Entrevistado desta quarta-feira (17) do Tas ao Vivo, o ator Milhem Cortaz falou sobre o filme Tropa de Elite, no qual interpretou o corrupto capitão Fábio, mais conhecido como 02, e contou detalhes dos bastidores de gravações em 2007. Questionado a respeito da famosa cena em que ele e outros atores comiam alimento diretamente do chão, ele disse: "na cena em si não teve tanto problema, porque aquela comida estava limpinha. Mas o problema foi a preparação. Primeiro eu me recusei a fazer, porque eu sou bem fresco com comida. O treinamento rolava na selva, com alguns caras do BOPE e depois de um dia inteiro gravando lá, chegou um momento em que mandaram a gente entrar no esgoto, com água suja até o pescoço e caramujos e cocôs boiando do nosso lado. Entramos e cada um deveria retirar o boné da cabeça e recebia um punhado de comida, que era um monte de alimento misturado e tinha que engolir. Eu me recusei a fazer", contou.
"Mas depois de tanta encheção, teve um momento da preparação em que não tive escapatória. Lembro que jogaram a comida assim no chão e tinha um monte de gente em volta. Um bando de ator doido para se provar, para se testar mesmo. Eu fui o primeiro, mas não consegui. Vomitei ao lado da comida e os atores acabaram indo em cima", completou.
Para Milhem, apesar do ocorrido, o treinamento deu muito certo. "A nossa preparadora de atores era a Fátima Toledo. Muita gente questiona os métodos usados, inclusive cita casos de tapa na cara, mas não acho que essas situações têm que ser vistas do ponto de vista da violência, pelo contrário. A gente não cria arte quando está acomodado. O preparador de ator existe hoje para tirar o cara do lugar comum".
Ainda sobre o personagem, ele falou que tem muito orgulho do trabalho. "Eu acho que me identifico com a maioria dos meus personagens, mas o 02 é meu Macunaíma. É um cara que forçam tanto que uma hora ele vira mau. Mas na real, ele é um cara de índole boa, que transita bem por todos os lados".
Tropa de Elite é famoso também por um bordão, "pede pra sair", e até hoje Milhem Cortaz escuta a tal frase ao andar pelas ruas. "Não me enche o saco, mas não é todo dia que a gente tá bem, ué. Tem dias em que estou de mau humor e o cara quer falar e eu respondo xingando. Do tipo: 'nem entrei ainda'", contou, aos risos. "Mas, geralmente, eu sou bastante simpático", continuou.
Sem pudores, ele também falou abertamente de seu envolvimento com drogas e como se livrou delas. "Eu digo que me encontrei com Deus. Nunca mais cherei, nunca mais me envolvi com nada. Sou um católico fervoroso, gosto da umbanda, gosto do candomblé. A arte também me ligou muito ao ritual e atualmente estou indo muito para o lado do budismo, porque é algo muito de você com você mesmo". E, com os olhos marejados, agradeceu à família por estar "limpo": "tudo o que eu tenho na vida é meu pai, minha mãe e minha família".
Na última parte do programa, o apresentador Marcelo Tas fez uma brincadeira em que Milhem deveria olhar fotos de algumas pessoas previamente escolhidas e dizer ou não o bordão "pede pra sair". Quando viu a foto de Anderson Silva, ele comentou sobre o recente nocaute sofrido pelo brasileiro na luta contra Chris Weidman: "vi a luta. Eu não peço para sair não, acho este cara um exemplo. Eu acho que ele já sabia que ia perder, mas acho que não esperava ser nocauteado. Acho também que a gente nunca vai saber o que aconteceu. Vai ser como o Ronaldo na final da Copa do Mundo de 1998 contra a França".
Em seguida, foi a vez de Eike Batista: "acho um egocentrista, capitalista. Eu acho que o problema do Brasil é que algumas pessoas têm muito poder. Uns filhos dele fazem b... e o cara encobre, não faz sentido pra mim. Eu peço para ele sair sim". E, por último, falou sobre a atriz Marina Ruy Barbosa e a polêmica sobre não raspar os cabelos para dar vida à personagem Nicole, que sofre de câncer terminal na novela Amor à Vida: "pede pra sair. Eu acho que quando a gente entra em um trabalho, tem que ser de corpo e alma. Tem que se entregar. Não conheço ela, mas acho isso".
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