quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Livro diz que Venezuela pediu às Farc para matar opositores do governo


10/05/2011 08h52 - Atualizado em 10/05/2011 14h00


Instituto analisou documentos encontrados em computador de ex-líder morto.
Presidente do Equador teria aceitado dinheiro das Farc em eleição de 2006.

Do G1, com agências internacionais
As Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), principal guerrilha colombiana, têm um histórico de colaborações com autoridades venezuelanas, que inclui desde treinamento em guerrilha urbana de grupos pró-governo até o assassinato de opositores do governo de Hugo Chávez, dizem documentos divulgados nesta terça-feira (10) pelo Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS, na sigla em inglês).

De acordo com o estudo, documentos encontrados em um computador de Raúl Reyes, ex-número dois das Farc morto em 2008, a guerrilha serviria como uma espécie de colaboradora do serviço de inteligência venezuelano, embora “não haja evidência de que o presidente Hugo Chávez soubesse das execuções de opositores ou até mesmo de que tenham sido realizadas".
O presidente venezuelano, Hugo Chávez, desfila em carro aberto durante comemorações do 1º de Maio em Caracas (Foto: AFP)O presidente venezuelano, Hugo Chávez, desfila em carro aberto durante comemorações do 1º de Maio em Caracas (Foto: AFP)
"As Farc também responderam aos pedidos (...) para proporcionar treinamento em
terrorismo urbano envolvendo assassinatos direcionados e uso de explosivos. Além disso, o arquivo oferece sugestões perturbadoras mas sem confirmação de que as Farc podem
ter assassinado inimigos políticos de Chávez em nome do Estado venezuelano", diz um trecho do estudo divulgado pelo IISS.

Os documentos fazem parte de um livro de 240 páginas intitulado “The FARC Files: Venezuela, Ecuador and the Secret Archive of Raúl Reyes” (“Os Arquivos das Farc: Venezuela, Equador e o Arquivo Secreto de Raúl Reyes”, em tradução livre), lançado nesta terça (10) em Londres.
Embora alguns dos documentos já fossem públicos, segundo o “New York Times”, o lançamento de um CD que acompanhará o livro traz documentos inéditos sobre a guerrilha colombiana. O lançamento ocorre num momento delicado para o governo venezuelano, após Chávez ter admitido no mês passado pela primeira vez que alguns dos seus aliados políticos colaboraram com as Farc, embora “pelas nossas costas”.

Um dos arquivos descreve um encontro secreto na Venezuela em setembro de 2000 entre Chávez e o comandante das Farc Raúl Reyes, morto em março de 2008, após um ataque colombiano em território equatoriano. No encontro, Chávez teria concordado em emprestar dinheiro à guerrilha para a compra de armas.

De acordo com o jornal, o governo venezuelano não respondeu aos pedidos da reportagem para comentar o caso.
Equador
No trecho dedicado ao Equador, o livro afirma que o presidente Rafael Correa supostamente solicitou e aceitou financiamento das Farc durante a campanha eleitoral de 2006.
"Os arquivos e outras fontes sugerem coletivamente que Correa solicitou pessoalmente e aceitou fundos ilegais das Farc em sua primeira campanha eleitoral em 2006, e que o respaldo político e financeiro da guerrilha desempenharam um papel ao garantir a vitória", destaca o texto do instituto britânico
Para a guerrilha colombiana, a chegada de Correa ao poder representou "o clímax de anos de esforços crescentes para infiltrar-se no território e na política equatorianos", afirma o 'think tank', cujos especialistas analisaram durante dois anos o material apreendido no acampamento das Farc no qual Reys foi morto.
O informe destaca, no entanto, que as Farc nunca gozaram no Equador de um respaldo oficial comparável ao que tinham na Venezuela.
"O uso do território equatoriano pelo grupo nunca recebeu autorização oficial", afirma o IISS.
Para o IISS, uma das coisas que os arquivos de Reyes demonstram são as dificuldades que as incursões das Farc em território equatoriano representam tanto para o governo de Quito como para o de Bogotá.
Junto com Reyes morreram outras 24 pessoas, entre elas quatro mexicanos e um equatoriano, o que levou Correa a romper relações diplomáticas com a Colômbia, antes da retomada no fim de 2010, meses depois de Juan Manuel Santos ter sucedido Álvaro Uribe na presidência.

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