domingo, 15 de janeiro de 2012

Carta aberta a Gustavo Petro



Não é só no Brasil. Também na Colômbia, assim que um terrorista chega ao poder político, impor o desarmamento aos cidadãos de bem se torna prioridade. A opinião da população e os riscos que ela corre num país tomado pela violência pouco importam.
  
Bogotá, 11 de janeiro de 2012
Senhor,
Gustavo PetroPrefeitura da Capital Bogotá
“Muitos homens cometem o erro de substituir o conhecimento, pela afirmação de que é verdade o que eles desejam”.
Bertrand Russell

Ante sua persistência em forçar um “desarmamento total” dos portadores de armas com salvo-conduto, expresso-lhe o seguinte: 
a. - A cidade de Bogotá, do mesmo modo que a Colômbia inteira, encontra-se em pleno conflito armado, atropeladas pela ação criminosa do narcotráfico e seu consumo, pela subversão, pelas máfias e a delinqüência organizada em qualquer escala, ante o qual a Força pública viu-se transbordada, em boa medida, pelas injustas normas penais que favorecem o delinqüente, aprovadas durante o seu exercício político e parlamentar. Ordenar o desarmamento da população em meio do conflito armado, é um ato abertamente hostil e arbitrário contra os cidadãos que não aceitamos a extorsão, nem a submissão armada guerrilheira - na qual o senhor militou - nem de qualquer grupo armado ilegal.
b. - Os Senhores do Polo (Democrático Alternativo) [1] manipularam as estatísticas sobre causalidade criminal nesta cidade, ocultando crimes nas estatísticas, generalizando a responsabilidade dos crimes cometidos com armas de fogo aos portadores com salvo-conduto, o que, além de vulnerar direitos fundamentais dos portadores legais, é uma falsidade, posto que a maioria dos crimes são cometidos com armas e munições do mercado negro que os senhores do Polo não controlaram nos 8 anos anteriores.
c. - O senhor confunde o delito doloso com o culposo e as causais de justificação contempladas no ordenamento penal. Para o senhor, preocupantemente, tudo é igual.
d. - Sua animosidade ao termo “auto-defesa” ou a legítima defesa dos cidadãos, mostra uma inadmissível ignorância jurídica, fruto do viés político cultivado em sua militância armada terrorista no M-19, do qual, por suas expressões, ainda não se desprendeu, e da qual o convidamos a que se desarme. O senhor pretende coibir o legítimo direito à defesa da vida, famílias e bens dos cidadãos? 
e. - O senhor confunde pacifismo com ser pacífico. Os cidadãos, em sua grande maioria, somos pacíficos. Ao contrário dos grupos guerrilheiros, como fez o senhor, não agredimos, nem atentamos contra a vida, nem contra os direitos dos demais, mas exercemos sim o direito natural de defender nossa vida quando se nos ataque injustificadamente, e o senhor não tem capacidade legal nem natural para limitar os meios de defesa, a menos que percorra os caminhos do abuso de poder, do qual se vangloriam os tiranos comunistas e nazistas.
f. - Sua proibição de defesa pessoal aos portadores legais de armas não contempla o desarmamento das milícias do movimento subversivo que contam com um sofisticado arsenal, que até agora parece não preocupá-lo, e que são as responsáveis pelos atentados terroristas e os crimes de meninos, homens e mulheres que têm sacudido a alma da cidadania capitalina. Recolha suas armas em lugar de desarmar suas vítimas.
g. - Os municípios vizinhos à capital, têm presença de grupos subversivos. Que torcidos propósitos se encontram escondidos? Pretende entregar os bogotanos inermes quando saiam da cidade?
h. - O senhor não leva em conta os informes sobre armas na Colômbia, apresentado pela ONU em 2006 e 2009, que demonstra todo o contrário do que o senhor diz, ao afirmar que “o desarmamento como tal não tem nenhum efeito sobre a diminuição da violência, se não se eliminam as razões ou móveis”, evidenciando-se, então, que ao não estar eliminadas as causas da criminalidade maciça, como são os grupos delinqüenciais, esta medida torna-se um ato arbitrário que vai na contra-mão com as realidades dos países que adotaram a proibição do porte legal de armas, nos quais os delitos com arma de fogo se incrementaram, como se corrobora, entre outros, na antiga URSS, Inglaterra e Austrália. Não se pode desarmar os cidadãos de bem, deixando a caçapa do mercado negro de armas e munições nas mãos dos criminosos, assegurando-lhes que seus maus-feitos encontrassem uma cidadania desarmada permanentemente.
i. - Por último, seu estilo, perigosamente, não é democrático, posto que impõe sua vontade acima da razão e das estatísticas, sem abrir espaços de participação às organizações de portadores legais de armas às quais não convocou. Simplesmente comporta-se como um führer, ao qual, como aos tiranos comunistas, também lhes deu prazer desarmar seus povos para submetê-los inermes a seu despotismo.
j. - Senhor Petro: deixe a obsequiosidade. Historicamente, a esquerda sempre pretendeu desarmar os cidadãos que se lhes opõem, deixando armadas as guerrilhas nas quais militaram ou nas que acreditaram, e as que, quando menos, lhes justificam suas práticas e que delinqüem com armas estrangeiras, especialmente venezuelanas. Outra vez, a burra ao trigo e meu compadre à cevada?

Dr. Fernando Vargas Quemba
Presidente do Comitê de Vítimas das Guerrilhas - VIDA

Notas da tradutora:

[1] Polo Alternativo Democrático é um partido comunista, pertencente como membro ativo do Foro de São Paulo, do qual Gustavo Petro, hoje perfeito de Bogotá, foi presidente até o ano passado. Por ter sido derrotado à eleição para a Presidência da República, onde venceu Juan Manuel Santos, abandonou o Polo e em seguida candidatou-se a prefeito saindo vitorioso.
[2] Mal tomou posse como prefeito de Bogotá, no dia 1º de janeiro de 2012, Petro anunciou que vai criar uma lei proibindo a posse e o porte de arma de fogo para os civis, do mesmo modo que se pretende aqui no Brasil pela segunda vez. A diferença absurda é que ele não pretende ouvir ninguém a esse respeito, mostrando todo o seu autoritarismo comunista, como muito bem descreve em seu artigo o Dr. Fernando Vargas, brilhante advogado penalista colombiano e que sofreu um atentado em março do ano passado por defender as vítimas dos terroristas, notadamente os militares.


Tradução: Graça Salgueiro

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