quinta-feira, 26 de setembro de 2013

O verniz turvo do XIX Encontro do Foro de São Paulo





O XIX Encontro do Foro de São Paulo (FSP), ocorrido entre os dias 31 de julho e 4 de agosto, pretendeu “parecer” um evento normal e aberto, onde partidos e organizações de esquerda discutiam e debatiam os avanços do socialismo nos países do continente. O Secretário Executivo do Foro, Valter Pomar (PT), chegou mesmo a gravar um vídeo afirmando que “todos os encontros são abertos, democráticos e de ‘ampla divulgação’ na mídia”. Então, para garantir que suas palavras conferiam com a realidade, o site da organização modificou o layout, apresentou ao vivo alguns discursos, publicou fotos do evento e assim acreditou que “calaria a boca” dos inconvenientes que insistiam em denunciar o caráter secreto desta organização.
De tudo o que pude apurar até a presente data – as coisas são publicadas a conta-gotas e com muito critério -, as “palestras” e discursos apresentados no site foram aqueles mais desimportantes, uma vez que as decisões e deliberações mais graves não chegam sequer ao conhecimento da militância miúda, que não passa de meros soldados rasos que estão lá apenas para cumprir ordens sem discuti-las.
Ao contrário da afirmação de Pomar, não se viu nenhuma cobertura por parte da mídia convencional nacional (jornais, revistas, televisão), contrastando com os encontros do MERCOSUL, por exemplo, que desde sua fundação é um órgão legal e oficial, e cujos encontros são amplamente divulgados. É, pois, espantoso, que na maior e mais importante cidade do país ocorra um evento que abrigava presidentes de vários países, delegações de países estrangeiros – como a chinesa e a russa que trouxeram uma grande quantidade de representantes de seus partidos comunistas -, e a imprensa não tome conhecimento nem dê qualquer cobertura ao ato.
Lula esteve presente e fez o discurso da abertura oficial (assistam aqui:http://youtu.be/PWgZMObH7HU) que foi transmitido ao vivo. Ele fez algumas reflexões que merecem atenção. Ficou provado, pelo entusiasmo demonstrado e pela entrevista de Rui Falcão dias antes, que as manifestações que aconteceram em várias cidades do país tinham sim o apoio, o respaldo e o conhecimento – embora ele negue isso – do PT e de outros partidos de esquerda. Ele disse que foi uma surpresa, tanto para a direita quanto para a esquerda, mas traiu-se quando afirmou que as petições das ruas eram as mesmas feitas pelo PT e PCdoB há anos, acrescentando que “havia fascistas e neo-nazistas” infiltrados no meio dos legítimos representantes. Ora, todos sabemos que por “fascistas” eles querem dizer direitistas e/ou conservadores!
Digno de nota, também, foi sua afirmação no início do discurso de que participou de todos os encontros do Foro, inclusive da criação, estando ausente apenas no do ano passado, em Caracas, quando enviou uma mensagem gravada. Mesmo assim, levou 15 anos desmentindo e ameaçando aqueles que denunciavam a existência desta organização que abriga não apenas partidos legais, mas também grupos terroristas como as FARC, o ELN, e outros menos conhecidos.
Uma frase dita por Lula merece destaque, sobretudo como reflexão para os brasileiros que não querem ver o país sob um regime socialista e que prezam a liberdade e a democracia. Disse ele:
“Temos que ter a consciência de que, pelo fato da esquerda estar enfraquecida na maioria dos países do mundo, a América Latina pode, nesse momento, ser o farol da nova esquerda que nós precisamos criar no mundo”. Quer dizer, o domínio atual do socialismo-comunismo no continente ainda não é o suficiente: ele quer mais, quer ser o farol para Europa, Ásia, África e Estados Unidos daquilo que eles conseguiram, com o apoio e seguindo as palavras de Fidel Castro, restaurar no continente Ibero-Americano e caribenho.
No site apresentaram a lista de partidos e organizações participantes do Encontro por ordem alfabética mas, como era de se esperar, apenas aqueles que existem oficialmente. Anunciaram 90 deles, mas fazendo a contagem na publicação, as contas não fechavam. Evidentemente as FARC estiveram presentes, até porque o tema do tal “acordo de paz” realizado em Havana foi um dos temas deliberados do evento. Porém, não se viu seu nome na lista. Outro dado interessante foi a isenção da cobrança da inscrição, que era de US$ 100 por pessoa ou US$ 500 por partido/organização, afirmando que “os anfitriões”, ou seja, o PT e a Comissão Executiva do Foro, assumiram as despesas de todos, para que pudesse haver maior participação.
E então voltamos ao X da questão: de onde vem o dinheiro para bancar todas essas despesas, e mais as que Pomar fará em seu giro ao redor do mundo no ano de 2014? Já sabemos, e há provas, de que George Soros é um dos financiadores desta organização, mas ele não deve estar sozinho nessa empreitada. Antes Chávez arcava com uma parte das despesas usando os petro-dólares do povo venezuelano e as FARC, muito provavelmente, também entram com outra parte, até porque são membros fundadores com direito a voz, voto e sugestão de pauta. Vale salientar que a proposta do PT sobre a “democratização da mídia” difere pouquíssimo da apresentada pelas FARC e que, “coincidentemente”, foi divulgada no mesmo momento em que ocorria o Encontro em São Paulo.
Não podemos fechar os olhos também para diversas resoluções dos encontros, tais como: a aprovação da lei do aborto – que foi celebrada com júbilo na Oficina de Mulheres do Foro -, a interferência nas próximas eleições – com seus candidatos próprios -, o apoio a pleitos ligados à liberação das drogas e à agenda LGBT e a condenação ao “embargo norte-americano” a Cuba.
E para encerrar, confirmando o caráter secreto das deliberações do FSP, Pomar escreve em seu blog o Plano de Ação debatido e aprovado nesse encontro, com uma ressalva: “Não se inclui, portanto, as ações que devem ser executadas pelas organizações-membros. É assim que esse “farol” ilumina o submundo do crime.

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