terça-feira, 3 de setembro de 2013

Mais Médicos: metade das cidades de SP tem faltas ou desistências no 1º dia




Nas justificativas, teve quem passou em concurso ou preferiu seguir clinicando no particular
02 de setembro de 2013 | 22h 48


Adriana Ferraz, Bruno Deiro, Lígia Formenti, Victor Vieira e Ricardo Brandt - O Estado de S.Paulo


A estreia do Mais Médicos foi adiada em várias partes do País por causa da falta de profissionais. Embora o cronograma oficial estabelecesse esta segunda-feira como o dia em que 1.096 bolsistas deveriam se apresentar para o início das atividades, em várias regiões eles não apareceram. Pelo menos metade das cidades paulistas selecionadas registrou desistências ou faltas. As baixas foram em 12 das 22 cidades que aguardavam brasileiros.

Veja também:
Mais Médicos: 2 dos 5 profissionais que iriam para Campinas desistiram
No 1º dia do Mais Médicos, profissionais são recebidos com festa em Fortaleza
Brasileiros em 454 cidades dão início ao Mais Médicos


Nilton Fukuda/AE
Pacientes aguardam atendimento no Posto da UBS Batistini, em São Bernardo



A lista inclui, por exemplo, Campinas, no interior; Guarujá, no litoral; e Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo, além da capital. O Ministério da Saúde não tinha nesta segunda-feira estimativa das ausências pelo País. O governo fixou um dia para apresentação, mas destacou que o início das atividades ficaria a critério de cada prefeitura. Em Brasília, por exemplo, os médicos terão dois dias de treinamento.

A primeira chamada incluiu só os brasileiros. Os estrangeiros passam por curso específico e são esperados no dia 16. A maioria dos desistentes alegou motivo pessoal. Teve quem passou em concurso público, quem preferiu seguir clinicando de forma particular e ainda quem não obteve autorização do Exército para mudar de cidade.

Os faltantes desta segunda-feira terão de se explicar ao gestor municipal responsável. E ainda deverão negociar a compensação dos dias não trabalhados. Nos postos, terão de apresentar documentos pessoais, diploma, registro profissional e termo de adesão assinado.

O Ministério da Saúde informou que os profissionais têm até o dia 12 para garantir o emprego, que paga salário mensal de R$ 10 mil, além de auxílios moradia e alimentação - a cargo das prefeituras. O governo não quis comentar um possível boicote da classe médica. Já as prefeituras negociam datas diretamente com os selecionados, a fim de não perdê-los.

Dos municípios do Estado contemplados nessa primeira fase, 6 tinham previsão de receber apenas brasileiros. Da lista, Santa Barbara d’Oeste já foi comunicada oficialmente que o médico que atenderia na cidade desistiu. Santo André e Ribeirão Pires ainda esperam pela chegada de profissionais.

Em Campinas, dos cinco médicos que se apresentariam nesta segunda-feira, dois desistiram em cima da hora. Um deles avisou no domingo que não aceitaria a vaga porque pretendia trabalhar na sua área de especialização, que é psiquiatria. O outro não informou o motivo. Os contratados vão atuar no atendimento básico, como generalistas.

"Neste ano já fizemos um concurso e dois chamamentos públicos. A carência é uma realidade na rede", disse o secretário municipal de Saúde, Carmino de Souza, que montou um curso de dois dias para os médicos conhecerem o sistema.

Atendimento. Seja pela necessidade de capacitação ou pela exigência de documentos, a maioria dos médicos que se apresentou nesta segunda-feira não iniciou o atendimento. Em São Bernardo, no ABC, os usuários da Unidade Básica de Saúde (UBS) Batistini aguardam otimistas pelo trabalho da nova médica, Kátia Regina Marquinis, de 39 anos. "As consultas aqui são demoradas e, às vezes, falta orientação enquanto esperamos", disse Francisca Lopes, de 42 anos.

Kátia deve começar a clinicar ainda nesta semana. Itatiba e Arujá são exceções à lista. Em ambas as cidades, médicos pagos pelo governo federal já atenderam a população nesta segunda-feira.

Parte dos profissionais vai compor equipes de saúde da família existentes, mas inoperantes. É o caso de Carapicuíba, na Grande São Paulo. A UBS do Jardim Capriotti, por exemplo, foi inaugurada há quatro meses, mas não recebeu médico. Nesta segunda-feira, porém, somente um dos quatro brasileiros esperados se apresentou. Na capital, a proporção é inversa: apenas um dos seis selecionados não manifestou interesse pela vaga.

Mais chamadas. O baixo índice de comparecimento indica que o governo terá de fazer várias chamadas para completar a demanda dos municípios. Na primeira fase do programa, 3.511 cidades se inscreveram, solicitando o envio de 15.460 profissionais.

Além dos médicos brasileiros, que, por reação das entidades de classe passaram a ter prioridade, 282 estrangeiros se inscreveram. Há também outros 4 mil médicos cubanos, recrutados em um convênio firmado duas semanas atrás entre a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e o governo brasileiro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário