segunda-feira, 9 de julho de 2012

O que a descoberta de bóson de Higgs significa para nós?


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Cientistas que dedicaram a vida em busca da partícula se emocionaram ao assistir o anúncio do CERN (Reprodução/The Guardian)
opinião e notícia


BÓSON HIGGS


A resposta se encontra na descrição da partícula de Higgs e de seu papel preciso sobre o funcionamento do universo

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Há cerca de 50 anos, os físicos se depararam com um enigma em sua teoria de mecânica quântica, a qual descreve a natureza em seu nível mais fundamental. Uma teoria bem sucedida chamada eletrodinâmica quântica, que explicava como partículas de luz e matéria interagiam, havia sido desenvolvida. Esta fora descrita como a “joia da física”, mas ao presumir corretamente que as partículas de luz não tinham massa, criou-se uma lacuna no entendimento do porquê de partículas similares em todos os outros aspectos serem muito pesadas. Por  exemplo, hoje em dia sabemos que a partícula da força responsável pela radioatividade é 100 vezes mais pesada do que um átomo de hidrogênio, mas na época não entendíamos por quê. Dois cientistas britânicos, Tom Kibble e Peter Higgs, decidiram encarar esse problema. Eles descobriram que era teoricamente possível fazer com que uma partícula sem massa se comportasse como se  fosse dotada de massa.
A teoria de Higgs sugeriu que a natureza, ao arrefecer após o Big Bang, se fixou em uma configuração única. O mecanismo de Higgs predisse que novas partículas passaram a existir devido a essa fixação. Hoje em dia se acredita que essas partículas de Higgs são responsáveis por conceder massa a partículas fundamentais e podem torná-las pesadas ou completamente destituídas de massa; é como se quanto mais grudada uma partícula for ao Higgs, tanto mais pesada ela é.
Uma das grandes metas da física moderna tem sido gerar essas partículas de Higgs. Para criar as condições apropriadas para o seu estudo, grandes aceleradores tais como o Tevatron em Illinois e o Grande Colisor de Hádrons em Genebra foram construídos com o envolvimento de milhares de físicos e dezenas de milhares de engenheiros ao longo de décadas.
A partícula de Higgs é a primeira partícula nova realmente concebida – e agora criada – pela humanidade em milênios. Filósofos e cientistas primeiro reduziram o mundo a átomos, depois às partículas fundamentais, e então até mesmo de forças como a luz.
A partícula de Higgs não tem a ver apenas com a matéria da qual somos compostos, nem sobre como esta se comunica (como a luz que atinge nossos olhos a partir de uma galáxia distante); também não se trata de mais uma camada de uma cebola infinita de partículas cada vez menores. Trata-se da primeira parte do mecanismo que nos diz porque o universo é do jeito que é hoje, porque as estrelas brilham do jeito que brilham e porque a luz e a matéria são do jeito que são. Quem entre nós pode começar a imaginar aonde isso vai nos levar daqui a um século ou mesmo daqui a um milênio.
Para os cientistas que assistiram o anúncio do CERN nesta quarta, o impacto é radical. Muitos dedicaram suas vidas inteiras a essa busca e entre alguns a emoção era visivelmente arrebatadora. Este evento foi a confirmação do investimento da sociedade em um dos projetos mais desafiadores em termos teóricos, experimentais e tecnológicos.
A conquista pode ser facilmente comparada ao pouso do homem na lua. Isto funcionará como uma inspiração para as futuras gerações de jovens cientistas e engenheiros, muitos dos quais contribuirão para a sociedade de outras maneiras que não exatamente a física de partículas. O resto de nós deveria se orgulhar a respeito do fato de que o que foi conquistado com o conhecimento permanecerá como um testamento da dedicação da humanidade a entender a verdade.

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