segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Advogado de Roberto Jefferson afirma que Lula ordenou mensalão




DE BRASÍLIA
DE SÃO PAULO
Atualizado às 16h56.
A defesa do delator do mensalão, o ex-deputado Roberto Jefferson, afirmou nesta segunda-feira (13) no STF (Supremo Tribunal Federal) que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ordenou a compra de apoio para compor sua base aliada no Congresso.
"O presidente não é só safo, ele é doutor honoris causa em universidades internacionais. Mas é um pateta? Tudo isso aconteceu sobre suas barbas e nada. Não só sabia como ordenou tudo isso", afirmou o advogado Luiz Corrêa Barbosa.
Ele pediu que os ministros autorizem diligências para investigar e denunciar Lula. O advogado apresentou a defesa de Jefferson no oitavo dia de julgamento do caso no Supremo. A previsão é que esta fase termine na quarta-feira, quando, enfim, os ministros começarão a votar.
A justificativa da defesa de Jefferson para investigar Lula é que os empréstimos do BMG e do Banco Rural ao PT, que teriam irrigado o mensalão, estão ligadas a um decreto de Lula que permitiu os bancos privados a concederem crédito consignado.
"É evidente a coligação, o entrelaçamento entre esses atos", disse o advogado.
Criticando o Ministério Público Federal por ter deixado Lula de fora da denúncia, o advogado afirmou que os ex-ministros denunciados José Dirceu, Anderson Adauto, Luiz Gushiken "eram executivos" a mando de Lula.
Ele disse que Lula "traiu a confiança do povo", e acusou o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, de ter sido omisso ao não denunciar Lula e acusou a Procuradoria de ser uma "caixa-preta". "Ele [o procurador] não fez seu trabalho, ele se omitiu."
"Pela prova produzida [pelo Ministério Público Federal], vai gerar um festival de absolvições, o mandante está fora", disse. "A prova não permite condenações. Digam ao povo que isso foi coisa do procurador-geral que se recusa a fazer seu trabalho."
"É claro que Vossa Excelência [o procurador-geral] não poderia afirmar que o presidente da República fosse um pateta. Que sob suas barbas isto estivesse acontecendo e que ele não sabia de nada", afirmou.

O julgamento do mensalão - 3ª semana

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André Borges - 13.ago.12/Folhapress
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O advogado Luiz Francisco Corrêa Barbosa, que defende o ex-deputado Roberto Jefferson, durante o julgamento do mensalão
AVISO
Barbosa afirmou que, em uma reunião antes de o escândalo vir à tona, Jefferson alertou Lula sobre o mensalão e o ex-presidente, segundo ele, chegou a lacrimejar.
"Lula não só sabia, como ordenou o desencadeamento de tudo isso que ação penal discutiu. Ele ordenou, os ministros eram executivos dele. Deixaram o patrão fora. Deixaram não, o procurador-geral deixou. Sua Excelência é quem tem que explicar porque fez isso", afirmou. Segundo a defesa, Jefferson foi denunciado "para ser silenciado".
Barbosa diz que Jefferson avisou Lula no início de 2003, mas que nada foi feito. A acusação contra o ex-deputado é de receber R$ 500 mil para pagar dívidas de campanha e R$ 4 milhões numa negociação em que vendeu o apoio do PTB para o PT. O acordo previa o recebimento de R$ 20 milhões, mas o valor total nunca teria sido pago.
Jefferson foi cassado pela Câmara em 2005. Atualmente, ele é presidente do PTB, partido que apoia o governo Dilma Rousseff no Congresso.
IMPOSSIBILIDADE
Barbosa questionou a legitimidade do Supremo julgar o crime de corrupção passiva de um deputado federal, como a que responde Jefferson, pela suposta venda de apoio no Congresso.
O advogado levantou a questão de que haja uma "impossibilidade jurídica" para a corte julgar o caso, já que Jefferson era deputado na época do susposto crime. Como a denúncia se refere a crime cometido no exercício da atividade parlamentar, só quem poderia julgá-lo seriam seus pares, ou seja, os outros deputados.
Jefferson foi cassado por quebra de decoro parlamentar em setembro de 2005., por denunciar o esquema do mensalão sem apresentar provas.

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