sábado, 5 de abril de 2014

Campos deixa governo de PE, critica Dilma e diz que vai ‘unir o Brasil’



Sem a presença da neoaliada Marina Silva, pré-candidato ao Planalto entrega cargo ao vice com discurso que tenta explorar antiga polarização entre PT e PSDB

04 de abril de 2014 | 21h 30


Isadora Peron (enviada especial) e Angela Lacerda - O Estado de S. Paulo
Recife - Eduardo Campos (PSB) deixou nesta sexta-feira, 4, o governo de Pernambuco, Estado que comandava desde 2007, para se candidatar à Presidência da República. No discurso de despedida, no Recife, falou em "unir o Brasil", tentando explorar a já tradicional rixa entre petistas e tucanos.
Transmissão do cargo se deu do lado de fora do Palácio Campo das Princesas - Eduardo Braga/Divulgação
Eduardo Braga/Divulgação
Transmissão do cargo se deu do lado de fora do Palácio Campo das Princesas
Uma estrutura foi montada do lado de fora do Palácio Campo das Princesas, sede da administração pernambucana. Cerca de 2,5 mil pessoas acompanharam a cerimônia, que oficialmente foi organizada para dar posse ao vice-governador João Lyra. Na plateia, bandeiras do PSB, da CUT e do MST, e faixas de "Eduardo presidente".
O local virou uma espécie de feira de Caruaru, terra de Lyra.
Herdeiro. Campos começou a sua fala lembrando a história do avô, o ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes, que foi deposto do cargo pelo regime militar. "Hoje, depois de dois mandatos, deixo o Palácio do Campo das Princesas pela mesma porta da frente, rumo a novas lutas a que me levam compromissos sociais, históricos e políticos", disse o agora ex-governador.
Ele criticou a gestão da presidente Dilma Rousseff, da qual seu PSB fazia parte até o fim do ano passado. "Há um sentimento generalizado de que o País, depois de um período de avanços sociais e econômicos, parou de melhorar", afirmou.
http://youtu.be/bvWi3C4fixo

Ao lembrar das manifestações de junho do ano passado, disse que as pessoas foram às ruas para demonstrar descontentamento com os rumos os "descaminhos da economia e o recrudescimento da inflação".
Ao agradecer o apoio da sua mulher, Renata, e dos seus cinco filhos, ficou emocionado. Com a voz embargada disse que, por causa da política, muitas vezes teve de se ausentar do convívio familiar. Durante a manhã, Campos também havia chorado ao participar de uma missa.
Ausência. Campos lembrou no discurso a aliança com a ex-ministra Marina Silva, que não foi a Recife para a cerimônia. Marina se aliou ao governador em outubro do ano passado após ficar sem legenda para disputar a eleição deste ano. Ela não conseguiu assinaturas válidas para registrar seu partido, a Rede, e acabou abrigada pelo PSB.
Marina está nos EUA. Ele deve ser vice de Campos, formando assim uma chapa com dois ex-ministros de Luiz Inácio Lula da Silva. Ela do Meio Ambiente e ele da Ciência e Tecnologia.
Descolamento. Campos deixa o governo de Pernambuco como um dos governadores mais bem avaliados do País. Animado com o crescimento do PSB nas eleições municipais de 2012, passou o ano seguinte tentando viabilizar a sua candidatura ao Palácio do Planalto.
Em uma série de recentes encontros com empresários, apresentou-se como uma terceira via capaz de quebrar a polarização entre PT e PSDB.
Para sustentar esse discurso, saiu da base aliada em setembro e desde então tem ajudado a oposição a impor sucessivas derrotas ao governo no Congresso. Nem mesmo sob a promessa de apoio em 2018, Lula conseguiu convencer Campos de desistir de concorrer.

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