sexta-feira, 11 de abril de 2014

Reintegração de posse no Rio tem confronto entre PMs e ocupantes

Início do conteúdo



Invasores de terreno abandonado pela telefônica Oi atiraram pedras; policiais revidaram com bombas de gás

11 de abril de 2014 | 7h 19

Marcelo Gomes, Sergio Torres, Thaise Constancio e Wilson Tosta - O Estado de S. Paulo
Atualizada às 10h58
Prefeito Eduardo Paes (PMDB) definiu a ocupação do terreno como 'uma invasão profissional' - ERBS Jr/Frame/Estadão
ERBS Jr/Frame/Estadão
Prefeito Eduardo Paes (PMDB) definiu a ocupação do terreno como 'uma invasão profissional'
RIO - Confrontos entre policiais militares e moradores de prédios da operadora telefônica Oi, que passou por reintegração de posse na manhã desta sexta-feira, 11, deixaram pelo menos 12 pessoas feridas, veículos e prédios incendiados. Quarenta oficiais de Justiça e pelo menos 1650 policiais militares participam da desocupação dos edifícios invadido desde a madrugada de 31 de março por cerca de 5 mil pessoas, no Engenho Novo, zona norte do Rio. A operação começou por volta das 5h e é marcada por confronto entre os PMs e parte dos moradores, que resistem atirando pedras nos policiais.Com 80 homens de 17 quartéis, o Corpo de Bombeiros tenta debelar as labaredas.
Quatro ônibus, um carro da PM, dois caminhões e quatro prédios foram incendiados.  Um dos ônibus incendiado durante a desocupação estava estacionado na Rua Vigilante Serafim. Uma picape que estava parada atrás do coletivo foi retirada às pressas por policiais. Eles precisaram quebrar o vidro do motorista para conseguirem abrir a picape e desatarem o freio de mão da picape antes de arrastá-la.
Feridos. Três crianças de 13 e 9 anos e 6 meses, além de quatro adultos, foram atendidos pelos bombeiros no local. Três adultos precisaram ser levados para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Engenho Novo, que fica a poucos metros do local onde foi instalada a chamada Favela da Telerj. Cinco policiais militares também ficaram feridos durante confronto com invasores.
Uma criança foi encaminhada para o Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier. Segundo a assessoria de Imprensa da Secretaria Municipal de Saúde outras vítimas do confronto chegam na unidade com sintomas de inalação de fumaça.  Entre os policiais, três foram levados também para o Salgado Filho e os outros dois para o Hospital Central da Polícia Militar (HCPM), no Estácio, zona norte. Os manifestantes jogam pedras contra os policiais que revidam com bombas de gás lacrimogêneo e efeito moral. Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Saúde outras vítimas do confronto chegaram à unidade com sintomas de inalação de fumaça.
Centenas de invasores permanecem em ruas próximas e gritam "queremos moradia!". Dois helicópteros da corporação sobrevoam a região. Faixas afixadas nas grades do edifício desocupado criticam os gastos com a Copa. Mais cedo, policiais chegaram a fazer tiros de pistola para o alto para dispersar a multidão. Várias ruas na região continuam interditadas para o tráfego.

Jornalista.  O repórter Bruno Amorim, do jornal O Globo, foi detido por policiais militares enquanto cobria a desocupação do prédio da companhia telefônica Oi, na Rua Dois de Maio, no bairro do Engenho Novo, zona norte do Rio. "Era cerca de 8h30 e eu estava no meio da confusão quando vi um policial e um manifestante de camisa vermelha trocando socos. Puxei o celular da empresa para tirar fotos. Foi quando um outro policial me deteve, alegando que eu estava tacando pedras. Me deu uma chave debraço e me feriu. Jogou meu celular no chão. Como eu poderia jogar pedra se numa mão eu segurava o celular e na outra o bloco de anotações? Eu estava apenas cumprindo meu dever de reportar o que estava acontecendo. Fui detido de forma arbitrária", disse o jornalista, que trazia crachá da empresa jornalística. Nenhum policial militar que está no local falou sobre a detenção de Amorim.
Decisão. A ação policial cumpre decisão da juíza da 6ª Vara Cível da Comarca Regional do Méier, Maria Aparecida Silveira de Abreu, que deferiu liminar para reintegração de posse do imóvel. No início da manhã, uma retroescavadeira iniciou a derrubada dos casebres de madeira e papelão erguidos às pressas pelos invasores. Há dois dias, o prefeito Eduardo Paes (PMDB) definiu a ocupação do terreno como "uma invasão profissional".
"Não conheço favela nenhuma da Telerj e, sim, uma invasão com todas as características que uma invasão profissional pode ter. É um movimento organizado, com pessoas que estão ali loteando, demarcando. Pobre que é pobre, que precisa de casa, não fica demarcando, não aparece com madeirites marcando número", afirmou Paes.
O prefeito cancelou a agenda desta sexta-feira, 11. Ele participaria da inauguração de um centro de atenção para dependentes químicos, em Bonsucesso, zona norte da cidade. A assessoria de imprensa não informou se há relação com o confronto na Favela da Telerj.


Nenhum comentário:

Postar um comentário