Nesta idade provecta, da qual vivi 30 como militar ( de aluno da EPSP a TC ) e 28 como professor universitário e consultor empresarial, sinto-me, sem falsa modéstia, capaz de avaliar, com razoável grau de certeza, os dois “ mundos e seus habitantes ”: o mundo civil e o mundo militar.
De antemão confesso que, embora tenha ingressado prematuramente na reserva e mesmo tendo alcançado o “ generalato ”no mundo civil (acadêmico), com a experiência que adquiri, se pudesse voltar ao passado começaria tudo de novo, isto é, ingressaria na Escola Preparatória e permaneceria no EB até o último dia da expulsória apesar de saber que financeiramente a segunda opção seria mais vantajosa, pois:
No mundo civil temos patrão, o dono do negócio, e somos empregados, qualquer que seja o nível.
No mundo militar temos comandantes, não temos donos e não somos empregados, servimos à pátria, por vocação e como voluntários.
No mundo civil não existe carreira e sim carreirismo, que rima com puxa saquismo.
No mundo militar existe carreira, as regras do jogo são claras e quem as cumpre ascende, inevitavelmente, aos postos/graduações superiores, independentemente de qualquer outra condição.
No mundo civil não existe noção de patriotismo, o interesse pessoal prevalece sobre o interesse social.
No mundo militar somos condicionados, desde os primeiros dias na caserna, a considerar “ a pátria acima de tudo ! ”
No mundo civil os colegas de trabalho odeiam-se amigavelmente, pois são concorrentes em ambientes em que a regra do jogo é simples: consiste em disputar e ganhar a preferência do dono do negócio.
No mundo militar somos mais do que colegas de trabalho, somos colegas de turma que se reúnem periodicamente para relembrar com saudade os velhos tempos de caserna.
Meus companheiros civis, que constituem honrosas exceções, confirmam a regra.
O que me torna otimista ( seria melhor classificar-me como realista ) é precisamente o fato de ter vivido nos dois mundos e por isso saber que, por pior que seja o governo ( como é o caso dos governos da nova ( ? ) República ), os políticos conhecem as virtudes que fazem a força dos militares e temem-na como se fora a Espada de Dâmocles sobre suas cabeças.
BATALHA
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