terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

História Universal da Infâmia : O Pai da Pátria, Renan Calheiros



                                           Renan Calheiros
É um escárnio, mas estamos acostumados. O notório ladrão Renan Calheiros vai ser, outra vez, presidente do Senado Federal, enquanto em qualquer país civilizado estaria numa penitenciária. O que mais se pode dizer a esse respeito ? Eu  não consigo escrever nem uma linha sem a sensação de estar perdendo tempo. Por outro lado, Dora Kramer, Merval, e outros importantes formadores de opinião, precisam fazê-lo, todos os dias, porque ganham a vida assim. Sinto pena deles, mesmo que já estejam anestesiados. Seria interessante alguém publicar um livro sobre a psique dos articulistas que carregam a cruz de chafurdar na lama do chiqueiro durante a maior parte de suas existências.
Vejam as palavras que Dora usou, uma atrás da outra,  para descrever a conduta dos infames deputados e senadores que apoiam a candidatura do bandido: ” covardia, descaso, desrespeito, petulância, malícia, zombaria, cinismo, desprovimento completo de espírito público….”  Coitada. Pelo visto, neste específico dia foi tocada pelo desânimo. Faz a crônica política de um país onde o povo perdeu completamente a auto-estima e encontra-se  em estado de desmoralização crescente, aceitando as ofensas mais brutais sem esboçar reação. Um povo identificado com os ladrões que se revezam no poder. É muito impressionante, embora não seja raro. De fato é o comportamento padrão em países atrasados. Nem sempre foi assim, mas é o que temos agora.
Ótimos jornalistas, como  Reinaldo Azevedo e Augusto Nunes, publicam em seus blogs uma quantidade enorme de informações para mostrar, em detalhes, o tamanho da desonestidade dos protagonistas da vida pública nacional. De certa maneira isto vai se tornando uma distração para seus leitores, com o risco de tornar-se um círculo viciado: Recebem a notícia pela mídia; ficam indignados; abrem o blog aonde podem ler a crítica contundente recheada de altas doses de ironia e sarcasmo; sentem-se aliviados e complementam sua catarse com os solidários e agressivos comentários que acompanham o texto. No outro dia novos escândalos, (ou seus desdobramentos),  fazem com que os leitores recorram novamente ao blog, e assim por diante. O perigo é o distanciamento da realidade. A linguagem forte a que ficam acostumados não é a da imprensa convencional, e  portanto não tem o poder que imaginam.
Mesmo os jornais e a televisão - que podem derrubar um ministro, ou mesmo o presidente da república - estão longe de conseguir imprimir um novo código de ética ao país. Isto só é possivel através de uma revolução, ou muitos anos de eleições, onde, invertendo o verso de  Yeats, **”os melhores estejam cheios de ardor apaixonado” .  
Dora Kramer colocou o título “Insensato Mundo” em seu artigo sobre Renan Calheiros. Dá para perceber que ela transcende o significado puramente ocasional, particular, de sua indignação. Atravessou a porta em direção a algo maior. Não sei se o “Mundo” é o Congresso, ou se refere ao ser humano Neste último caso, como garantir que não foi um ato falho de quem está cansada da vida de escrever e escrever, sempre a mesma cantilena ? 
O Estadão publicou ontem:  ”Suplicy protesta, mas diz que vai de Renan se ele não renunciar  e mais adiante : “…a bancada do PSDB evita confrontar o candidato peemedebista ao comando do Senado e parte dela até trabalha por sua vitória. Isso porque o PSDB quer manter o cargo de primeiro-secretário das Mesa Diretora, uma espécie de “prefeito” da Casa, responsável por um Orçamento de R$ 3,5 bilhões”  e hoje:   ”Renan dá cargos, consolida apoios e deve vencer no Senado com ampla vantagem”.    Vale a pena comentar ? Eu deveria escrever sobre o Eduardo Suplicy, um soberbo personagem de Macondo ? Deveria escrever sobre nossa Oposição ?

Vejam, clicando em cima do título :  O Período da Corrupção ;    Os colunistas políticos e a porcada   
*”Pai da Pátria” é o título honorífico do senador brasileiro – o nome vem do Senado Romano, que o bárbaro Alarico chamou de “Uma assembléia de reis”. Exatamente como o nosso Senado Federal.
** Os versos de Yeats em “A Segunda Vinda”  : “Aos melhores falta convicção, enquanto os piores estão cheios de ardor apaixonado” Os leitores podem ler todo o poema clicando em cima do título:O impressionante poema de Yeats “A Segunda Vinda
***  ”História Universal da Infâmia” é título de um livro do grande Jorge Luis Borges

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