“Perante a inaceitável interferência na soberania dos assuntos da Ucrânia pela Federação Russa, nós apoiamos o governo e o povo ucraniano. A anexação ilegal da Crimeia pela Rússia e as ações para desestabilizar o leste ucraniano são inaceitáveis e precisam parar”, declararam os líderes de Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Canadá, Japão e Estados Unidos, em comunicado conjunto.
O G7 fez quatro exigências à Rússia: reconhecer o resultado da eleição ucraniana que elegeu o bilionário Petro Poroshenko como presidente; cortar o apoio a separatistas no leste do país; retirar as tropas estacionadas na fronteira com a Ucrânia; e garantir o fornecimento de gás ao vizinho. O grupo disse estar pronto para intensificar as sanções e aumentar as restrições, se a situação exigir.
“Nós teremos a chance de ver o que o senhor Putin fará nas próximas duas, três, quatro semanas e, se ele permanecer no curso atual, nós já indicamos o tipo de ação que estamos preparados para tomar”, alertou o presidente dos EUA, Barack Obama.
Kremlin: “Declaração cínica”
A chanceler alemã Angela Merkel reforçou que tanto a União Europeia (UE) quanto os Estados Unidos querem encontrar uma solução para o problema com a Rússia através do diálogo e não através de ameaças. Porém, como fizera na véspera, deixou abertas as portas a uma nova rodada de sanções.
A Rússia definiu a declaração final do G7 como cínica. “Eles permitem as ‘atividades moderadas’ do Exército ucraniano contra o próprio povo. Isso é um cinismo que mal pode ser superado”, rebateu o primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev.
Questões econômicas também foram temas no encontro. O grupo afirmou estar trabalhando em uma estratégia de crescimento, focando em investimento e na criação de empregos. Esses planos serão apresentados em novembro na reunião do G20, composto pelos principais países industrializados e em desenvolvimento.
Os membros do G7 se comprometeram a informar a população sobre as vantagens de acordos de livre-comércio, disse o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, sem citar nominalmente o acordo planejado entre UE e EUA.
“Nós concordamos que, como líderes do G7, precisamos explicar ao nosso público os benefícios do comércio aberto, focando em consequências concretas como crescimento e emprego”, afirmou Barroso.
Dependência energética
A crise na Ucrânia também foi abordada nas discussões econômicas. “O uso de fontes de energia, como meio de coerção política ou ameaça, é inaceitável. A crise na Ucrânia deixa claro que a segurança energética precisa estar no centro da agenda coletiva”, declaram os membros do G7.
A Rússia é responsável por 30% do abastecimento de gás à União Europeia, sendo que mais da metade desse volume chega por gasodutos que atravessam a Ucrânia. Na reunião, o acordo, de 1,2 bilhões de euros, para venda de navios de guerra da França para Moscou causou certo mal-estar.
“Eu já expressei algumas preocupações, e não acho que estou sozinho. Acredito que seria preferível apertar o botão de pausa”, afirmou Obama.
Após o encontro em Bruxelas, os líderes do G7 viajaram para a França, onde participarão das cerimônias de comemoração do Dia D, nesta sexta-feira (6). O presidente francês, François Hollande, declarou que os esforços diplomáticos dos últimos meses podem resultar em um encontro entre Vladimir Putin e Poroshenko, durante o evento.
O próximo encontro da cúpula do G7 foi marcado para junho de 2015, na Alemanha, e visa a debater políticas climáticas e a assistência a países em desenvolvimento. Questionada se a Rússia seria convidada para a reunião, Merkel afirmou que o tema continua em aberto. (Com agências internacionais)
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