terça-feira, 9 de julho de 2013

Como os micróbios promovem o câncer de fígado em pessoas obesas

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A obesidade em si não parece causar tumores, mas é possível que ela os propicie (Reprodução/Corbis)
Cânceres e o microbioma


Bactérias presentes no microbioma de pessoas obesas produzem moléculas inflamatórias que propiciam a formação de cânceres, revela pesquisa

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A obesidade gera problemas – sobretudo doenças cardíacas, diabetes e câncer. Não é difícil compreender a sua conexão com doenças cardíacas e diabetes: gordura em excesso obstrui as artérias e atrapalha o metabolismo. A sua ligação com o câncer é menos intuitiva. Shin Yoshimoto, da Fundação Japonesa para a Pesquisa do Câncer, em Tóquio, e seus colegas suspeitam que isso se deve ao menos em parte ao fato de que os pesquisadores têm procurado por esse elo no lugar errado. A maioria dos trabalhos da área se concentram nas células do corpo humano. Mas Yoshimoto acredita que os pesquisadores deveriam dedicar pelo menos a mesma atenção às células do microbioma, a coleção de 100 trilhões de bactérias que vivem no sistema digestivo.
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Em sua maior parte o microbioma é benéfico. Ele ajuda na digestão e permite que as pessoas extraiam muito mais calorias dos alimentos do que seria possível sem o seu auxílio. Pesquisas dos últimos anos, no entanto, relacionaram o microbioma a doenças que vão da arteriosclerose e asma ao autismo. Yoshimoto e seus colegas gostariam de acrescentar o câncer de fígado à lista.
O estudo deles que traz esse argumento foi publicado na última edição do periódico Nature, e consiste em uma cuidadosa análise passo a passo da questão. Eles partem da constatação de que animais gordos (inclusive humanos) têm diferentes bactérias intestinais quando comparados a animais saudáveis e que algumas bactérias produzem moléculas inflamatórias como parte de seu metabolismo; e é essa inflamação propicia a formação de cânceres.
Eles começaram seus experimentos alimentando ratos de laboratório com uma dieta rica em gordura a fim de torná-los obesos. Tais ratos, eles verificaram, não têm mais chances de desenvolver câncer que aqueles alimentados com uma dieta de baixas calorias. A obesidade em si, portanto, não parece causar tumores, mas é possível que ela os propicie.
O próximo experimento dos pesquisadores, portanto, administrava uma substância cancerígena que dispara a formação de tumores pelo corpo. Em seguida um grupo de ratos foi alimentado com uma dieta comum enquanto a outro foi dada uma dieta com alto teor de gordura. Após 30 semanas, apenas 5% do grupo magro havia desenvolvido tumores, não no fígado, mas nos pulmões. No grupo obeso todos os animais desenvolveram câncer de fígado.


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