Tucano Pimenta da Veiga é investigado por receber R$ 300 mil de agência de Marcos Valério em 1998; ele diz que prestou serviços advocatícios
09 de abril de 2014 | 2h 01
Alex Capella - Especial para O Estado de S. Paulo
BELO HORIZONTE - O ex-ministro das Comunicações Pimenta
da Veiga, pré-candidato do PSDB ao governo de Minas, prestou no fim de
março depoimento na Polícia Federal, em Brasília, em um inquérito que
apura o repasse de recursos da SMPB, de Marcos Valério Fernandes de
Souza, no mensalão mineiro. O tucano admitiu ter recebido R$ 300 mil da
agência de publicidade, mas disse que o valor se referia ao pagamento
por serviços de advocacia. O tucano, que foi eleito deputado federal em
1998, não apresentou comprovação dos serviços.
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Washington Alves/Estadão - 11.10.2013
Tucano é citado em inquérito aberto em 2013 para apurar suspeitas relacionadas ao mensalão mineiro
Na acusação formal, o Ministério Público Federal apontou que a campanha à reeleição do então governador de Minas, Eduardo Azeredo (PSDB), em 1998, foi abastecida por um esquema de arrecadação ilegal de recursos que envolvia a agência de Valério. Pimenta da Veiga não foi denunciado.
Porém, citado no inquérito original da PF, ele passou à condição de investigado no novo procedimento instaurado em 2013. "Como você prova exames de contratos, documentos internos da empresa? É impossível. Anos depois querem saber de documentos", criticou o tucano, que se disse vítima de uma "manobra eleitoreira".
Pimenta alega que na época em que recebeu o dinheiro estava afastado da vida pública, exercendo a advocacia. O tucano afirma também que declarou os recursos no Imposto de Renda. Após concluir o inquérito, a PF vai encaminhar o relatório para a Procuradoria da República em Minas, que analisará se há provas suficientes para denunciar o pré-candidato do PSDB por lavagem de dinheiro.
Pimenta classificou como "estranho" o fato de ter prestado novo depoimento à PF. "Onze anos depois pediram novos esclarecimentos. É uma manobra eleitoreira. Salta aos olhos", afirmou o ex-ministro de Fernando Henrique Cardoso.
A PF rastreou depósitos feitos pela agência de Marcos Valério à conta de Pimenta.
Empréstimo. Durante a comissão parlamentar mista de inquérito dos Correios, em 2005, foi encontrado um contrato de empréstimo de R$ 152 mil contraído pelo ex-ministro no Banco BMG de Belo Horizonte no qual figuravam como avalistas Marcos Valério e sua ex-esposa Renilda Santiago.
Em fevereiro, Eduardo Azeredo (PSDB) renunciou ao mandato de deputado federal. Com a perda do foro privilegiado, o Supremo decidiu transferir para a 1.ª Instância, em Minas Gerais, a ação penal contra o ex-governador, acusado dos crimes de peculato e lavagem de dinheiro. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu pena de 22 anos de prisão para o ex-deputado. Azeredo alega inocência e diz que é "bode expiatório" de uma "ação que tem contaminação política".
Foi Pimenta da Veiga quem proporcionou que Azeredo disputasse sua primeira eleição, como candidato a vice-prefeito de Belo Horizonte na chapa vitoriosa em 1988. Um ano e meio depois, ele assumiu a prefeitura da capital mineira após Pimenta renunciar para disputar o governo do Estado. O tucano perdeu a eleição daquele ano - 1990.
Abaixo, trechos da entrevista com Pimenta da Veiga:
1. O que o senhor achou dessa nova convocação da Polícia Federal?É uma ação orquestrada, simplesmente eleitoreira. Onze anos depois me chamam para falar de um assunto que já tinha sido esclarecido. É no mínimo estranho.
2.Orquestrada por quem?Não sei quem encabeça isso.
3.E como foi o tratamento dado pela Polícia Federal?Me fizeram lá duas ou três perguntas e só.
4. Queriam saber se o senhor recebeu dinheiro da SMPB?Mantive o depoimento que havia feito há 11 anos atrás. Voltei a dizer que foram pagamentos feitos via depósitos bancários. Prestei serviços de advocacia à agência. Aliás, uma das agências mais renomadas do País.
5. Mas o relatório da Polícia Federal aponta que o sr. não apresentou provas sobre a prestação dos serviços?Como você prova exames de contratos, documentos internos da empresa? É impossível. Anos depois querem saber de documentos. Isso deveria ter sido apurado pela Polícia Federal na empresa. Afinal, fizeram uma devassa nas contas da agência.
6. O que o senhor pretende fazer caso seja denunciado pelo Ministério Público Federal? Não tenho como falar disso agora. Vou aguardar os trâmites legais.
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