As últimas entrevistas de Aécio Neves (PSDB) mostraram um retorno do
candidato ao "papo reto" e sem floreios com a militância e o eleitorado.
Os melhores momentos do tucano nas recentes entrevistas aconteceram
quando ele não respondeu aos jornalistas, direcionando as respostas, em
linguagem simples, direta e objetiva para o eleitor. Ao dizer que o
governo Dilma é tão ruim que até o PT quer mudar ou que, diferentemente
de Eduardo Campos, nunca participou de um governo do PT, somou pontos
preciosos com a militância formadora de opinião que, há anos, anseia por
um candidato com discurso de oposição.
Não há dúvida alguma que este é o caminho para conquistar corações,
mentes e a presidência da República. Todas as pesquisas informam que
nenhum candidato incorporou o desejo de mudança que existe em mais de
70% dos brasileiros. Sim, há falta de espaço na mídia e 30% dos
eleitores simplesmente não conhecem o candidato tucano. Sim, é preciso,
neste momento, usar toda e qualquer oportunidade para substituir as
mentiras e as calúnias pela fala franca e pelo sorriso aberto, pela
capacidade de responder sobre todos os problemas nacionais, sem
hesitações e com soluções. Isto tem sido feito com rara competência.
No entanto, chegou a hora de criar algumas metáforas mais fáceis para
explicar problemas complexos ao eleitorado. Inflação no centro da meta,
por exemplo, é grego para 90% do eleitorado. Fundos e agências
reguladoras se come com quê, pergunta o eleitor comum. É preciso ser
didático ou não falar nisso. Falar em carestia. Falar em aumento de
preços. Falar em fiscalização. Falar em dinheiro dos nossos impostos.
Da mesma forma, é preciso dizer que dar a Bolsa Família por mais seis
meses é para que a pessoa possa comprar uma roupinha melhor para ir ao
novo trabalho, para que consiga pagar o transporte que é caro, para que
possa almoçar fora de casa com dignidade, para que consiga organizar o
seu orçamento. Além de estar garantido financeiramente se perder o
emprego. Simplicidade!
Pesquisa internacional publicada ontem informa que no espaço de um ano, a fatia dos insatisfeitos com a
situação geral do país saltou de 55% para 72%, uma consequência, tudo indica,
da piora significativa da percepção sobre a economia. Nesse período, houve uma
onda de protestos, que tomaram as ruas especialmente em junho do ano passado.
No levantamento, 67% disseram que as condições econômicas
atuais são ruins, uma alta forte em relação aos 41% registrados há 12 meses. O
aumento de preços é apontado como um "problema muito grande" por 85%
dos ouvidos pelo Pew, aparecendo no topo da lista de preocupações. Além disso,
72% dizem que faltam oportunidades de trabalho. É um percentual elevado, que
curiosamente se dá num quadro em que o desemprego segue muito baixo. A criação
de empregos, porém, está perdendo força.
Outra fato demonstrado pelo levantamento é que a ampla
maioria dos brasileiros condena o modo como Dilma Rousseff trata alguns dos principais
temas da vida do país - 86% desaprovam a atuação em relação à corrupção,
ao passo que 85% estão insatisfeitos com a maneira como a presidente lida com a
criminalidade e a saúde. O descontentamento também é grande em relação a
assuntos como transporte público (76%), educação (71%), pobreza (65%) e
economia (63%). O governo é ruim. O governo é péssimo. Dilma foi uma escolha errada do Lula. Ele sabe disso.
Enfim, todas as pesquisas indicam que as pessoas já conhecem os
problemas que o país enfrenta. Sentem na carne. Sentem no bolso. Sentem
nos sonhos. Não é preciso explicar para elas o que está acontecendo. No
lugar do economês, o bom português. É preciso dizer, sem medo, o que
fazer para mudar o que está posto e entendido. Não é preciso perder
muito tempo mostrando o dia-a-dia das pessoas.
É preciso olhar para o eleitor e dizer: " como o senhor sabe", "como a
senhora está sentindo", " como todos estão vendo" ... Os brasileiros
estão dizendo em alto e bom som que querem olhar para frente, que querem
o futuro. É esta esperança na mudança que Aécio Neves precisa encarnar,
nos próximos quatro meses, para conquistar a alma dos brasileiros.
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