quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Spy vs. Spy, Estados Unidos vs. Israel



spyvsspyIsraelenses espionando americanos está de volta ao noticiário: líderes do estado judeu acabaram de peticionar pela soltura de Jonathan Pollard e a Associated Press informou, com alarme, que as autoridades da segurança nacional dos Estados Unidos por vezes consideram Israel "uma ameaça genuína de contra-inteligência". O tom de indignação de tirar o fôlego indica: Como ousam! Quem pensam que são?
Mas espionar aliados é a norma e é uma via de mão dupla. Antes de ficarem tão possessos, os americanos deveriam entender que Washington não é isento. De Reagan a Obama, o governo dos Estados Unidos tem mantido um esforço enorme de espionagem contra Israel. Alguns exemplos:
  • Yosef Amit, ex-oficial da inteligência militar israelense, espionou para a CIA por vários anos, tendo como foco o movimento de tropas e política em relação ao Líbano e aos palestinos, até a sua detenção em 1986.
  • Itamar Rabinovich, embaixador de Israel em Washington de 1993 a 1996, revelou que durante a sua gestão, o governo dos Estados Unidos decifrou um código israelense: "Com certeza os americanos grampeavam as linhas telefônicas normais (da embaixada)" e até a linha segura. Como resultado, diz ele, "Qualquer telegrama "saboroso" corria o perigo de ser vazado. Enviamos pouquíssimos deles. Às vezes eu ia a Israel para entregar as informações oralmente".
  • Um misterioso submarino em águas territoriais israelenses a 11 milhas de Haifa em novembro de 2004, que fugiu ao ser descoberto, revelou ser dos Estados Unidos, trazendo à memória a missão secreta do USS Liberty em junho de 1967.
  • Yossi Melman, jornalista israelense especializado em inteligência, descobriu que adidos militares dos Estados Unidos em Tel Aviv reuniram informações secretas, autoridades israelenses revela ele, acreditam que os serviços de inteligência dos Estados Unidos têm realizado escutas em conversas entre o staff chave em Israel e as missões no exterior. A espionagem dos Estados Unidos, conclui ele, expôs "os mais profundos segredos da política de Israel".
  • Uma história oficial dos serviços de inteligência de Israel publicada em 2008 constatou que (conforme relatado pela Reuters) as agências de espionagem dos Estados Unidos usam a embaixada em Tel Aviv para realizar escutas eletrônicas e treinar a equipe da embaixada a "reunir inteligência de forma metódica".
  • Barak Ben-Zur, oficial reformado da inteligência do Shin Bet, escreve no mesmo volume que "os Estados Unidos estão atrás da capacidade não convencional de Israel e do que acontece nos altos escalões da tomada de decisões".
  • Um memorando secreto de 5.000 palavras datado de 31 de outubro de 2008 (divulgado pelo WikiLeaks), enviado em nome da Secretária de Estado Condoleezza Rice, cataloga tópicos sobre os quais o Estado quer informações. A extensa lista inclui inteligência sobre o "processo de tomada de decisão de Israel no que se refere ao lançamento de operações militares e a determinação de represálias em resposta a ataques terroristas", "evidências do envolvimento do governo de Israel" quanto ao "aumento de postos avançados e assentamentos" na Cisjordânia, detalhes sobre as operações das Forças de Defesa de Israel contra o Hamas, "incluindo assassinatos seletivos e táticas/técnicas usadas por unidades aéreas e terrestres" e tudo sobre tecnologias de informação usadas por "autoridades governamentais e militares, serviços de inteligência e segurança".
  • A Agência de Segurança Nacional emprega um grande número de funcionários fluentes no idioma hebraico em seu quartel general em Fort Meade, Md., onde realizam o monitoramento para interceptar as comunicações dos israelenses. Os problemas legais de 2009 criados por um membro da sua equipe,Shamai K. Leibowitz, concernentes ao vazamento de informações, revelaram que ele traduziu conversas do hebraico para o inglês na embaixada israelense em Washington, impecavelmente confirmando a revelação de Rabinovich.

Os observadores chegaram à óbvia conclusão: Yitzhak Rabin, duas vezes primeiro ministro comentou, parafraseando Caroline Glick, que "periodicamente Israel descobre mais um agente dos Estados Unidos espionando contra o estado". Um agente da contra-inteligência israelense observa que os americanos "tentam nos espionar o tempo todo - de todas as maneiras possíveis". Matthew M. Aid, autor americano de Intel Wars (2012), acredita que Washington "começou a espionar Israel antes mesmo da sua criação formal em 1948 e que Israel sempre nos espionou".
Conforme indica a Aid, a espionagem é recíproca. E tem mais: faz parte da rotina, é sabido e implicitamente aceita por ambos. Também não é lá tão preocupante, visto que esses aliados têm muito em comum, de valores morais a inimigos ideológicos e frequentemente trabalham em conjunto. Logo, a espionagem mútua não acarreta consequências maiores.
Sendo assim, então por que espionar? Por que não convidar Israel a participar do grupo anglófono "five eyes"que promete não espionar um ao outro? Porque Israel está em guerra. Como Ben-Zur do Shin Bet coloca, "no final das contas, os Estados Unidos não querem ser surpreendidos. Nem por nós". Nem, muito menos, os israelenses. Nem pelos americanos".
Portanto, sejamos adultos quanto a isso e nos acalmemos. Países fazem espionagem, mesmo contra os aliados. Não tem nada demais.

Publicado na National Review Online.

Original em inglês: Spy vs. Spy, America vs. Israel
Tradução: Joseph Skilnik


Nenhum comentário:

Postar um comentário