Sentença de Gu Kailai por assassinato de britânico poderá ser transformada em prisão perpétua em caso de bom comportamento
20 de agosto de 2012 | 3h 01
Cláudia Trevisan, correspondente em Pequim - O Estado de S.Paulo
Texto atualizado às 07h58
PEQUIM - Gu Kailai, mulher do ex-líder comunista Bo Xilai, foi condenada ontem à pena de morte suspensa pelo assassinato do britânico Neil Heywood, ao fim do julgamento de maior voltagem política da China em três décadas. A punição pode ser comutada para prisão perpétua em caso de bom comportamento no período de dois anos.
PEQUIM - Gu Kailai, mulher do ex-líder comunista Bo Xilai, foi condenada ontem à pena de morte suspensa pelo assassinato do britânico Neil Heywood, ao fim do julgamento de maior voltagem política da China em três décadas. A punição pode ser comutada para prisão perpétua em caso de bom comportamento no período de dois anos.
Reuters
Julgamento ignorou suspeitas de corrupção
Veja também:Mulher de líder chinês atribui crime a 'colapso'
Imprensa chinesa diz que mulher de ex-líder político confessou assassinato
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Candidato a ocupar uma das nove cadeiras do órgão máximo de comando da China até cair em desgraça em março, Bo Xilai foi o grande ausente de todo o caso, no qual seu nome não foi mencionado nenhum vez.
Imprensa chinesa diz que mulher de ex-líder político confessou assassinato
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Candidato a ocupar uma das nove cadeiras do órgão máximo de comando da China até cair em desgraça em março, Bo Xilai foi o grande ausente de todo o caso, no qual seu nome não foi mencionado nenhum vez.
O julgamento também ignorou suspeitas de corrupção, a natureza dos laços econômicos da família com Heywood e os privilégios que cercam os dirigentes do Partido Comunista.
Muitos avaliam com ceticismo a narrativa oficial das razões pelas quais Gu teria decidido envenenar o britânico em um quarto de hotel de Chongqing, a megacidade de 30 milhões de pessoas que era governada por seu marido.
O ponto mais frágil da versão costurada por Pequim é o que sustenta que Gu matou Heywood depois de ele ameaçar a segurança de seu único filho, Bo Guagua, de 24 anos, com quem o britânico teria desavenças em torno de "interesses econômicos". Segundo essa versão, a vítima do homicídio teria detido Guagua de maneira ilegal na Grã-Bretanha para chantagear sua família. Mas na época em que o homicídio ocorreu, o filho de Gu Kailai já havia deixado a Grã-Bretanha e estudava na Kennedy School of Government da Universidade Harvard, nos EUA.
"O fato de que Heywood estava disposto a encontrar Gu em pessoa e tomar chá e álcool com ela indica que Heywood não estava a ponto de matar o filho dela", escreveu na semana passada a jornalista Hu Shuli, editora da revista financeira Caixin, considerada a publicação mais independente. Em sua avaliação, o retrato de uma mãe sacrificando-se pelo filho não é convincente. O britânico vivia em Pequim com a mulher chinesa e os dois filhos do casal.
Quando o crime veio à tona, três meses depois de ser cometido, a especulação mais frequente era a de que Gu e Heywood tinham desavenças em relação à comissão cobrada pelo britânico para enviar ao exterior recursos obtidos de maneira ilegal pela família chinesa. Heywood conhecia o casal desde os anos 90, quando Bo Xilai era prefeito de Dalian, capital da Província de Liaoning.
A informação de que Heywood havia sido assassinado só apareceu em fevereiro, quando o ex-braço direito de Bo Xilai, Wang Lijun, se refugiou no Consulado dos EUA em Chengdu, capital da Província de Sichuan. Wang havia sido afastado alguns dias antes da chefia da Segurança Pública da cidade e temia ser assassinado a mando de Bo, com quem teria discutido em torno da suspeita de que Gu era responsável pela morte de Heywood.
Até então, a versão oficial era a de que o britânico havia morrido vítima do consumo excessivo de álcool, apesar de amigos sustentarem que ele era abstêmio. Wang Lijun havia comandado a campanha de combate ao crime organizado em Chongqing.
O cúmplice de Gu, Zhang Xiaojun, recebeu pena de nove anos de prisão.
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