Texto não será votado nesta terça por falta de relatórios de cinco comissões
29 de abril de 2014 | 18h 01
Bruno Ribeiro e Diego Zanchetta - O Estado de S. Paulo
Atualizada às 20h47
Alice Vergueiro/Futura Press
Cerca de 3 mil manifestantes fizeram pressão em frente à Câmara
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Logo após o anúncio, os sem-teto que fechavam as duas vias de acesso ao Viaduto Jacareí, no centro, e pressionavam os vereadores para votar o projeto se revoltaram. Eles começaram a atirar pedras contra o Palácio Anchieta e queimaram banheiros químicos que estavam na rua. Grupos liderados pelo Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) destruíram as grades que cercavam a sede do Legislativo.
A reação da Tropa de Choque da Polícia Militar e da Guarda Civil Metropolitana (GCM) foi imediata. Os PMs começaram a lançar bombas de gás contra os manifestantes, que montaram barricadas de fogo. A confusão durou mais de uma hora, se espalhou pela região e chegou até a Praça da Sé.
Um restaurante ao lado da Câmara foi incendiado e pelo menos sete ruas foram bloqueadas com montanhas de pneus queimados. Dentro do plenário, a sessão foi suspensa após alguns sem-teto começarem a lançar pedaços de madeira arrancados das galerias nos vereadores.
Tensão. "Podem tacar fogo nos pneus, quebrar as grades, que vocês não ajudaram em nada", afirmou o presidente da Câmara ao suspender a sessão. "A história vai mostrar que vocês atrapalharam", disse Américo, enquanto bombas de gás explodiam do lado de fora do plenário. Um PM atingido com uma pedra no rosto ficou ferido e foi levado para o pronto-socorro da Casa.
Vereadores da oposição acusaram o prefeito Fernando Haddad (PT) pelo incidente - na semana passada, ele subiu em um carro de som dos grupos de sem-teto na frente da Prefeitura e pediu para que eles pressionassem a Câmara a aprovar o novo Plano Diretor, que prioriza a construção de moradias populares em áreas centrais da cidade, nas chamadas Zonas de Interesse Social (Zeis).
"Tudo o que aconteceu aqui foi fruto de uma irresponsabilidade do prefeito. Ele incitou os manifestantes", afirmou Floriano Pesaro, líder do PSDB. O PT rebateu as críticas de forma tímida, por meio do vereador Paulo Fiorilo.
"É uma irresponsabilidade acusar o prefeito, a oposição não pode fazer isso", disse.
Tumulto. Durante o protesto, como os vidros da fachada do Palácio Anchieta são blindados, os manifestantes tentaram atingir as janelas laterais. As salas das lideranças do PSDB e do PSB tiveram as janelas destruídas. Funcionários passaram mal com o cheiro de gás. Enquanto isso, o centro vivia momentos de "campo de batalha".
Os manifestantes partiram, no início da noite, rumo à Catedral da Sé. Pelo caminho, os sem-teto atearam fogo em entulhos e sacos de lixos, o que causou reflexos no trânsito de avenidas como a 9 de Julho e a 23 de Maio. A polícia usou balas de borracha e bombas de efeito moral para tentar dispersar a multidão e acelerar o passo dos manifestantes até a Sé, onde se concentraram por volta das 19h.
Quem deixava o trabalho era pego de surpresa e houve pânico. "Estava indo para o ponto de ônibus na (Avenida) Brigadeiro Luís Antônio quando vi a manifestação e uma bomba foi lançada. Tentei me esconder atrás de uma banca de jornal, mas, quando ela estourou, acertou minha perna", disse o ajudante geral Alan Maceno, de 21 anos, mostrando o ferimento.
Um efetivo policial se dirigiu à região em um ônibus. No Viaduto Jacareí e no começo da Brigadeiro, um forte cheiro de gás lacrimogêneo assustou as pessoas que permaneciam nas lojas e no interior dos prédios.
Às 20h30, parte dos manifestantes que continuavam reunidos na Sé decidiu voltar à Câmara. Eles decidiram passar a noite na frente da sede do Legislativo Municipal.