segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

UM CALOTE DE R$ 44 BILHÕES


Depois da farra do crédito fácil, que alavancou o crescimento do País até 2010, nova classe média dá calote recorde e a economia brasileira patina. Impacto chegou a diferentes setores da economia
30 de dezembro de 2012 | 2h 06O Estado de S.Paulo

A técnica em enfermagem Wedna Bispo, 31 anos, ganha R$ 1,2 mil por mês e até outro dia devia quase R$ 34 mil na praça. Não consegue lembrar tudo que comprou, mas estava pendurada na loja de material de construção, em dois cartões de crédito, no banco e na faculdade. Estica prazo daqui, renegocia dali, agora só falta discutir R$ 2,6 mil com o curso de enfermagem. "Minhas dívidas viraram uma bola de neve. Se você não controla, só se lasca." Wedna admite ter se perdido nas compras, mas hoje percebe que o descontrole não foi só dela: num dos cartões de crédito, a administradora lhe deu limite para gastar R$ 1,2 mil por mês - exatamente o valor de seu salário.
Wedna é uma típica brasileira da nova classe média enrolada na armadilha do crédito fácil. Como ela, milhões de pessoas atraídas pela oferta de crédito abundante nos bancos se atiraram às compras em 2009, 2010 e no início de 2011. Este ano, a conta chegou. Para muitos, foi como acordar de um surto coletivo de embriaguez: as doses de crédito a mais desaguaram num calote total de R$ 44,2 bilhões em bancos, financeiras e no cartão de crédito. Para comparar, em 2010, a inadimplência total era de R$ 23,7 bilhões, quase a metade de hoje. As contas foram feitas pela economista Marianne Hanson, da Confederação Nacional do Comércio (CNC).
O reflexo do aumento da inadimplência e do maior comprometimento da renda das famílias com dívidas foi além do balanço dos bancos e respingou em setores da economia real. Depois do avanço de 7,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2010, o País patinou e cresceu 2,7% em 2011 e deve avançar apenas 1% este ano. Para os especialistas, o impacto pode persistir até 2014.
A ressaca só não é maior porque muitos inadimplentes renegociaram dívidas para limpar o nome. Foram pelo menos 15 milhões de pessoas apenas nos mutirões organizados - em escala recorde - por duas empresas de serviços financeiros, a Serasa Experian e a Boa Vista Serviços. "Tivemos uma bolha de crédito para o consumo. E a bolha sempre estoura com a inadimplência", diz José Roberto Mendonça de Barros, sócio da MB Associados.
Segundo várias avaliações, a maior parte dos inadimplentes são famílias emergentes que melhoraram de vida nos últimos anos e migraram da base para o miolo da pirâmide social. Parte dessa massa de 40 milhões de pessoas está tateando o mercado de crédito e acabou se perdendo no uso do cheque especial, do cartão de crédito e do financiamento sem entrada com parcelas a serem pagas em cinco anos ou mais.
O Instituto GEOC, que reúne 17 empresas de cobrança de dívidas, captou uma mudança significativa no perfil dos inadimplentes. Cinco anos atrás, o principal motivo para deixar de pagar a prestação era a perda do emprego. "Hoje o consumidor está empregado e o motivo é que tomou mais crédito do que podia", diz Jair Lantaller, presidente do instituto. Estudo do Ibope e da Serasa Experian, encomendado pelo GEOC, mostra que 87% dos inadimplentes e 69% de quem está com os pagamentos em dia chegam ao fim do mês sem dinheiro. "O brasileiro está cada vez mais endividado", confirma Lantaller.
Exageros. Passada a euforia, apareceram os exageros do festival de empréstimos. Não foram só os consumidores que erraram nas contas. Os bancos estavam entusiasmados com a nova classe média e emprestaram sem muito critério. O governo, empolgado com o aumento da renda da população, colocou os bancos federais para inundar a praça com crédito e alavancar a economia.
O gerente de uma grande concessionária Volkswagen de São Paulo conta que há cerca de dois anos, na disputa pela classe C, os bancos pagavam comissões às concessionárias e aos vendedores de 5% a 10% do valor financiado - prática depois proibida pelo Banco Central. "O crédito era automático. Se o nome não estava sujo, era aprovado", diz o gerente. "Na época, por exemplo, tinha muito camelô comprando carro bom e, como não tinha comprovação de renda, o banco pedia só o extrato bancário."
Um dos sinais mais marcantes dessa fase de exageros só apareceu mais tarde, na forma de um indicador que o mercado não costumava prestar atenção: de repente, os bancos descobriram que muitos dos que compraram carros em parcelas a perder de vista não pagaram sequer a primeira prestação. No Banco Votorantim, um dos líderes no financiamento de veículos, de 4% a 5% dos clientes deram calote já na primeira parcela entre 2010 e 2011. É o dobro dos 2% que o mercado costuma aceitar como índice máximo desse tipo de inadimplência.
Para piorar, o sistema de checagem dos clientes era limitado. Os bancos não tinham acesso aos dados sobre o comprometimento total da renda do comprador. Até abril deste ano, o Sistema de Informações de Créditos (SCR), do BC, só informava dívidas individualizadas acima de R$ 5 mil. Mesmo que o tomador tivesse vários contratos abaixo desse valor, não era identificado pelo sistema. Assim, a loja vendia um carro sem saber que a renda do cliente já estava comprometida em outras compras.
Hoje, dentro do governo, já há quem reconheça - com a condição de permanecer no anonimato - que houve exageros nas concessões de empréstimos em 2010. "Os bancos emprestavam sem entrada e por prazo superior à vida útil do bem. Se não tivéssemos atuado, o ajuste seria traumático", afirma uma fonte do BC, lembrando que a autoridade monetária tomou uma série de medidas no fim daquele ano para frear o crédito.
Os bancos são pragmáticos e encaram a inadimplência por outro ângulo: é o preço pago para transformar em clientes 36,2 milhões de pessoas que abriram conta em banco entre 2002 e 2011. "Os bancos não erraram, foi o preço que tivemos de pagar pela bancarização", diz um alto executivo de uma das maiores instituições financeiras do País. "Fomos compelidos pelas circunstâncias a essa velocidade."
Política de consumo. O estímulo à popularização do crédito e o incentivo às compras foram produtos de uma política de crescimento baseada no consumo. Começou com o governo Lula, na crise de 2008, e foi reforçada com as reduções temporárias de impostos para a compra de carros, eletrodomésticos e material de construção. O governo mandou seus bancos de varejo, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, abrirem os cofres para financiar o consumo. Em abril de 2009, o então presidente do BB, Antonio Francisco de Lima Neto, foi demitido porque demorou a cumprir a ordem do ex-presidente Lula.
No esforço de guerra para ampliar o crédito, o BB comprou quase metade do Banco Votorantim, da família Ermírio de Moraes. A Caixa comprou o Panamericano, mas essa estratégia deu errado porque o banco, que na época pertencia ao apresentador Silvio Santos, estava quebrado. Com a movimentação das instituições estatais, a banca privada sentiu-se pressionada a segui-las para não perder mercado.
Além da pressão de Brasília, as instituições privadas sofreram outro tipo de influência para turbinar a oferta de crédito. Na visão dos investidores, havia uma demanda por crédito reprimida no País e os bancos que se lançassem agressivamente na conquista desses consumidores ganhariam mais mercado. Foi com a promessa de abocanhar parte desse crescimento que o Santander levantou mais de R$ 14 bilhões com a abertura de seu capital no Brasil, em 2009. A operação foi, na época, a maior do tipo já realizada no País.
O caso do banco Votorantim foi exemplar. Na visão do mercado, o banco pisou forte demais no acelerador depois que o BB tornou-se sócio e passou a usá-lo como linha auxiliar na política oficial de estímulo ao consumo. Experiente no ramo de carros usados, o Votorantim passou a atuar também com veículos novos, segmento no qual a competição é maior. Como resultado, sua fatia no financiamento total de veículos saltou de 12% para 21% entre 2008 e 2011.
A onda de calotes, que envolveu todo o sistema financeiro, pegou forte no Votorantim. De janeiro a setembro, a instituição registrou prejuízo de R$ 1,6 bilhão ante lucro de R$ 455 milhões no mesmo período de 2011. Desde o fim do ano passado, o banco passa por um processo de reestruturação. "Os impactos ainda são relevantes, mas os números estão melhorando e o pior ficou para trás", diz o presidente do Votorantim, João Teixeira, que assumiu o cargo em setembro de 2011 para colocar a casa em ordem.
Para analistas, a ressaca da onda de calotes deve se estender até meados do ano que vem, em algumas instituições até 2014. "Em 2012, os bancos foram mais criteriosos e a turma ruim (de maus pagadores) está indo embora", diz Décio Carbonari, presidente da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef). "A água limpa que está entrando no lamaçal é pouca, por isso a inadimplência vai demorar a cair", afirma Luiz Rabi, assessor da Serasa Experian. /MÁRCIA DE CHIARA, CLEIDE SILVA, RAQUEL LANDIM, MELINA COSTA E DAVID FRIEDLANDER

Lucas veste camisa do PSG e ouve do 'dono' que será melhor do mundo







Em seu primeiro dia como jogador do Paris Saint-Germain, meia faz exames médicos, veste a camisa do novo time e recebe a visita do presidente

Por Daniela ScatolinDoha, Catar
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Lucas com a camisa do PSG (Foto: Divulgação / Site Oficial)Lucas com a camisa do PSG (Fotos C.Gavelle/PSG)
O primeiro dia de Lucas como jogador doParis Saint-Germain no Catar, onde a equipe francesa realiza um período de treinamento, foi de exames médicos, de vestir a camisa do novo time e de uma visita importante. O meia conheceu Nasser Al-Khelaifi, dono do PSG, que lhe desejou sorte e fez uma previsão bastante otimista para o futuro do atleta. Para o empresário e investidor, o jogador tem tudo para ser o melhor jogador do mundo.
Lucas foi contratado em agosto, mas um acordo entre o São Paulo e o clube francês permitiu que ele continuasse no Morumbi até o fim do ano. Além de faturar cerca de R$ 118 milhões, na transação mais cara do futebol brasileiro, o Tricolor ainda contou com a ajuda dele para sagrar-se campeão da Copa Sul-Americana e retornar à Taça Libertadores da América.Lucas se despediu do Brasil no último domingo, quando viajou para se integrar ao elenco do PSG no Catar.
Assim que terminou uma bateria de exames médicos, nesta segunda-feira em Doha, ele foi recebido por Nasser Al-Khelaifi, que comprou 70% do PSG em 2011 e no mesmo ano se tornou presidente do clube. Um pouco tímido e falando em inglês, Lucas cumprimentou o dirigente.
- Muito prazer em conhecê-lo - disse o atleta.
Lucas, PSG, com sheik (Foto: Divulgação / PSG)No Catar, Lucas é apresentado a Nasser Al-Khelaifi (de branco) que preside o Paris Saint-Germain
Al-Khelaifi elogiou o inglês de Lucas, disse ter ficado impressionado com a final da Sul-Americana, quando o atleta sangrou de tanto apanhar dos argentinos do Tigre no jogo que terminou no intervalo, e deu as boas vindas ao seu novo contratado.
- O que fez o Lucas vir para o Paris Saint-Germain não foi apenas o dinheiro, mas sim o planejamento que temos de ser um clube de ponta. E ele tem toda chance de ser o melhor jogador do mundo aqui.
Na terça-feira, também em Doha, Lucas será oficialmente apresentado como reforço. O PSG faz um amistoso na quarta, ainda no Catar. No dia seguinte a delegação segue para Paris.

Lucas chora em despedida do Brasil, mas diz: ‘Vou para ganhar o mundo’



Atacante embarca para intertemporada do PSG, no Catar, ganha recepção calorosa em aeroporto e se emociona: ‘É algo que fica para sempre’

Por Diego Ribeiro e Diogo VenturelliSão Paulo
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O último ato de Lucas em solo brasileiro teve choro, emoção e paciência. De saída para o Paris Saint-Germain, o atacante são-paulino embarcou na madrugada deste domingo para Doha, no Catar, onde a equipe francesa faz intertemporada durante a pausa de fim de ano da temporada europeia. No Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, cerca de 50 fãs de Lucas o esperavam no saguão, além de parentes e amigos. Emocionado, o atacante chorou ao abraçar o pai, que não viaja com ele neste primeiro momento.
Lucas, Embarque para a França (Foto: Diego Ribeiro / Globoesporte.com)Lucas recebe o carinho dos fãs na despedida (Foto: Diego Ribeiro / Globoesporte.com)
Lucas chegou ao aeroporto por volta de 1h30m e atendeu aos fãs por mais de uma hora. Com muita paciência, ele posou para dezenas de fotos, autografou camisas, revistas, faixas, e foi abraçado e beijado por algumas torcedoras, que não seguraram o choro. O jogador se mostrou feliz com a recepção, mas sem perder o foco no que o espera no novo clube.
- Muito legal ter esse carinho da torcida, é algo que fica para sempre. Vou guardar tudo isso com muito carinho. Esses últimos dias foram de muita ansiedade, fiquei bastante com a família, descansei, e agora vou para cumprir meus objetivos, jogar bem no PSG e ganhar o mundo – disse Lucas.
Lucas, Embarque para a França (Foto: Diego Ribeiro / Globoesporte.com)Lucas não esconde a emoção antes do embarque
(Foto: Diego Ribeiro / Globoesporte.com)
O jogador embarcou com a mãe, Fátima, e o empresário Wagner Ribeiro. Com tanta emoção das fãs, ambos também foram assediados. A mãe de Lucas vai morar com o atacante em Paris. O pai deve embarcar nos próximos dias.
- Vai ser importante ter essa estrutura familiar. Vou levar todo mundo, espero que a adaptação seja rápida – afirmou Lucas.
Por volta das 2h40m, o ex-são-paulino entrou na sala de embarque e deixou para trás fãs inconsoláveis. Uma garota chegou a se jogar no chão e chorar copiosamente, indignada com a transferência de Lucas.
O atacante deve ser apresentado à imprensa ainda no Catar. Ele se junta ao elenco do PSG na segunda-feira e não terá problemas na intertemporada, já que jogou até a metade de dezembro pelo São Paulo. No Oriente Médio, o clube francês disputa um amistoso com o Lekhwiya, clube local, no dia 2 de janeiro.
- Fiquei bem tranquilo nas férias, não foram tantos dias assim, então vou retomar o ritmo rapidamente – avisou.
Lucas, Embarque para a França (Foto: Diego Ribeiro / Globoesporte.com)Fãs se despedem do craque no Aeroporto de Cumbica (Foto: Diego Ribeiro / Globoesporte.com)
Com a venda de Lucas, o Tricolor vai faturar R$ 117,8 milhões, valor atualizado com a valorização do euro sobre a moeda brasileira no último semestre. Na época da negociação com o PSG, em agosto, as cifras eram de cerca de R$ 107,5 milhões.

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Saúde de Chávez se complica, e Caracas cancela festa de Réveillon



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JORDI MIRO
DA AFP, EM CARACAS
O agravamento do estado de saúde do presidente venezuelano, Hugo Chávez, levou à suspensão nesta segunda-feira dos festejos públicos de fim de ano em Caracas e espalhou a angústia entre os partidários, que encheram as redes sociais com mensagens de ânimo.
Chávez apresenta "novas complicações" após a operação a qual foi submetido em Havana em 11 de dezembro contra um câncer, anunciou o vice-presidente Nicolás Maduro no domingo, em uma mensagem transmitida à nação e divulgada por todas as redes de televisão.
Maduro é o sucessor designado por Chávez e está em Havana.
Nesta segunda, as ruas da capital amanheceram tranquilas. Os jornais dedicaram as primeiras páginas à notícia. "Não sei o que irá acontecer com Chávez, mas nunca havíamos passado um Natal assim, só Deus sabe o que acontecerá com ele e conosco", disse Miguel Enrique, um aposentado de 70 anos do leste de Caracas que estava prestes a entrar na missa.
O tradicional show para encerrar o ano, na Praça Bolívar, foi imediatamente cancelado. Autoridades convidaram "as famílias de Caracas e as venezuelanas em geral a esperar o Ano-Novo reunidas em cada lar, em uma oração de fé e esperança pela saúde" de Chávez, disse o ministro da Informação, Ernesto Villegas.
No site Twitter, as hashtags #ForçaChávez, #ChávezViveráeVencerá e #EuAmoChávez acompanhavam centenas de mensagens escritas por membros do alto escalão do governo venezuelano, mas também por cidadãos anônimos.
Os opositores de Chávez também reagiram às notícias de Havana. "Não quero que Chávez morra. Ficaríamos muito mal como povo se uma doença precisasse fazer nosso trabalho para retirá-lo do poder", disse Enrique Vásquez (@Indiferencia).
O presidente foi operado em 11 de dezembro pela quarta vez para a retirada de um câncer detectado em meados de 2011 e, desde então, o governo informou em conta-gotas a evolução de seu estado de saúde.
"Decidimos permanecer nas próximas horas em Havana acompanhando o comandante e sua família, muito atentos ao processo de evolução", disse Maduro.
"Acreditamos que a avalanche mundial de amor e solidariedade em direção ao comandante Chávez junto a sua imensa vontade de vida e o cuidado dos médicos especialistas ajudarão nosso presidente a travar com êxito esta nova batalha", acrescentou Maduro, que também ocupa o cargo de chanceler.
Chávez, 58, foi reeleito no dia 7 de outubro e a posse estava prevista para 10 de janeiro perante a Assembleia Nacional, segundo dita a Constituição. No entanto, o governismo afirmou que a data é adiável se o presidente não estiver neste dia em condições de reassumir o poder. Ele deverá receber um novo mandato de seis anos de duração.
Pouco após a divulgação da notícia por Maduro de Havana, o ministro da Informação da Venezuela, Ernesto Villegas, rejeitou no canal oficial VTV os rumores que se intensificaram nas últimas horas nas redes sociais sobre a suposta morte do presidente.

Vulcão equatoriano registra mais de 20 explosões e 95 tremores



30 de Dezembro de 2012  23h07  atualizado às 23h18
Mais de 20 explosões e 95 tremores leves foram registrados neste domingo no vulcão Tungurahua, no centro dos Andes de Equador, segundo informou o Instituto Geofísico (IG) da Escola Politécnica Nacional.
"A atividade sísmica do vulcão se mantém caracterizada pelos sinais gerados por movimento de fluidos no interior da montanha", assinalou o IG em seu último relatório.
Também foram registrados 25 episódios de tremor, ou tremores constantes, pela emissão de vapor e cinza, embora o IG não tenha recebido informações sobre a queda desse material vulcânico em povoados das redondezas.
O que os habitantes dos arredores escutaram foram ruídos fortes, como rugidos de baixa intensidade, mas não se puderam fazer observações da superfície da cratera, devido ao céu encoberto na região, acrescenta o relatório do IG.
O Tungurahua, de 5.016 metros de altura, iniciou em meados deste mês um novo pulso explosivo, dos quais costuma experimentar desde 1999 quando começou um processo de erupção, caracterizado por intercalar períodos de alta atividade e lapsos de relativa calma.
 
EFE - Agencia EFE - Todos os direitos reservados. Está proibido todo tipo de reprodução sem autorização escrita da Agencia EFE S/A.

Crise faz milionários e celebridades venderem ilhas pela metade do preço


Aiana Freitas
Do UOL, em São Paulo
A crise financeira que afetou em cheio os países desenvolvidos tem impactado também um mercado extremamente exclusivo, acessado apenas por milionários e celebridades: o das ilhas particulares. De 2008 para cá, o preço das ilhas caiu praticamente pela metade.
Executivos que atuam nesse mercado dizem que o colapso da economia fez com que muita gente tivesse de se desfazer de seus paraísos particulares, Com o aumento da oferta, os preços desabaram.
"Antes da crise, os preços subiram muito. Ilhas que custavam US$ 500 mil chegaram a ser vendidas por US$ 800 mil", diz o diretor da imobiliária alemã Vladi Private Islands, Pedro Arez. "Agora, elas estão sendo vendidas até pela metade do preço."

Ilhas à venda pelo mundo




Foto 7 de 19 - TIPAEMAY, POLINÉSIA FRANCESA - Essa ilha no meio do Oceano Pacífico é caracterizada pelos imensos coqueiros e pela areia branca. Tem cerca de 120 mil m² e está à venda na Vladi Private Islands por US$ 3,2 milhões www.vladi-private-islands.de/Vladi Private Islands
Além da Alemanha, a Vladi tem escritórios no Canadá, na Nova Zelândia e na China e negocia paraísos localizados em praticamente todos os oceanos do mundo. No portfólio da empresa está, por exemplo, a ilha da cantora Celine Dion, que tem como construção principal um castelo. É anunciada por US$ 30 milhões.
O diretor da imobiliária canadense Private Islands Online, Chris Krolow, confirma que os preços estavam inflados, sem motivo, antes de 2008. Agora, segundo ele, muitos proprietários que fizeram melhorias em suas ilhas (algumas construções são até à prova de furacão) anunciam preços relativamente altos, mas com margem para negociação.
Krolow diz que, quando sua empresa foi criada, em 1999, ele não sabia se de fato existiria um mercado para ilhas no mundo. "Mas, com o passar do tempo, muitas ilhas passaram a ser habitáveis e o mercado começou a crescer."

Imobiliária vende de 15 a 20 ilhas por ano

Com sede em Toronto e escritórios em Vancouver e nas Bahamas, a Private Islands Online planeja abrir uma unidade na Ásia no ano que vem. "Cerca de 80% dos compradores são americanos, mas o interesse dos asiáticos por ilhas tem aumentado", diz Krolow.
O aumento do interesse de pessoas de outras nacionalidades, porém, não faz com que esse mercado seja grande atualmente. "Por ano, vendemos de 15 a 20 ilhas", calcula Krolow.
Os obstáculos envolvidos na compra de uma ilha acabam afastando interessados, segundo ele. Cada país tem uma legislação específica sobre o assunto, mas o mais comum é que as ilhas pertençam ao Estado e os compradores tenham apenas o direito de uso. Alguns governos também restringem construções.

"Pechinchas" partem de US$ 50 mil

Ainda que essas ilhas não sejam uma possibilidade real para a maioria das pessoas, pode-se dizer até que tem sido possível encontrar "pechinchas" pelo mundo, como propriedades vendidas a US$ 50 mil. "Algumas ilhas custam o preço de um automóvel", diz Arez, da Vladi Private Islands.
As mais baratas, porém, não estão exatamente situadas em destinos de sonho. Uma das propriedades mais em conta à venda pela Vladi é uma ilha localizada em um lago canadense que tem apenas três meses de temperatura amena. Ilhas em paraísos tropicais, como o Caribe, costumam estar entre as mais caras.

Ilha para passeio, negócio ou investimento

Os objetivos dos donos de ilhas se dividem em basicamente três. Alguns compram para uso próprio, para levar família e amigos. Outros pensam em montar um negócio, como um resort ou um restaurante. E existem ainda as pessoas que olham para a ilha como um investimento, e compram apostando que conseguirão obter lucro numa venda futura.
"Existem até colecionadores de ilhas", diz Arez.
Para ele, as ilhas povoam o imaginário das pessoas e, por isso, esse é um mercado que tende a crescer. "Todos temos momentos em que sentimos que estamos trabalhando muito, ou estamos muito estressados, e pensamos como seria bom passar um tempo numa ilha."