegado. Segundo ele, o fato mais grave é o suspeito ter ido ao velório das vítimas e ao local do crime.
A PC tem conhecimento, por meio de testemunhas, de que ele havia ido até a chácara da família por no mínimo três vezes. “Ele estava sondando se tinha deixado algum rastro ou se a polícia estava fazendo investigação”, disse Andreucci.
O delegado também divulgou, na tarde de segunda-feira, 3, o conteúdo do interrogatório de Marcelo, irmão de Antônio e um dos quatro suspeitos de terem cometido o crime. Conforme Andreucci, ele teria negado participação na chacina e dito que acreditava que ela teria sido cometida pelo irmão e pelo sobrinho.
No interrogatório, Marcelo disse que o irmão havia ido para casa, no distrito de Maristela, dia 25 de novembro – um dia depois do crime.
“Ele contou que Antônio estava com o filho, Carlos Lucas Silva Bispo, de 23 anos”, relatou Andreucci. Os dois teriam oferecido um Gol, marrom (de propriedade da filha de Mauro), para Marcelo comprar ou “vender para terceiros”.
O irmão, porém, teria desconfiado da procedência do automóvel já que Antônio teria dito que ele não possuía documento. Marcelo contou, ainda, que viu Antônio com um celular da marca Motorola. O aparelho pertenceria a Camila, monitora que, segundo a PC, teria sido violentada na frente dos pais.
O irmão do principal suspeito disse, ainda, que havia tomado conhecimento da morte da família pela televisão e que a notícia não falava em crime ou roubo. Comentou que o irmão e o sobrinho teriam ficado nervosos ao assistir ao noticiário.
Afirmou, também, que os dois teriam pedido para que ele os acompanhasse no veículo dele, um Fiat Uno, até a cidade de Cerquilho. Lá, Antônio e Carlos teriam ateado fogo no Gol, de cor marrom, deixando-o numa estrada vicinal.
Marcelo comentou que estava com medo, mas que não “reconheceu em nenhum momento a prática de um crime”. Disse, ainda, que resolveu “contar a verdade” para não ser vítima de injustiça, e afirmou que o irmão e o sobrinho estariam totalmente envolvidos na chacina ocorrida na semana anterior.
O suspeito comentou que chegou a utilizar o celular da filha dos proprietários do sítio, mas que devolveu o aparelho a Antônio. O celular da moça foi encontrado pela Polícia Civil na residência do principal suspeito, em Laranjal Paulista. O aparelho será incluído no inquérito policial como prova.
Por fim, Marcelo afirmou que o irmão seria estuprador violento. “Ele disse que Antônio teria violentado a própria enteada e que esta havia se mudado para São Paulo com a mãe depois do ocorrido”. Já Antônio reservou-se ao direito de falar em juízo. Os dois estão detidos na Cadeia Pública da cidade de Apiaí.
Mandados de prisão foram cumpridos na tarde desta sexta-feira (30). Pai, mãe e filha foram mortos e a casa foi incendiada no sábado (24).
Do G1 Itapetininga e Região
Nesta sexta-feira (30), duas pessoas foram presas por suposto envolvimento na morte de uma família em Tatuí (SP). De acordo com a polícia, os detidos são o mandante e um dos executores do crime que vitimou pai, mãe e uma filha do casal, uma jovem de 19 anos.
Os suspeitos foram detidos em Maristela, Distrito de Laranjal Paulista (SP). Um terceiro suspeito ainda é procurado pela Polícia Civil.
O crime ocorreu no sábado (24) no bairro Enxovia do Meio, na zona rural de Tatuí. De acordo com o delegado Alexandre Andreucci, o motivo seria vingança devido a problemas na negociação de um carro. O morador assassinado teria vendido um veículo a um dos suspeitos com documentação irregular. Eles passaram a ter conflitos quando o comprador tentou devolver o automóvel.
Segundo a polícia, laudos do Instituto Médico Legal (IML) apontaram que a jovem e a mãe foram estupradas pelos criminosos. Elas ainda foram estrangulas e agredidas com pauladas. Já o homem foi assassinado a golpes de faca. Após a chacina, os criminosos atearam fogo na casa com os corpos dentro.
Vizinhos do sítio acionaram o Corpo de Bombeiros por volta das 22 horas. No local, durante o combate ao fogo, foram encontrados os três corpos, já carbonizados. Toda a operação de controle do fogo e preservação do local durou mais de quatro horas. A casa ficou completamente destruída após o incêndio.
Dois carros da família também foram incendiados, já um terceiro, que pertencia a filha, foi levado. O veículo foi localizado em Cesário Lange também incendiado.
Casa da família ficou destruída após o incêndio provocado pelos criminosos. (Foto: Carlos Alberto Soares / TV TEM )
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