Blog do Coronel (Coturno Noturno)
Com críticas ao PT e ao governo, o PMDB aprovou nesta
terça-feira (10) em convenção nacional o apoio à reeleição de Dilma Rousseff.
Foram 398 votos pela manutenção da aliança (59%) contra 275 (41%) da ala que
defendia o rompimento.
Mesmo com a vitória, o resultado representa constrangimento
ao Planalto. Em 2010, o apoio peemedebista à chapa de Dilma havia sido aprovado
por 84% dos convencionais. Com a decisão de hoje, a petista obtém cerca de 2 minutos e
20 segundos (em cada bloco de 25 minutos) na propaganda eleitoral na TV, que é
o principal instrumento das campanhas políticas. O espaço no chamado
"palanque eletrônico" é definido, principalmente, pelo tamanho dos
partidos coligados.
O evento peemedebista, realizado no Senado, em Brasília, foi
pontuado por reclamações de falta de apoio do partido da presidente da
República aos candidatos do PMDB, principalmente no Rio de Janeiro, onde
a
legenda terá o PT como adversário na tentativa de reeleger Luiz Fernando
Pezão. A ala contrária a Dilma chegou a discursar contra a aliança
e a distribuir panfletos em que acusa o governo de ineficiência e
corrupção.
Maior aliado do PT na coalizão dilmista, o PMDB possui cinco
ministérios, mas reclama constantemente que seu espaço é pequeno e que não tem
autonomia total nas pastas sob sua responsabilidade. Na abertura da convenção, o vice-presidente da República,
Michel Temer, minimizou a dissidência e afirmou que a manutenção da aliança com
o PT visa "abrir as portas" para que no futuro "o PMDB ocupe
todos os espaços políticos, para o bem dos brasileiros".
Dizendo que o partido é o responsável pela "grande
revolução social neste país", Temer afirmou que não acreditava nas
"intrigas" que, segundo ele, apontavam para traições. Com a vitória
de sua ala, Temer será novamente o vice na chapa de Dilma. Antes de discursar, Temer repetiu que estaria satisfeito
mesmo que a aliança fosse aprovada até mesmo por margem mínima. E negou
constrangimento: "Isso é comum no PMDB, se a gente não se acostumar com
isso depois de 40 anos, não dá para fazer política."
Em sua fala, o presidente nacional do PMDB, senador Valdir
Raupp (RO), disse que o partido apresentará propostas de governo a Dilma, entre
elas o ensino em tempo integral e a "defesa permanente da liberdade de
expressão e pensamento". "Disso o PMDB não abre mão", afirmou
Raupp. Setores do PT defendem propostas de regulação da mídia. O
ex-governador Roberto Requião (PMDB-PR) tem proposta similar, mas ela não
encontra respaldo na cúpula peemedebista.
REBELIÃO
Vice de Dilma, alas do PMDB ameaçaram nos últimos meses
romper a aliança e, inclusive, lideraram na Câmara dos Deputados uma rebelião
contra o Palácio do Planalto. Na lista de insatisfações, falta de interlocução
com Dilma, reivindicação de maior espaço no governo e de apoio do PT às suas
candidaturas nos Estados.
Nos discursos da convenção, coube à seção do Rio os maiores
ataques. O prefeito da capital fluminense, Eduardo Paes, afirmou que o partido
devolverá "na mesma moeda" eventuais acusações que Pezão sofrer do
PT. O partido de Dilma deve lançar na disputa o senador Lindberg Farias. Segundo Paes, o PT não tem sido patriótico em vários
Estados. No Estado a maioria do PMDB deve apoiar a candidatura de Aécio Neves
(PSDB) à Presidência. Segundo a cúpula da legenda no Estado, o principal
culpado disso é o PT.
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, candidato ao
governo do Rio Grande do Norte, também reclamou em discurso não receber o apoio
do PT em seu Estado. Um dos peemedebistas mais críticos à aliança da legenda com
Dilma, o ex-ministro Geddel Vieira Lima diz que o apoio seria aprovado por
causa de Michel Temer. "Dilma deve ir à nossa senhora aparecida porque
Temer a está levando nas costas".
Outro opositor à aliança, o deputado federal Danilo Forte
(CE) pediu que o apoio ao PT não fosse aprovado. "Meu coração é Eduardo
Campos, pena que ele está patinando. Marina [Silva] acabou com ele". Segundo o deputado, ele e o senador Eunício Oliveira (CE)
"carregaram Michel no ombro em 2010". "Agora não dá mais: ou
salva o Brasil ou o PT", disse ele à Folha. (Folha Poder)
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