Do site Juventude Conservadora da UNB
O Brasil é um país surpreendente. Aqui, para alguém ser considerado um "especialista" ou um "intelectual" renomado e digno de nota, o único pré-requisito necessário é falar sobre aquilo do qual se conhece absolutamente nada numa linguagem pseudo-acadêmica, valendo-se de expedientes erísticos que fariam Schopenhauer chorar de satisfação (ou desalento). Nas universidades brasileiras, via de regra, aqueles que são tidos como grandes pensadores, gigantes do intelecto que tiraram a Humanidade das trevas da ignorância e da barbárie, são usualmente os maiores semeadores de ignorância e barbárie -- dê uma passadinha rápida no Departamento de Serviço Social da Universidade de Brasília e você verá uma foto enorme de um jovem e galante Karl Marx num dos gabinetes. Não é de se impressionar, portanto, que tenhamos "especialistas" aos borbotões, todos ansiosos para emitir opiniões indignadas sobre os mais variados temas, mas que frequentemente utilizam raciocínios frágeis, alicerçados, na mais bela e rara das hipóteses, em meias verdades.
A pesquisadora Adriana Coelho Saraiva, doutora em Estudos Comparados sobre as Américas pela Universidade de Brasília, teve hoje um artigo de opinião publicado pela Secretaria de Comunicação da UnB no portal da universidade. Intitulado "A Ocupação de Wall Street e o Cenário de Insurgência Contemporâneo", o artigo da Dr.ª Saraiva confunde alhos com bugalhos, mistura conceitos, reforça lugares-comuns que perderam o viço de tanto serem usados pela esquerda e, no fim das contas, não apresenta nada além de um viés panfletário -- aliás, diante do histórico da Secom, isso já não causa choque algum.
A tergiversação começa quando se tenta buscar uma equivalência democrática entre a "Primavera Árabe", os protestos na Espanha, o caos promovido em Londres, as ebulições na Grécia e a vedete do momento, o "Ocupe Wall Street". Todos estão, de acordo com a pesquisadora, lutando contra a opressão -- de regimes despóticos brutais, no caso dos árabes, e de uma "grave crise econômica que corrói espaços de cidadania e subtrai direitos sociais adquiridos", no caso de europeus e americanos. No caso da "Primavera Árabe", o que a pesquisadora esqueceu de mencionar, apesar de citar brevemente a ocorrência de "intrincadas questões de caráter religioso" nesse caso, é que as autocracias sublevadas no Norte da África, que tinham caráter secular, caíram para dar lugar a regimes teocráticos islâmicos. Uma evidência bastante ilustrativa foi o massacre de cristãos coptas no Egito ocorrido em outubro.
Quando a Dra. Saraiva começa a tratar do tema central de seu artigo, o movimento "Ocupe Wall Street", é quase impossível, ao leitor desatento e ingênuo, não tomar a turma revoltosa de Nova York como bastiões da Liberdade, da Igualdade e da Fraternidade. Nos primeiros dias, diz a pesquisadora, "o movimento, composto por duas centenas de jovens estudantes e/ou desempregados e um grupo de ativistas mais experientes, passou os primeiros dias persistentemente ignorado pela mídia corporativa" -- como se um protesto de pequenas proporções, conduzido grupo de duzentas pessoas, fosse midiaticamente relevante em uma grande metrópole de 18 milhões de pessoas. Foi somente após "a partir de violenta repressão perpetrada pela polícia novaiorquina contra os ativistas" -- i. e., o término da obstrução ilegal da ponte do Brooklyn, uma das vias de maior tráfego de Nova York -- que o "Ocupe Wall Street" ganhou destaque na "mídia corporativa". Continua a Dra. Saraiva (grifo meu):
A pesquisadora Adriana Coelho Saraiva, doutora em Estudos Comparados sobre as Américas pela Universidade de Brasília, teve hoje um artigo de opinião publicado pela Secretaria de Comunicação da UnB no portal da universidade. Intitulado "A Ocupação de Wall Street e o Cenário de Insurgência Contemporâneo", o artigo da Dr.ª Saraiva confunde alhos com bugalhos, mistura conceitos, reforça lugares-comuns que perderam o viço de tanto serem usados pela esquerda e, no fim das contas, não apresenta nada além de um viés panfletário -- aliás, diante do histórico da Secom, isso já não causa choque algum.
A tergiversação começa quando se tenta buscar uma equivalência democrática entre a "Primavera Árabe", os protestos na Espanha, o caos promovido em Londres, as ebulições na Grécia e a vedete do momento, o "Ocupe Wall Street". Todos estão, de acordo com a pesquisadora, lutando contra a opressão -- de regimes despóticos brutais, no caso dos árabes, e de uma "grave crise econômica que corrói espaços de cidadania e subtrai direitos sociais adquiridos", no caso de europeus e americanos. No caso da "Primavera Árabe", o que a pesquisadora esqueceu de mencionar, apesar de citar brevemente a ocorrência de "intrincadas questões de caráter religioso" nesse caso, é que as autocracias sublevadas no Norte da África, que tinham caráter secular, caíram para dar lugar a regimes teocráticos islâmicos. Uma evidência bastante ilustrativa foi o massacre de cristãos coptas no Egito ocorrido em outubro.
Quando a Dra. Saraiva começa a tratar do tema central de seu artigo, o movimento "Ocupe Wall Street", é quase impossível, ao leitor desatento e ingênuo, não tomar a turma revoltosa de Nova York como bastiões da Liberdade, da Igualdade e da Fraternidade. Nos primeiros dias, diz a pesquisadora, "o movimento, composto por duas centenas de jovens estudantes e/ou desempregados e um grupo de ativistas mais experientes, passou os primeiros dias persistentemente ignorado pela mídia corporativa" -- como se um protesto de pequenas proporções, conduzido grupo de duzentas pessoas, fosse midiaticamente relevante em uma grande metrópole de 18 milhões de pessoas. Foi somente após "a partir de violenta repressão perpetrada pela polícia novaiorquina contra os ativistas" -- i. e., o término da obstrução ilegal da ponte do Brooklyn, uma das vias de maior tráfego de Nova York -- que o "Ocupe Wall Street" ganhou destaque na "mídia corporativa". Continua a Dra. Saraiva (grifo meu):
Mas afinal, o que querem os acampados de Wall Street? Por que ocupam o centro financeiro do capitalismo global e qual a sua pauta de reivindicações?
Para responder a essas perguntas é preciso saber primeiro quem são os ocupantes de Wall Street. Isso pode ser feito a partir do exame daquele que se tornou o principal slogan do movimento:estes são os 99% da população, ou seja, a esmagadora maioria, vítima das práticas extorsivas do sistema financeiro em geral, sob o beneplácito de governos, regras e estruturas estatais e supra-estatais, que canalizam as riquezas constituídas para o 1% restante da sociedade. Este processo ocorre em todo o continente europeu,premido por políticas de ajuste fiscal propostas por governos e agências multilaterais afinadas com a agenda do "Consenso de Washington" (aquela que tanto estrago causou entre nós, latino-americanos, na década de 1990).
Em se tratando de uma pesquisadora com grau de doutorado, a suspeita de ingênua ignorância pode ser facilmente descartada e substituída pela tese de desonestidade intelectual. Como já publicamos aqui, o Consenso de Washington não foi responsável, nem de perto, pela crise generalizada vivida pela América Latina nos anos 1990. Por quê? Porque ele simplesmente não foi aplicado pelos países latino-americanos. Aliás, pode-se perfeitamente apontar a crise latino-americana dos anos 1990 como sendo oriunda da não-implementação do Consenso de Washington. A manipulação da taxa de câmbio, por exemplo, foi um dos maiores agravantes da erosão econômica da América Latina -- o caso mais emblemático é o da Argentina, cuja paridade peso-dólar (uma política diametralmente oposta ao Consenso de Washington) quase destruiu definitivamente a economia daquele país. Diante disso, pergunto: será que a Dra. Saraiva já chegou alguma vez perto de ler o Consenso de Washington tal qual foi escrito?
Outra pergunta que emerge do trecho acima reproduzido é: os manifestantes do "Ocupe Wall Street" são realmente os 99%? Como publiquei aqui há algumas semanas, o "Ocupe Wall Street" foi orquestrada pelo The NYC General Assembly -- uma organização de "estudantes", "intelectuais", sindicalistas, "artistas" e "advogados" -- juntamente com o Adbusters, o Anonymous e aNational Lawyers Guild. Para uma manifestação "popular" que visa expor as contradições inconciliáveis do sistema capitalista e propor uma alternativa a esse sistema (o nome disso costuma ser revolução socialista), não é estranho que uma das organizações mais ativas do "Ocupe Wall Street" seja financiada pelo multimilionário George Soros, um dos maiores megainvestidores do mundo? Afinal, não é contra gente como Soros que o "Ocupe Wall Street" está se manifestando?
Adiante, diz a Dra. Saraiva (grifos meus):
Outra pergunta que emerge do trecho acima reproduzido é: os manifestantes do "Ocupe Wall Street" são realmente os 99%? Como publiquei aqui há algumas semanas, o "Ocupe Wall Street" foi orquestrada pelo The NYC General Assembly -- uma organização de "estudantes", "intelectuais", sindicalistas, "artistas" e "advogados" -- juntamente com o Adbusters, o Anonymous e aNational Lawyers Guild. Para uma manifestação "popular" que visa expor as contradições inconciliáveis do sistema capitalista e propor uma alternativa a esse sistema (o nome disso costuma ser revolução socialista), não é estranho que uma das organizações mais ativas do "Ocupe Wall Street" seja financiada pelo multimilionário George Soros, um dos maiores megainvestidores do mundo? Afinal, não é contra gente como Soros que o "Ocupe Wall Street" está se manifestando?
Adiante, diz a Dra. Saraiva (grifos meus):
Os efeitos da ocupação de resistência são percebidos em duas dimensões distintas. A primeira relaciona-se aos efeitos diretos que a ação desencadeia e aos seus desdobramentos para o sucesso da causa. A segunda diz respeito à própria experiência que a ocupação propicia. Ou seja, ao tempo em que criam fatos políticos na sociedade, as ocupações são também um espaço privilegiado onde se gera uma dinâmica interna peculiar. É nesse espaço que se estabelecem novas regras de relacionamento e convivência no grupo (referentes a relações de gênero, tratamento do lixo, cuidados com a limpeza e alimentação do grupo, etc). São formas específicas de discussão dos temas e tomada de decisão, baseadas na horizontalidade, não liderança e consenso, e que se procura construir o dia a dia da ocupação segundo a concepção de que o pessoal (e cotidiano) também é político.
Assim, a experiência da ocupação repercute, fundamentalmente, em seus participantes e nas relações que estabelecem entre si, constituindo-se em uma oportunidade privilegiada para a ampliação e divulgação da perspectiva do movimento, por meio da intensa experiência cotidiana de seus princípios de atuação por parte dos integrantes do ato. Será nesse ambiente que se constituirão relações, princípios e práticas alternativos aos vigentes no sistema contestado pelos ativistas, qual seja, aquele regido pela lógica capitalista e pela democracia representativa.
O suposto caráter autonomista do "Ocupe Wall Street" é uma farsa, e há dezenas de evidências disso. Aliás, não é a primeira vez que a pesquisadora atribui a movimentos politicamente aparelhados a ideia de "horizontalidade, não liderança e consenso". Em um artigo intitulado "Não fazemos política como nossos pais", publicado na edição nº 6 da Revista Darcy, a idéia de movimento autonomista tentou ser colada à ocupação da Reitoria da UnB, em 2008, e ao Movimento Fora Arruda, de 2009. Teci considerações sobre esse artigo em um texto publicado em junho no blog da Aliança pela Liberdade.
Para encerrar vejam o vídeo abaixo:
Para encerrar vejam o vídeo abaixo:
A pesquisadora diz que durante a ocupação "se constituirão relações, princípios e práticas alternativos aos vigentes no sistema contestado pelos ativistas". Assim sendo, podemos tomar que os comportamentos dos manifestantes serão a linha-mestra do sistema que eles pretendem instaurar. Como mostra o vídeo, o anti-semitismo deve estar no topo da lista de prioridades. Bonito, não é?
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